Tamirez | @resenhandosonhos 02/08/2018ELDESTÉ bem triste dizer isso, mas Eldest foi uma bela decepção. Eu estava tão empolgada depois do fim de Eragon que essa leitura foi um completo banho de água fria. O livro não é ruim, mas pra mim que sou uma leitora ávida de fantasia e já li dezenas de outros livros onde o menino descobre algo especial e vai passar por treinamento, não há mais saco disponível para enfrentar 500 páginas dessa menino treinando suas habilidades. Sim, 500 páginas.
É apenas muito perto do fim que temos uma movimentação diferente na estrutura da história e algo diferente acontece, mudando um pouco os rumos. Porém, até alcançar esse ponto, é necessário de contentar com os raros e pequenos capítulos de Roran, o personagem que realmente salva essa história.
O jovem começa a ser caçado por sua ligação com Eragon e depois de ataques a Carvahall, convence a população de quem não é seguro ficar sentados esperando a maré passar, porque eles provavelmente estarão todos mortos até lá. É com esse personagem que temos algo acontecendo o tempo todo, onde há ação, estratégia e desenvolvimento. Vendo isso se desenvolver em paralelo com o marasmo de Eragon dá ainda mais raiva do personagem, principalmente pelo fato de que ele sequer pensa sobre o primo ou como as coisas ficaram em sua cidade. Para o garoto, Roran nem existe mais e foi apagado da memória.
“As canções dos mortos são os lamentos dos vivos.”
Eragon está realmente se dedicando ao treinamento e melhorando suas habilidades. Quando chega finalmente a terra dos elfos, uma surpresa se apresenta e o treinamento parece mais desafiador. Não me importo que o personagem PRECISE treinar, me incomoda VER ele treinando, página após páginas com coisas desinteressantes, como por exemplo a observação à vida das formigas. Sim, há algo a se tirar dali, uma mensagem, mas tanto disso e por tanto tempo torna tudo desinteressante e a história extremamente monótona.
A relação do garoto com Arya também evoluí. Ou pelo menos ele gostaria que fosse assim. Eragon firma seus sentimentos com relação a elfa e também descobre mais sobre sua origem e posição, o que não ajuda em nada, pois parece ser uma relação sem muito sucesso. Mas, é claro, vamos ter um leve mimimi a esse respeito, afinal o personagem é um garoto apaixonado e é raro não passarmos por essa fase em qualquer livro que seja.
A evolução de Eragon não me pareceu muito visível até que o final do livro se aproximou e ele teve que assumir novamente uma posição de liderança. Aliás, essa parece ser a fórmula de Paolini: marasmos prolongados para uma grande batalha no final. O problema disso que é que são muitas páginas sem sustentação, e isso simplesmente não funciona mais comigo. O tom mais divertido também não está mais tão presente e a relação de Eragon com Saphira fica por vezes até desgastada e não sei bem o que penso sobre isso. O que sei é que, se tivéssemos um treinamento mais breve, esse livro poderia ter no mínimo 200 páginas a menos, fácil fácil. As inconstâncias do garoto diminuíram, o que mostra um amadurecimento na escrita, mas também não há nada extremamente significativo aqui que justifique maiores elogios.
“Todo mundo morre sozinho, seja você um rei no campo de batalha ou um camponês junto de sua família, ninguém pode acompanhá-lo quando você morre.”
Temos um fato engraçado também: Eragon faz tantos juramentos e se alia a tantos povos diferentes que não há como não pensar que isso vai vir contra ele em algum ponto. É o típico quer ser amigo de todo mundo e se o jogo virar e ele precisar escolher lados e alianças, pode ser bem complicado. Galbatorix, por sua vez, é apenas uma sombra aqui e espero ver mais sobre esse vilão mais pra frente, afinal aqui também ficou apagado, sendo sinalizado apenas por suas “intenções” já pré estabelecidas.
Em relação ao final, ai sim temos o ponto alto da história. Há a volta de pessoas, revelações e reencontros e tudo isso acelerado nas últimas 100 páginas dá um ritmo frenético a narrativa que, agora sim, se sustenta bem. Ficou o gostinho de seguir em frente, mas também o medo do que encontrar, afinal os livros estão ficando cada vez maiores e não sei o que esperar com relação aos pontos intermediários.
Eldest não funcionou pra mim, apenas. É um livro parado, de treinamento, basicamente. Os capítulos de Roran e o final salvam a história, mas até chegarmos lá, haja paciência. Eu já fiz a leitura do terceiro volume e sei que a história melhora bastante, então vamos lá.
site:
http://resenhandosonhos.com/eldest-christopher-paoilini/