Verena.Rodolpho 12/06/2021
Realmente, nada de admirável no novo mundo
Como uma boa admiradora de distopias, como 1984, A Revolução dos Bichos e Fahrenheit 451, eu tinha altíssimas expectativas com essa obra. Infelizmente, não sei se não era o momento para essa leitura ou se eu realmente não me encantei.
No enredo, temos 3 personagens principais, sendo eles Bernard Marx, Lenina Crowne e John, também conhecido como "O Selvagem".
Nesse novo mundo, não existem mais "mães" ou "pais", todos os indivíduos são criados a partir de procedimentos científicos em que se multiplicam óvulos em níveis exponenciais, gerando pessoas idênticas em questão de genética. Porém, desde essa criação, os novos seres passarão por diversas etapas, que os separarão em Alfas, Betas, Gamas, Deltas e Ípsilons.
Essas castas são separadas de acordo com a futura cor de roupa que os irá distinguir no cotidiano, mas também existem diferenças na "composição" corpórea, já que os mais poderosos receberão nutrientes e substâncias que os deixarão mais inteligentes, mais altos e mais saudáveis (tudo isso na fase de criação dos bebês na "fábrica").
Além de tudo isso, enquanto ainda são bebês, eles recebem informações enquanto dormem, num procedimento chamado "hipnopedia", ou também poderia ser chamado de Conhecido por Hipnose. Isso os deixam condicionados a informações repetidas, quase como uma hipnose em 100% do tempo, tanto que em alguns momentos eles ficam usando as frases que lhes foram passadas pelo sono no meio de conversas, como se fossem bons argumentos (que nem quando decoramos um slogan de alguma empresa e isso fica colado na nossa mente).
No meio de tudo isso, temos que conviver um pouco com a rotina de Bernard, que é apaixonado por Lenina. Ele é um Alfa, mas que recebeu álcool por engano em seu organismo na hora da criação e acabou ficando com uma estatura menor. Isso faz com que ele sofra um pouco na mão de outros Alfas, por ser diferente. No meio da história, surgirá John, que poderá atrapalhar um pouco esse romance entre Bernard e Lenina.
John, O Selvagem, é chamado assim porque possui uma "mãe" de verdade, algo repugnante nesse novo mundo, e ele vive em um povoado afastado, onde as pessoas vivem como selvagens (ou seja, não são criados em fábricas, nem vivem de tecnologias avançadas). E assim vamos vendo uma cadeia de reações quando ele é levado a essa sociedade mais moderna, onde será considerado uma aberração.
A premissa do livro é muito tentadora, como qualquer outra distopia. Mas não sei se sou eu que não estou acostumada com a escrita do Huxley ou se ele que é complicado para escrever.
O começo é fantástico, quando se explicam esses procedimentos científicos de criação e tudo o mais, mas a história vai se perdendo no meio de uma escrita difícil e complicada, cheia de palavras com significados que a gente não sabe, como "poltrona pneumática", "cinema sensível", "órgão de perfumes", "chiclete de hormônio sexual", "golfe-eletromagnético" coisas que não são explicadas para o leitor em nenhum momento.
Os personagens são tantos que é impossível você se aprofundar em algum deles, e então a emoção da história foi sumindo enquanto eu lia. Inclusive, achei que os nomes como "Marx", "Lenin(a)'' teriam algum significado maior no contexto, mas fiquei só na espera mesmo.
Eu demorei para decidir quantas estrelas daria, fiquei entre 3 e 4, acabei decidindo por 3,5 simplesmente porque a ideia do livro é genial e eu não poderia dar menos do que isso. Eu nunca teria pensado em algo assim, muito menos em 1932. Não dá para negar que é algo atemporal e uma distopia a ser lembrada. Mas infelizmente não me conectei com a história, e acabei me forçando a ler só para terminar a leitura mesmo, porque não senti nada nem mesmo na última página.
Mas é apenas a minha opinião, e é claro que, para cada um, a sensação que esse livro traz pode ser diferente. Continuo indicando a leitura, pelo simples fato de ser uma obra famosíssima, e um marco na literatura mundial.