lucca 23/10/2023
"Stop.
A vida parou
ou foi o automóvel?"
Citações:
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[...]
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
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Eu também já fui brasileiro
moreno como vocês.
Ponteei viola, guiei forde
e aprendi na mesa dos bares
que o nacionalismo é uma virtude.
Mas há uma hora em que os bares se fecham
e todas as virtudes se negam.
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E o amor sempre nessa toada:
briga perdoa perdoa briga.
Não se deve xingar a vida,
a gente vive, depois esquece.
Só o amor volta para brigar,
para perdoar,
amor cachorro bandido trem.
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[...]
Como era mesmo a ?Canção do Exílio??
Eu tão esquecido de minha terra?
Ai terra que tem palmeiras
onde canta o sabiá!
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É preciso fazer um poema sobre a Bahia?
Mas eu nunca fui lá.
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A noite caiu na minh?alma,
fiquei triste sem querer.
Uma sombra veio vindo,
veio vindo, me abraçou.
Era a sombra de meu bem
que morreu há tanto tempo.
Me abraçou com tanto amor
me apertou com tanto fogo
me beijou, me consolou.
Depois riu devagarinho,
me disse adeus com a cabeça
e saiu. Fechou a porta.
Ouvi seus passos na escada.
Depois mais nada?
acabou.
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Ponho-me a escrever teu nome
com letras de macarrão.
No prato, a sopa esfria, cheia de escamas
e debruçados na mesa todos contemplam
esse romântico trabalho.
Desgraçadamente falta uma letra,
uma letra somente
para acabar teu nome!
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[...]
O padre que fala do inferno
sem nunca ter ido lá.
[...]
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Nenhum desejo neste domingo
nenhum problema nesta vida
o mundo parou de repente
os homens ficaram calados
domingo sem fim nem começo.
A mão que escreve este poema
não sabe que está escrevendo
mas é possível que se soubesse
nem ligasse.
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Certo me tornaria
brinquedo nas suas mãos.
Apanharia, sorriria
mas acabado o jogo
não seria mais joguete,
seria eu mesmo.
E ela ficaria espantada
de ver um homem esperto.
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O poeta entra no elevador
o poeta sobe
o poeta fecha-se no quarto.
O poeta está melancólico.
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A rua acabou, quede as árvores? a cidade sou eu
a cidade sou eu
sou eu a cidade
meu amor.
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Gastei uma hora pensando um verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira.
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A vaia amarela dos papagaios
rompe o silêncio da despedida.
? Se eu tivesse cinco mil pernas
(diz ele) fugia com todas elas.
[...]
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Era uma vez um czar naturalista
que caçava homens.
Quando lhe disseram que também se caçam borboletas e andorinhas,
ficou muito espantado
e achou uma barbaridade.
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Stop.
A vida parou
ou foi o automóvel?
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Quero me casar
na noite na rua
no mar ou no céu
quero me casar.
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Há dias em que ando na rua de olhos baixos
para que ninguém desconfie, ninguém perceba
que passei a noite inteira chorando.
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