La Oliphant 30/05/2018
Eu preciso dizer que estou um tanto quanto enjoada depois de ler esse livro. Apesar de ser uma história de amor poderosa, os personagens desse livro passam por sofrimentos inimagináveis e a escrita poderosa de Richman, fez com que eu conseguisse sentir na pele cada uma das dores que eles sentiram. Apesar de ser um romance, Um Amor Perdido é um enredo que fala muito sobre perdas e separações. Eu me emocionei com cada capítulo desse livro, ao mesmo tempo que sentir meu peito apertar ao mergulhar em tudo o que esses personagens viveram.
O enredo de Um Amor Perdido é divido de uma forma que eu achei bem interessante. Nós temos o Josef contando a sua história no presente, que seria o período “pós-guerra” e Lenka contando a sua história no período que ocorreu a segunda guerra mundial. Ambos possuem uma narrativa muito forte e rica em detalhes para te fazer mergulhar em tudo o que viveram durante os anos em que se viram obrigados a ficar separados um do outro.
“Fechei os olhos, Josef Kohn me tocando, suas mãos gentilmente mapeando as superfícies escondidas do meu corpo, a boca percorrendo minha pele nua.”
Richman escolheu uma história muito complexa de se contar. Seu enredo começa muito antes da guerra acontecer e, com isso, nós conhecemos e nos apegamos a Lenka e sua família. Quando ela finalmente vai para a universidade, acompanhamos uma jovem adulta se apaixonando pela primeira vez, fazendo novos amigos e experimentando coisas novas até que… tudo mudou. Neste ponto do livro, você já está completamente imerso no amor dos personagens principais, Josef e Lenka, e quando tudo começa a ficar complicado, é quase impossível que você não sofra junto com eles.
A escrita de Richman é muito visual. Não teve si quer um único capítulo que eu não consegui visualizar o ambiente onde os personagens estavam, ou sentir o que eles estavam sentindo na pele. Eu gostei muito de ela conseguir me passar todas essas sensações sem precisar tornar a narrativa do livro cansativa, mas sempre criando plots para que eu não conseguisse largar o livro até descobrir o que aconteceu a seguir. Meu único problema com o livro foi o desenvolvimento do enredo que, em alguns pontos, pareceu um pouco arrastado, como se a história não estivesse realmente caminhando.
Um Amor Perdido se passa bem no meio da segunda guerra mundial e um dos pontos que me deixaram mais desesperada com essa leitura foram as descrições de Lenka sobre como funcionavam os campos de concentração. Richman tomou cuidado para construir a narrativa da guerra desde antes dos judeus entenderem o que realmente estava acontecendo e, com isso, nós leitores somos pegos no meio de uma montanha russa emocional sem fim.
“Dormi, dormi e dormi, como se estivesse deslizando para minha própria morte. Não tive sonhos. Tudo era negro. Não havia imagens, memórias ou pensamentos sobre o futuro.”
Eu fiquei bastante angustiada lendo Um Amor Perdido e, embora isso pareça ruim, não foi. Estamos falando sobre um livro que se passa na segunda guerra mundial, é mais do que natural que o enredo tenha algumas cenas pesadas, porém, Richman tem um jeito muito inteligente de conduzir o leitor durante essas cenas e, por mais que você se sinta muito impactado por certos acontecimentos do livro, as cenas violentas não são algo que te façam querer largar o livro, pelo contrário, mesmo angustiada, eu queria terminar a leitura.
O romance o livro é um ponto bastante complicado. Os personagens principais passam muito pouco tempo juntos, mas ao mesmo tempo, é muito difícil você conseguir negar o amor que existia entre eles. Lenka e Josef são um casal que não tiveram a chance de ser um casal. Foram separados logo no inicio do relacionamento, mas de alguma forma conseguiram manter todo aquele sentimento de “primeiro amor” vivo dentro deles. As memórias que compartilharam foram suficientes para fazê-los viver uma vida, mesmo que não fosse a vida que eles desejavam.
Richman criou um enredo bastante poderoso aqui. Nós temos um romance poderoso que conta a história de duas pessoas que se amaram muito, apesar de não terem conseguido viver tudo o que desejaram. Lenka e Josef, como diz as notas da autora, são um pouco de muitas pessoas que foram separadas durante aquele período triste e uma forma de mostrar para nós, leitores, que nem todas as histórias de amor precisam ter os personagens juntos o tempo todo, para ser verdadeira e marcante.
“Então, naquela noite, quando me deitei para dormir, não sonhei com Lenka, como de costume, mas com Amalia. Eu finalmente a deixei ir ao encontro de sua família.”
Um Amor Perdido me enviou diretamente para uma ressaca literária. Acho que depois da montanha russa que eu vivi durante a leitura desse livro, não teria como eu me sentir de outra maneira. Eu realmente gostei dos personagens e, apesar de alguns pontos do livro terem sido um pouco complicados, eu me apaixonei e sofri com Josef e Lenka e torci para que, no final, eles conseguissem ter ao menos um pouco de felicidade. Esse é um livro para leitores que estão dispostos a encarar um tipo de romance que não é romântico, mas tão verdadeiro quanto qualquer outro.
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