DCosta 31/10/2013Becky Bloom, boa pessoa mas viciada em comprasResenha do livro “Delírios de Consumo Becky Bloon” – autora Sophie Kinsella
Bem, esse é o primeiro livro da série Shopaholic, eu comecei lendo em português. O que me cativou neste livro é a narrativa na qual a autora utiliza várias estratégias. Primeiro vai apresentando as cartas que a personagem troca com o seu gerente de banco, elas são completamente surpreendentes, é uma relação que deveria ser profissional e no entanto se torna uma relação quase pessoal, não é óbvia. E dessa maneira o leitor vai conhecendo o modo de operar e de pensar sobre dinheiro, além da situação financeira da personagem principal.
Depois a narrativa também mostra os pensamentos da personagem, que fala o tempo toda consigo mesma e isso vai também revelando uma pessoa muito inteligente, mas que consegue desculpas para fazer exatamente o que quer. É interessante porque a gente pode fazer paralelo com pessoas do nosso relacionamento que estão sempre arranjando justificativas para os seus atos e tem uma argumentação muito própria, às vezes um pouco insana para explicar muitos dos seus atos.
A autora utiliza uma linguagem coloquial, descreve os acontecimentos de maneira tão detalhada e sempre coloca a personagem em situações inusitadas, engraçadas parece que está sendo exibido um filme na sua frente com muitas cenas hilárias, me peguei gargalhando várias vezes.
A personagem Becky assusta porque mostra o lado consumista da sociedade de consumo na máxima potência, como é fácil conseguir crédito, como existe uma série de promoções de todos os tipos de marcas, como a pessoa pode por insegurança, por vontade de pertencer a um mundo de glamour e ser importante pode acabar exagerando e se enrolando. Esse é o lado perverso do capitalismo.
Por outro lado, como a maioria das pessoas ela não é só isso, é sonhadora, carinhosa, ingênua, tem bons sentimentos e amiga. Ao longo da história, a personagem é obrigada a se confrontar com os seus problemas mas também começa a descobrir alguns talentos inatos mal aproveitados.
Esse livro é pura diversão, não é um livro profundo, poético, reflexivo mas é bem escrito e com personagens bem construídos como o galã Luke Brandon, perfeito príncipe encantado, os pais da Becky, representando muito bem os aposentados e alguns outros que proporcionam bons momentos de leitura. Vale a pena ler!