theus33 27/08/2023
? ? aquele com a pedra no meio do caminho;;
Durante boa parte da leitura de ?Alguma Poesia? me perguntei como faria minha resenha dessa obra. Afinal, como eu poderia, com tão pouco conhecimento, fazer qualquer crítica à um dos maiores poetas e cronistas brasileiro?
?Alguma Poesia? é meu primeiro contato com Drummond fora de questões de vestibular e de frases de internet. E, bom, devo dizer que fiquei bastante surpreendido. Depois de pesquisar bastante sobre o contexto do livro, sobre o cenário em que é escrito e a relação de Drummond com os modernistas, consegui apreciar sua poesia de uma forma bastante aconchegante.
Não, isso não quer dizer que foi uma leitura fácil. Algumas pessoas se enganam pelo fato de Drummond ter uma escrita simples e acessível, composta por versos brancos, e acham que tudo que foi redigido é de fácil interpretação. Muito pelo contrário, por trás dos poemas-minuto e dos versos simples, há sempre grandes mensagens que às vezes requerem ajuda de acessórios externos para serem compreendidas.
O poeta do cotidiano, do simples, traz nessa primeira obra diversos poemas escritos entre 1925 e 1930. Não há linearidade, não há tema central, Drummond escrevia sobre tudo. Claro que, algumas ideias conversam entre si, como vários poemas dedicados a Itabira, a cidade que ele gosta desgostando, a ideia de estar desconexo, colocado como um observador, uma certa dualidade, e também a proposta central do modernismo.
Dito isso, ?Alguma Poesia?, em suma, é carregado de um tom bem humorado, irônico. Nele, estão alguns dos poemas mais conhecidos do mestre, como ?Poema de Sete Faces?, que abre a obra, ?No meio do Caminho?, ?Outubro 1930?, ?Quadrilha?, ?Cota Zero?, enfim, uma grande coleção.
Tratando desde assuntos como a modernização do Brasil até o nacionalismo patriótico e passando pelo cotidiano em poemas como ?Cidadezinha Qualquer?, o livro é um prato cheio oferecido pela Fuvest, tão gostoso de ler que é quase como uma parada de cinco minutos pra relaxar entre leituras bastante densas como a de Graciliano Ramos. Com certeza, lerei mais do Drummond adiante.