Ronan 10/09/2020
Já tinha saído de algumas mesmo
O autor desse livro já trabalhou em grandes empresas do vale do silício, as chamadas big techs. Foi nesses empregos que ele reuniu subsídios para escrever essa obra repleta de argumentos para você deletar suas contas nas redes sociais, e ele é bem convincente. Alguns dos dados e informações por ele apresentados nós até já desconfiávamos que existissem ou que funcionassem dessa forma. Eu, por minha vez, já deixei todas as redes sociais (com exceção do Whatsapp, que eu gostaria muito de substituir ou eliminar também e outras de leitura que eu acho que valem a pena) há mais de um ano, quando percebi que aquilo tudo me afogava em uma maré de informações, muitas vezes sufocantes, além de aumentar minha ansiedade.
Ele lista 10 argumentos e detalha-os:
1. As redes alteram nosso comportamento através de seus algoritmos, e elas vendem essa possibilidade de alterarem nossos comportamentos a empresas, esse é seu principal produto.
2. Há uma gigantesca máquina por trás desse negócio, movida pelas empresas Bummer (Behaviors of User Modified, and Made into an Empire for Rent, Facebook, Twitter, Google e em menor medida segundo o autor Microsoft e Apple) isso significa comportamentos de usuários modificados e transformados em um império para ser alugado. Normalmente, o mecanismo que tenta engajar o usuário nas redes implica em dar destaque para o que personagens “heterodoxos” dizem e postam, não o que pessoas sensatas postam, ou seja, dar e ampliar a voz dos “babacas”.
3. Por favorecerem movimentos “de manada” elas ajudam a minar nossa individualidade.
4. Justamente por dar e ampliar a voz de pessoas que não falam a verdade e que muitas vezes são polêmicas (o autor cita Trump como exemplo) mas que garantem engajamento, elas acabam por minar a verdade. Até porque, o que chega até você é tão manipulado e direcionado por algoritmos que é difícil fazer essa distinção entre o que é verdadeiro ou não.
5. Ao tirar as informações que colocamos lá de seu contexto elas fazem com que nossas palavras, fotos ou o que quer que seja perca o sentido original, ela descontextualiza nossas produções.
6. Por favorecerem um comportamento de manada e por individualizarem demais os conteúdos para aumentar o engajamento elas diminuem nossa capacidade de empatia, pois já não mais sabemos a que tipo de conteúdo o outro foi exposto, assim como o outro não sabe ao que fomos expostos, diminuindo a empatia mútua.
7. Dentro dessa enorme capacidade manipulativa de nossos comportamentos, essas empresas também têm a habilidade de nos fazer infelizes, pois você está sendo julgado o tempo todo, sem necessidade e por pessoas que muitas vezes nem nos importam.
8. Elas (se pensarmos em UBER ou IFOOD, que também usam o modelo Bummer) ampliam a precarização do trabalho e profissionalmente minam nossa autoconfiança por não trabalharmos nessas áreas “criativas” e “inovadoras”. Como se boa parte dos empregos atuais fossem obsoletos.
9. Elas tornam a política virtualmente impossível pois são capazes de manipular a atenção das pessoas e, dentro de seu funcionamento, privilegiam amplificar candidatos ou ideias que geram mais engajamento em seus usuários, independente da posição política ou ética deste. Ao mesmo tempo em que pessoas boas usam as Bummer para espalhar boas ideias, elas são rechaçadas por idiotas amplificados (por gerarem engajamento), a partir daí essas pessoas boas usam a própria Bummer para reclamar disso, ou seja, alimentam um círculo vicioso em que só a Bummer ganha.
10. Na medida em que elas nos desindividualizam via comportamento de manada, diminuem nossa empatia, limitam nossa visão de mundo via exposição personalizada pelos algoritmos e dificultam que os outros nos conheçam de fato descontextualizando nossas produções.
O autor diz que elas odeiam nossas almas porque nos tratam como máquinas evoluídas e que podem ser reprogramadas via algoritmo para seu benefício.
Com essa última frase eu concluo minha leitura e reitero minha saída dessas redes, recomendo para quem quer refletir sobre o tema, embora ache que a tradução fica confusa em alguns pontos.