arilopes 03/06/2022
Todas as Suas (Im)Perfeições
É impossível não mencionar como a escrita de CoHo é linda e comovente e como ela consegue abordar assuntos tão relevantes em histórias encantadoras, emocionantes e viciantes. Além disso, CoHo ganha mais pontos comigo por escrever em primeira pessoa, é extremamente confortável para mim!
Ao que cabe a narrativa, achei interessante e pertinente, porém em determinados momentos senti como se CoHo tivesse uma fórmula para suas histórias ? mais alguém já sentiu isso? ?, volta e meia me lembrava de Lily e Ryle em momentos com a Quinn e o Graham, obviamente, em contextos totalmente diferentes, bem como a Ava e Reid sendo papel de fundo como a Allysa e o Marshall. Outrossim, a maneira como CoHo trabalha a linearidade do livro, para mim, é perfeita, gosto desse "vai e vem" e de como a prosa é duas histórias em si mesma, de quando Quinn e Graham se conhecem e como estão agora no casamento. Em relação ao Graham, até mais ou menos cinquenta por cento do livro estava gostando bastante dele, mas depois fiquei bem chateado com ele, embora seja um clichê, não esperava isso dele. É como Paloma Faith diz "only love can hurt like this". Todavia, tal situação só humaniza mais ainda um personagem fictício, todos nós temos falhas, cometemos erros e buscamos uma perfeição que não existe. Em outras palavras, somos tão inperfeitos quanto Quinn e Graham.
Sobre a situação central da trama, fiquei, por vezes, muito agoniado e angustiado com tudo que a Quinn vinha enfrentado no casamento. A obsessão dela me deixava com medo de que ao terem um filho essa criança viria ao mundo sobrecarregada com altas expectativas; uma nova esperança para um casamento prestes a ruir, um bálsamo para a dor de Quinn e o ápice da felicidade conjugal plena. É muita pressão para um serzinho que está alheio a tudo isso e acredito que mesmo que fosse viável esta criança nascer ela não corresponderia aos anseios, nas palavras de Quinn, "talvez um filho não tivesse salvado nosso casamento e, em vez de sermos apenas um casal infeliz, seríamos uma família infeliz". E sendo totalmente sincero, é horrível pensar que casar é sinônimo de ter filhos, acredito que isso é um pensamento patriarcal, tenho absoluta certeza que muitos casais só tiveram filhos porque viam que amigos/casais da mesma idade tinham ou porque nossa sociedade presume que já deveriam ter tido. Filhos não são um brinde que deve ser concebido quando duas pessoas apaixonadas se casam! E sim, minha filosofia é alinhada com a de Brás Cubas.
Dessarte, embora CoHo trate de assuntos bem importantes neste livro, não me senti particularmente conectado com os personagens. Não me entenda mal, a história é boa e a escrita segue fluída como um rio, ela só não conseguiu me conquistar. Entretanto, amei a temática abordada, gosto que CoHo aborda assuntos sociais e hodiernos nas suas narrativas. CoHo faz com que eu repense posicionamentos e elabore opiniões sobre determinadas situações. Recomendo que leiam e formulem suas próprias opiniões!
"Se você iluminar apenas as suas inperfeições, todas as suas qualidades ficarão na sombra."
"É quando dói mais. Quando se está sozinho."
"É curioso como posso sentir falta de uma pessoa ainda presente."
"Pedidos de desculpas são ótimos para admitir arrependimento, mas de pouco valem para esvaziar a verdade das ações que causaram remorso."
"Somos cheios de defeitos. Centenas deles. São como pequenos furos em nossa pele."
"Às vezes as coisas não têm um lado positivo, só um bocado de lados tristes."
"Se um cientista descobrisse uma forma de alinhar coração e cérebro, não haveria tanta agonia no mundo."
"Somos fruto de nossas circunstâncias."
"Não importa o quanto você ame alguém... a força desse amor nada significa se supera sua capacidade de perdoar."
"Quando você analisa a existência da Terra como um todo, não somos nada."
"Uma pessoa não pode alegar, com absoluta certeza, o que teria feito ou como teria se sentido em uma situação que jamais havia vivenciado."
"Às vezes as pessoas simplesmente presumem que a gravidez acompanha o casamento."
"Costumava acreditar que, se você ama muito alguém, esse amor pode enfrentar qualquer coisa. Desde que duas pessoas continuem apaixonadas, então nada pode separá-las. Nem mesmo uma tragédia. Mas agora percebo que uma tragédia pode destruir até mesmo a mais forte das coisas."