melissa 16/02/2015Decepçãohttp://livrosdefantasia.com.br/2014/10/03/academia-de-vampiros-vol-6-ultimo-sacrificio/
Finais de séries são sempre complicados. Eu pelo menos sempre fico com o maior medo na hora que pego o livro: será que vai dar tudo certo? Tudo vai ser explicado? Vai ser convincente? Com Academia de Vampiros, minha série YA de vampiros adolescentes favorita, não foi diferente. O final foi bom, mas não foi ótimo. Quer saber por quê?
Vamos recapitular! Sem spoilers, juro:
Em O Beijo das Sombras, conhecemos Lissa, uma vampira Moroi e Rose, uma dampira. As duas estudam na escola São Vladimir, que obviamente é uma instituição especial para vampiros. Os Moroi são vampiros vivos: se alimentam de sangue e tudo mais, mas não matam suas vítimas. O sol os incomoda, mas não os destrói, e eles possuem magia ligada aos quatro elementos. Os dampiros são uma raça híbrida de Moroi com humanos (ou de Mori com outros dampiros, os dampiros são estéreis entre si). Eles possuem uma super-força e sentidos mais aguçados que o normal. O sol não é problema para eles e também não se alimentam de sangue, mas os dampiros são normalmente treinados para serem guardiões, protetores dos Moroi.
Isso porque existem os Strigoi, os vampiros mortos. São os Moroi que beberam o sangue de suas vítimas até matá-las ou mesmo humanos e dampiros mordidos por outros Strigoi e transformados. Os Strigoi não têm magia, apenas força e imortalidade. Eles atacam Moroi, dampiros e humanos. Na escola São Vladimir, Lissa e Rose estão protegidas, mas ficamos sabendo logo no começo do livro que elas fugiram da escola por algum motivo misterioso e que tentam se misturar aos humanos. As duas garotas têm uma estranha ligação: Rose é capaz de entrar na mente de Lissa, saber o que ela pensa ou sente. Lissa está aparentemente enlouquecendo por um motivo que não conseguimos entender a princípio e Rose é obcecada por manter Lissa feliz e em segurança.
Aliás, Rose Hathaway é nossa narradora em primeira pessoa. O que pode ser uma coisa boa ou ruim. Ela é esquentada, nervosa e metida a engraçadinha. Em alguns volumes, ela é ótima; em outros, eu tinha vontade de matá-la por ser tão chata. Rose vai se apaixonar por Dimitri (isso não é spoiler, okay?), seu instrutor dampiro, e viver um grande dilema: vamos ficar juntos? Mas somos guardiões! Não podemos e bla bla bla. Vai ter um vilão inesparado e uma luta no fim do livro. Ah, e o segredo da loucura de Lissa será revelado.
Aí vamos para Aura Negra, o segundo livro. De novo na São Vladimir, esse livro vai focar mais no que realmente significa ser uma guardiã. Rose vai sentir na pele o que é ter que por de lado a própria vida para proteger os Moroi. Temos uma boa dose de romance dramático adolescente (com quem namorar? Será que devo namorar? Ai, minha vida é tão difícil e bla bla bla). Esse volume vai dar uma boa lição em Rose. Ah, e conhecemos Adrian nesse livro. Lembre-se do Adrian. Ele é foda.
Pulamos para Tocada pelas Sombras, o volume que acho mais chatinho da série. Isso porque Rose está um saco. É um drama sem fim, um mi mi adolescente que não vai pra lugar nenhum. A parte boa é que entendemos melhor a ligação entre Rose e Lissa, inclusive as consequências que isso tem para Rose (é, entrar na cabeça de alguém não é normal. A gente devia saber). A questão de Lissa e os outros personagens secundários é deixada de lado, o que pra mim é chato, pois eles me pareceram bem mais interessantes que a chata da Rose chorando suas mágoas. O livro se perdoa apenas por um final surpreendente e chocante. É.
Quarto livro, Promessa de Sangue. Um livro um tanto arrastado, mas que mostra Rose e Lissa separadas pela primeira vez. Rose quer cumprir uma promessa que fez a Dimitri e isso a leva a conhecer um mundo inteiramente novo, fora dos muros da São Vladimir. Isso faz com que o leitor conheça as tramas políticas do mundo Moroi, os humanos que sabem de tudo (os alqumistas. Gente, a Sydney é ótima!). Uma pena que o romance Rose e Dimitri seja tão ideal: ninguém merece Rose dizendo que ele lindo, maravilhoso, sexy, forte e um deus (sim, ela fala que ele é um deus) o tempo todo.
Em Laços do Espírito as coisas melhoram significativamente e eu adorei o livro (apesar de Rose ser foda demais às vezes). Os dias de escola acabaram, é hora de conhecer o mundo real. E temos mais tramas políticas e coisas bacanas pra descobrir. Lissa começa a entender melhor seus poderes e Rose fica consideravelmente menos chata. Coisas impressionantes acontecem antes da metade do livro e no final você tem um troço com o que acontece. Mesmo.
O que nos traz ao final da série, Último Sacrifício. O que eu realmente achei? Ai ai ai. Difícil. O livro tem um rítmo irregular: ele começa acelerado, depois fica meio morno e o final, que deveria ser avassalador, não foi. Quer dizer, as últimas cem páginas foram muito ambivalentes: acho que Richelle Mead não conseguiu encontrar um rítmo adequado, o que me deu uma sensação estranha durante a leitura. Fora que o livro é enorme e poderia ter sido facilmente enxugado para no mínimo umas cento e cinquenta páginas a menos.
É uma série com foco no romance e eu sabia disso antes de começar a ler. Mas com tantas questões importantes acontecendo, não achei que a autora iria se prender apenas nisto. A verdade é que tudo se resolveu com uma relativa facilidade (eu já tinha adivinhado pelo menos dois acontecimentos ditos “misteriosos”). Essa invencibilidade de Rose me cansou, finalmente. Como assim ela pode tudo? E pode tudo sozinha?
O romance entre Rose e Dimitri não me convenceu durante a série e certamente não me convenceu no final. Eles são um casal chato, cheio de mi mi mi. #prontofalei A autora tenta nos convencer o tempo todo que eles são feitos um para o outro, que eles são do mesmo jeito, que até pensam da mesma maneira, mas eu nunca consegui sentir isso. Sempre achei uma forçação de barra os dois e o final não mudou minha opinião.
Se eu recomendo? Sim, pra quem gosta de romance sobrenatural, vampiros adolescentes e tudo mais. Pra quem é mais interessado na parte política, em mistérios e afins, não sei se a leitura decola.
Agora é hora dos SPOILERS! (sim, vou comentar o final em detalhes contando tudo, com direito a xingamentos bastante emocionais)
- Dimitri/Rose: ódio mortal – puro e simples. Não engoli aquele final nem nunca vou. Rose dá uma de superior dizendo que Dimitri tem que se perdoar pra eles ficarem juntos? Que m*&% era aquela? Não fez sentido! E ela com inveja dos outros casais juntos e eu lá me perguntando o que realmente impedia que ela ficasse com Dimitri. Aí eu pensei: Adrian? Não! “Você tem que se perdoar?”. Sério, Rose? Affe Casal fail.
- Lissa, rainha dos Moroi: okay, isso dava pra sacar. Desde o livro quatro eu meio que suspeitava que um dia Lissa arrumaria um jeito de ser rainha. Mas eu achei até legal. Gostei das provas, do modo como ela agiu. Foi uma das coisas mais bacanas do livro. Sempre gostei de Lissa e Christian juntos, inclusive. Eles dão um bom casal.
- Adrian: por que ele gostava da Rose? Não consigo entender. Inclusive adorei o final do Adrian nesse livro: amargurado e rancoroso. Nossa, naquela conversa final com a Rose, eu quase queria ter estado lá pra dar uns tabefes na cara dela. Sim, concordo com ele: Rose sempre foi egoísta e destruiu a vida de muita gente. Achei o máximo Richelle Mead não ter dado um final de contos de fada para Adrian, em que ele magicamente encontra uma menina bonita e sensual e começa um relacionamento. A verdade é que para casal bonito que se forma, tem alguém na lama. Nessa série, foi Adrian. Foi comovente, foi real!
- Tasha traidora: okay, até entendi racionalmente, mas achei os motivos meio fracos. Quer dizer, por que matar Tatiana? Eu senti que faltou mais motivação, mais um quê de coisa louca pra um crime e tudo mais. Confesso que inicialmente fiquei surpresa, mas depois achei tudo meio falho. Vocês tiveram essa impressão também?
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