letscia 21/04/2024
54 (2024) o descontrole é o homem. o controle é o disfarce.
"? Não está se lembrando de mim?
Você não está se lembrando dele. Procura, freneticamente, e todas as fichas armazenadas na memória o rosto dele e o nome correspondente, e não encontra. E não há tempo para procurar no arquivo desativado. Ele está ali, na sua frente, sorrindo, os olhos iluminados antecipando a sua resposta. Lembra ou não lembra?"
Repetitivo? Sim. Genial? Também.
O gênero da crônica é, sem sombra de dúvidas, a melhor porta literária para compreender as relações sociais. Ela retrata o cotidiano, expondo as pessoas em suas formas mais autênticas. Verissimo possui um estilo humorístico que faz você rir dos absurdos enquanto lembra o quão reais eles são. Descreveria as crônicas dele como uma caricatura da sociedade, especialmente na figura do "Homem Que é Homem" (HQEH).
A premissa dessa coletânea é simplesmente fascinante. Já digo que pretendo lê-la completamente ao avesso para realizar um estudo mais aprofundado sobre a representação masculina nas crônicas apresentadas. Em resumo, posso afirmar que tive uma experiência incrível com o livro. Infelizmente, devido ao caráter breve das crônicas e ao tema único do livro, há uma certa repetição de temáticas que, por vezes, tornou a leitura um pouco enfadonha. No entanto, sempre surgia um texto inovador para lembrar que ainda estávamos lendo Luiz Fernando Verissimo, um autor de grandes reviravoltas. Em algum momento, cada leitor certamente vislumbrou aquele fator que ele nunca nos deixa esquecer: nenhuma experiência é totalmente individual. Não é à toa que tais textos possuem até os dias de hoje um forte apelo popular. Valeu a leitura!