Amanda 04/09/2023Importante registroAssassinos da Lua das Flores, de David Grann, é um livro de jornalismo investigativo - basicamente um compilado de informações referentes aos crimes cometidos por volta da década de 20, nos Estados Unidos, no estado de Oklahoma, contra os indígenas osage.
Primeiramente, destaco que o trabalho de investigação do David Grann foi minucioso e merece todos os elogios, posto que esses crimes sofrem um grande apagamento histórico. Além das escassas provas, a investigação realizada à época provou-se não apenas frustrada pelas poucas evidências (e tecnologia forense disponível), mas também pela corrupção e preconceito arraigados na sociedade estadunidense.
Tais crimes ocorreram nas seguintes circunstâncias: após serem removidos na terra natal, os osage foram assentados em uma reserva no Oklahoma. O que aqueles políticos envolvidos na demarcação de terras não sabiam era que os osage estariam ocupando, então, uma mina de ouro negro: o petróleo. Especialmente antes da Crise de 1929, o barril de petróleo tinha um custo altíssimo, o que levou os simples osage, caçadores por tradição, a somas absurdas de dinheiro proveniente de concessões para perfuração e exploração desse recurso fóssil.
Estes novos magnatas do petróleo começaram a ser, desta vez, a caça. Muitos foram os brancos que se apropriaram, seja por casamento e herança, curatela ou ludibriação, dessas fortunas, exterminando os osage e assumindo montantes impensáveis de dólares. Hoje, segundo Grann, o território osage está "morto", revelando a enorme decadência a qual esses assassinatos relegaram aos indígenas. É nesse contexto, lá na década de 1920, que surge o FBI como conhecemos hoje: o Federal Bureau of Investigation. Então Grann vai tentar dar conta dessa história também.
Enquanto relato de fatos, o livro é excelente, mas não é incrível enquanto narrativa. A bem da verdade, a quantidade de informações, nomes, datas, citações, notas de rodapé, fontes de pesquisa etc. torna esta uma narrativa maçante. Inclusive, fiz a leitura pelo Kindle e não recomendo de forma alguma, pois é bem mais chato navegar por todas as informações desta forma.
Foi uma boa experiência com esse gênero, ao qual eu não estou muito habituada, mas senti em diversos momentos que o autor começou a divagar e embolou várias explicações e informações, uma dentro da outra, e não conseguiu reter minha atenção.
Recomendo a leitura pela importância de conhecer essa história da qual nunca ouvi falar e provavelmente nem mesmo os estadunidenses, em geral, conheçam.