Thay Freitas 02/11/2018
O livro é dividido em capítulos que intercalam entre passado – 1939 e anos posteriores e presente, 2014.
No passado, temos uma narrativa em primeira pessoa sob o ponto de vista de Hannah Rosenthal, que é uma criança de 11 anos, vive em Berlim e desde muito cedo conheceu o sofrimento, crueldade e as limitações de uma Alemanha nazista, comandada por Adolf Hitler - responsável por uma guerra prestes a ser declarada. Em 1939 Hannah conheceu a consequência daquele horror de perto!
Cercada de privilégios por ser filha de professor e de uma mulher bem vista da alta sociedade, tinham uma vida confortável num prédio residencial onde seus pais eram donos. Sua infância fora saudável e harmoniosa na companhia do seu melhor amigo, Léo Martin, que era sua companhia inseparável de brincadeiras, desabafos e aventuras. Mas tudo começa a desmoronar quando Berlim é invadida por nazistas e uma grande caça aos judeus é declarada. Como eram descendentes dessa raça e ainda em meio a todos os conflitos de uma perseguição que fora iniciada sem piedade, seus pais, que antes eram vistos com bons olhos, se veem sem muitas escolhas e obrigados a deixar as pressas o lugar que sempre viveram, deixando para trás tudo que suaram para construir e conquistar.
De antemão Hannah não entende porque precisam deixar o lugar que até então era o seu lar e não entende porque agora são tão desprezados até pelos moradores do seu prédio, que os insultam e os chamam de “impuros”. Ela não entende porque passaram a ser tão desvalorizados, mas começa a entender que Berlim já não os pertence mais e que precisam fugir para tentar sobreviver.
Com a situação se agravando a cada dia, Max, seu pai, com muito esforço e gastando todas as suas economias de anos, luta para conseguir passagens e vistos para que eles possam se juntar a outras centenas de refugiados que se preparam para partir para Cuba. Hannah tem todas essas informações através de Léo, que mesmo com tão pouca idade, é um garoto inteligente, inquieto e observador. Ouve com muita astúcia a conversa dos adultos e consegue os manter informados de coisas que seus pais preferem não dividir. E assim, todos passam a ter seus vistos e passagens para embarcar no St. Louis, o maior transatlântico da história, rumo à libertação.
A partida veio com todas as incertezas. Ali estavam centenas de famílias que adentravam o mar europeu em busca de sobrevivência, indo para um país onde não faziam a menor ideia se seria fácil se adaptar ou das surpresas que poderiam encontrar por lá. Mas diante de todas as adversidades, eles sabiam, naquele momento, que a única coisa que importava era sobreviver.
Pareciam estar vivendo um sonho, a esperança vivia em cada um, a orquestra tocava, as crianças animadas, corriam pelo convés. A cada novo jantar no luxuoso salão, a expectativa se renovava. Mas como imprevistos acontecem, antes de chegar à Cuba e mesmo possuindo as autorizações de desembarque, as mensagens começavam a chegar e não traziam boas novas: Havia tido uma alteração no decreto invalidando a maioria das autorizações, impedindo assim que o navio atracasse. Somente os refugiados que possuíam as autorizações pelo Departamento de Cuba poderiam desembarcar. E isso foi suficiente para mudar a atmosfera do lugar, desestruturando centenas de famílias que possuíam o sonho de se salvar juntos. A sensação era de estar indo de encontro ao próprio calvário, numa enxurrada de despedidas que eles mal poderiam deduzir se seriam as últimas.
Hannah e sua família estavam entre essas famílias que seriam desfeitas e em meio a decisões entristecedoras, viram naquele navio, que antes parecia ser o seu ponto de salvação, o começo de um pesadelo. Naquele ano a pequena Hannah descobria, da forma mais cruel, que a vida não tem nada de mar de rosas.
Por outro lado, no presente, também narrado em primeira pessoa, o livro nos apresenta Anna Rosen, que antes do seu nascimento perdeu seu pai na tragédia de 11 de setembro em Nova York. Depois do ocorrido, sua mãe perdeu a vontade de viver e Anna enfrentava uma luta interior árdua de não deixar a mãe se abater ainda mais pela tristeza da ausência e tampouco deixar-se se contagiar também. Tudo muda quando elas recebem uma carta que uma tia-avó de Anna. E quando elas achavam que estavam sozinhas no mundo e que nunca conheceriam a história da família da menina, partem para Havana-Cuba, para conhecer Hannah, a senhora de 87 anos que tem muito a lhes contar, num encontro de duas gerações que lutam pela paz interior.
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