May Furlan 20/06/2011
Quando a fama se torna a própria ruína
Acusações de plágio, inúmeras comparações, odiado pelos fãs mais fervorosos de Harry Potter, defendido com ardor por outros e uma adaptação cinematográfica destinada ao esquecimento. Isso e muito mais fazem de “O Ladrão de Raios” um daqueles livros-bomba, na qual tanta manifestação pública gera uma tremenda expectativa em torno da história, uma vez que todos querem saber o motivo de tanta polêmica em torno de um simples punhado de folhas marcadas com tinta. Acho que o problema que tive com o livro foi exatamente esse, muito barulho para pouca coisa.
O primeiro contato que tive com a história de Percy foi no sofá da minha casa, enquanto assistia o filme no conforto da minha sala. Agradeci aos céus por não ter ido assistir no cinema, afinal, não gosto de desperdiçar dinheiro com filmes nada (aqueles que você assiste e na meia-hora seguinte nem se lembra direito do que viu). Não vou comentar sobre o filme, deixarei de lado a fraca adaptação e o fato do garoto que interpretava Percy parecer ter 15 anos e não 12 como o personagem do livro, afinal o objetivo é avaliar o livro. Comentei minha experiência com as minhas fontes e estas me garantiram que, como sempre, o livro era infinitamente melhor que o filme, o que me encorajou a comprar o livro na primeira oportunidade que tivesse.
Assim que tive o dito cujo em minhas mãos comecei a leitura. Logo no início me aproximei do livro, gostei muito dos nomes dos capítulos, todos com um toque de humor simpático. A apresentação do protagonista também é muito boa, acabei me apegando ao Percy do início. Outros personagens foram aparecendo, alguns bem densos, outros nem tanto. A ação foi acontecendo, a história se desenrolando, e quando dei por mim o livro já tinha acabado. Rápido demais, superficial demais, essa foi a minha sensação.
Achei a narrativa muito simples, se apega em alguns pontos desnecessários e deixa pincelado momentos que mereciam uma maior atenção. “O Ladrão de Raios” é um daqueles livros que em nenhum momento ficam ruins, mas também nunca chegam a empolgar realmente o leitor. Pode-se dizer que não é um livro marcante. Pelo tema abordado e por todo o barulho que estavam fazendo por causa do livro eu, sinceramente, esperava mais.
Com relação as acusações de plágio, realmente há algumas semelhanças que pesam bastante, mas nada que tire o mérito de Riordan. O autor conseguiu criar um mundo onde a existência de deuses e semi-deuses é completamente plausível assim como Rowling conseguiu criar um mundo onde a existência de bruxos e escolas de bruxarias é aceitável. Mas, particularmente, a autora de Harry Potter supera, e muito, “O Ladrão de Raios”, uma vez que até hoje espero minha carta de admissão em Hogwarts (não aceito ser uma trouxa), mas não espero ser filha de deus (estou contente com a minha atual paternidade).
Ainda não li os outros livros da série. Sim, pretendo terminar de ler, mas não estou ansiosa para isso. “Percy Jackson e os Olimpianos” me parece uma série bem light, daquelas que você começa a ler sem compromisso e no final do livro continua sem compromisso. É uma boa distração para os domingos tediosos, quando não se tem um livro realmente bom como opção de leitura.