Admirável mundo novo

Admirável mundo novo Aldous Huxley




Resenhas - Admirável Mundo Novo


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Luciana.Raquel 28/03/2021

O que de fato significa ?progresso??
Impossível não mencionar a genialidade de Huxley e o quanto este livro é capaz de despertar milhares de provocações. O autor faz críticas e referências muito interessantes que não se esgotam em apenas uma leitura.
Apesar disso, achei a narrativa um pouco confusa em alguns momentos, mas nada que comprometa a grandiosidade da obra. Foi muito interessante observar as consequências e desdobramentos de uma sociedade pautada no condicionamento humano. Me fez refletir sobre inúmeras questões e terminar o livro com a certeza de que releitura virá num futuro próximo.

?- Mas eu gosto das inconveniências.
- Nós não gostamos - disse o Dirigente. - Preferimos fazer tudo confortavelmente.
- Mas eu não quero o conforto. Quero Deus, a poesia, o perigo real, a liberdade, a bondade, o pecado.
- De fato - disse Mustafá Mond - você reivindica o direito de ser infeliz.
- Pois bem - disse o Selvagem como um desafio -, reivindico o direito de ser infeliz.?
Renan.Galvao 30/03/2021minha estante
Hmmmmm que resenha é essa ??


Luciana.Raquel 30/03/2021minha estante
gostastes? ?




Bibi 12/04/2021

Fiquei um pouco perdida no início do livro, devido a descrição minuciosa do local onde os bebês eram criados e não consegui muito criar esse cenário na minha cabeça.

Um mundo onde a sociedade é dividida em castas e as pessoas são condicionadas a exercer seu papel de acordo com a casta nascida.

Soma é a pílula que te faz esquecer de amarguras, problemas e te deixa num estado de felicidade pleno sem gerar ressaca.

A parte mais marcante desse livro para mim, foi o diálogo final. Lembro-me de ter lido e ficado chocada com algumas partes.

Aquele livro que todos deveriam ler também desse gênero literário que eu me apaixonei!
carol 12/04/2021minha estante
Nossa eu tenho muita vontade de ler esse livro. Sua resenha só aumentou a vontade hahaha


Bibi 13/04/2021minha estante
Que maneiro! Hahah
Leia sim! Você vai gostar!




Simone Brito 13/10/2015

Não consegui terminar essa leitura. Enfadonha e de linguagem difícil.
Lia várias vezes a mesma página e não absorvia nada... estava me irritando, abandonei.
Para aqueles que gostam de distopia, sugiro ler resenhas primeiro antes de ler esse livro.
Não posso julgá-lo terrível, pois várias pessoas gostam, mas, na minha humilde opinião, não recomendo.
Camila 14/10/2015minha estante
Passou da parte inicial onde é explicado como tudo funciona? Enrolei de começo também, mas depois que a história "realmente começa", o livro fica incrível!


Simone Brito 14/10/2015minha estante
Sinceramente, Camila, nem consegui emplacar a metade do livro... lá pela página 30 eu não consegui mais seguir.
E olhe que para chegar aí já foi complicado.
Fico muito frustrada. Odeio quando isso acontece com um livro porque, na maioria das vezes, acho que o problema sou eu. :-(




Letí­cia 22/03/2015

Impressões
O que posso dizer??? Fiquei confusa com a leitura desse livro.
Não foi tão forte como o 1984, pois me apeguei muito ao personagem principal, sofri tanto!

Acredito que fui para a leitura deste aqui mais protegida e, por isso, me senti mais distante, pode ser também pela forma de escrita do Aldous, mais científica, ou a construção de uma mundo bem mais "frio", onde a "felicidade" é algo disponível e não alcançável. Acho que o mundo sem nossos desafios diários perde em encanto. Ter tudo muito fácil transforma a vida em algo chato e enfadonho.

Bem, está aí uma coisa que achei algumas vezes, uma leitura chata e enfadonha, onde as coisas eram previsíveis, sem emoção. Porém, não me juguem mal, isso não desmerece o livro, na verdade, acredito que seja isso que o autor quis mostrar, o perigo te termos uma vida tão perfeita, sem desafios ou escolhas, onde tudo foi estritamente feito para ser o que tinha que ser.

Destaco, as diversas falas do Selvagem com citações de Shakespeare, onde ele demostra a necessidade do sofrimento para a criação de coisas belas. E um debate, lá nas últimas páginas sobre a necessidade que temos de Deus.

Sem mais, leiam e tirem suas conclusões, pois esta é a melhor parte do ato ler, criar pensamentos.

site: http://li-e-indico.blogspot.com.br/2015/03/admiravel-mundo-novo-de-aldous-huxley.html
lrssaraujo 27/03/2015minha estante
Não consegui terminar a leitura, a historia é MUITO monótona.


Letí­cia 29/03/2015minha estante
É Larissa, se você quer ler algo mais legal e que trate sobre o futuro, indico 1984 de George Orwell, melhor, comece por Revolução dos bichos, do mesmo autor. Os dois são ótimos!




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Carol 23/05/2021minha estante
Vou botar já minha lista ?


Samuel.Lino 23/05/2021minha estante
Coloque, e quando terminar de ler me diz o que achou rs




Aline Teodosio @leituras.da.aline 02/07/2016

Mais atual que nunca
A "civilização, por vezes, pode ser demente, grotesca e mais brutal que a própria selvageria.
Admirável mundo novo fala do condicionamento das massas e de todo o "circo" armado para que estas continuem servindo e mesmo assim sintam-se felizes. "Tal é a finalidade de todo o condicionamento: fazer as pessoas amarem o destino social de que não podem escapar." (Aldous Huxley).
Leiam e reflitam. Qualquer semelhança com a nossa sociedade não é mera coincidência.
x 03/07/2016minha estante
Um dos livros mais fascinantes que já li.


Aline Teodosio @leituras.da.aline 09/07/2016minha estante
Não sei porque demorei tanto tempo para ler essa obra fascinante. Incrível.




29/04/2021

Em choque!
Não sei nem ao certo o que dizer sobre este livro. E pensar que foi escrito há tanto tempo e se aplica facilmente aos dias de hoje.
Camila.Camilo 29/04/2021minha estante
SIM, e é assustador também fazer essa comparação


29/04/2021minha estante
Sim, é realmente assustador.




Barbara.Luiza 24/06/2021

Quase dez anos depois retornei a leitura de uma das melhores distopias que eu já li e o título só ganhou mais profundidade dessa vez.

Em um universo futurista e distópico em que a sociedade louva Henry Ford e a reprodutibilidade em larga escala para reduzir as marcas de originalidade de seus cidadãos, Huxley insere o debate de civilização e barbárie no qual o bárbaro não poderia ser espelho de outro além do leitor.

A manipulação de desejos básicos dos seres humanos por meio do Estado para alcançar uma conformidade de classe está a pleno vapor, mas não teríamos uma distopia se não houvessem vozes dissonantes.

Acompanhamos histórias que, a seu modo, desafiam a uniformidade forjada em laboratório desse povo. Um homem nascido fora dos muros da cidade, uma cientista e um intelectual percorrendo o caminho do reconhecimento das falhas de um sistema infalível.

O autor conduz uma narrativa extremamente política sem escantear a potência literária.

O jogo polifônico que acontece logo no início, costurando três diferentes conversas, mostrando que por trás delas há um denominador comum, mas em todas elas há também o vislumbre de fissuras. Seguir essa espiral de vozes sem se perder é puro mérito do autor.

Inspirado em Nós (Ievguêni Zamiátin) e A tempestade (William Shakespeare), Admirável Mundo Novo se apresenta com o frescor de um livro sem antecedentes ainda que possamos traçá-los com sua própria ajuda.
Jercica Soares Pelegrini 24/06/2021minha estante
Esse.livro é incrível


Camila.Szabo 25/06/2021minha estante
Adoro esse livro!




Verena.Rodolpho 12/06/2021

Realmente, nada de admirável no novo mundo
Como uma boa admiradora de distopias, como 1984, A Revolução dos Bichos e Fahrenheit 451, eu tinha altíssimas expectativas com essa obra. Infelizmente, não sei se não era o momento para essa leitura ou se eu realmente não me encantei.

No enredo, temos 3 personagens principais, sendo eles Bernard Marx, Lenina Crowne e John, também conhecido como "O Selvagem".
Nesse novo mundo, não existem mais "mães" ou "pais", todos os indivíduos são criados a partir de procedimentos científicos em que se multiplicam óvulos em níveis exponenciais, gerando pessoas idênticas em questão de genética. Porém, desde essa criação, os novos seres passarão por diversas etapas, que os separarão em Alfas, Betas, Gamas, Deltas e Ípsilons.
Essas castas são separadas de acordo com a futura cor de roupa que os irá distinguir no cotidiano, mas também existem diferenças na "composição" corpórea, já que os mais poderosos receberão nutrientes e substâncias que os deixarão mais inteligentes, mais altos e mais saudáveis (tudo isso na fase de criação dos bebês na "fábrica").
Além de tudo isso, enquanto ainda são bebês, eles recebem informações enquanto dormem, num procedimento chamado "hipnopedia", ou também poderia ser chamado de Conhecido por Hipnose. Isso os deixam condicionados a informações repetidas, quase como uma hipnose em 100% do tempo, tanto que em alguns momentos eles ficam usando as frases que lhes foram passadas pelo sono no meio de conversas, como se fossem bons argumentos (que nem quando decoramos um slogan de alguma empresa e isso fica colado na nossa mente).
No meio de tudo isso, temos que conviver um pouco com a rotina de Bernard, que é apaixonado por Lenina. Ele é um Alfa, mas que recebeu álcool por engano em seu organismo na hora da criação e acabou ficando com uma estatura menor. Isso faz com que ele sofra um pouco na mão de outros Alfas, por ser diferente. No meio da história, surgirá John, que poderá atrapalhar um pouco esse romance entre Bernard e Lenina.
John, O Selvagem, é chamado assim porque possui uma "mãe" de verdade, algo repugnante nesse novo mundo, e ele vive em um povoado afastado, onde as pessoas vivem como selvagens (ou seja, não são criados em fábricas, nem vivem de tecnologias avançadas). E assim vamos vendo uma cadeia de reações quando ele é levado a essa sociedade mais moderna, onde será considerado uma aberração.

A premissa do livro é muito tentadora, como qualquer outra distopia. Mas não sei se sou eu que não estou acostumada com a escrita do Huxley ou se ele que é complicado para escrever.
O começo é fantástico, quando se explicam esses procedimentos científicos de criação e tudo o mais, mas a história vai se perdendo no meio de uma escrita difícil e complicada, cheia de palavras com significados que a gente não sabe, como "poltrona pneumática", "cinema sensível", "órgão de perfumes", "chiclete de hormônio sexual", "golfe-eletromagnético" coisas que não são explicadas para o leitor em nenhum momento.
Os personagens são tantos que é impossível você se aprofundar em algum deles, e então a emoção da história foi sumindo enquanto eu lia. Inclusive, achei que os nomes como "Marx", "Lenin(a)'' teriam algum significado maior no contexto, mas fiquei só na espera mesmo.

Eu demorei para decidir quantas estrelas daria, fiquei entre 3 e 4, acabei decidindo por 3,5 simplesmente porque a ideia do livro é genial e eu não poderia dar menos do que isso. Eu nunca teria pensado em algo assim, muito menos em 1932. Não dá para negar que é algo atemporal e uma distopia a ser lembrada. Mas infelizmente não me conectei com a história, e acabei me forçando a ler só para terminar a leitura mesmo, porque não senti nada nem mesmo na última página.

Mas é apenas a minha opinião, e é claro que, para cada um, a sensação que esse livro traz pode ser diferente. Continuo indicando a leitura, pelo simples fato de ser uma obra famosíssima, e um marco na literatura mundial.
Celton 13/06/2021minha estante
Eu estou chegando ao final e concordo com você. O começo é interessante mas a leitura fica enfadonha com tantos termos sem explicação.


Verena.Rodolpho 13/06/2021minha estante
É uma pena! Eu sempre quis muito ler esse livro, mas acabou que não era nada do que eu esperava




Anne 06/06/2021

Admirável - e ousado - mundo novo!
Admirável Mundo Novo, não poderia existir um título melhor. Se bem que, a admiração não se dá exatamente pelo mundo em si, mas pela impressão causada ao término da leitura.

O novo mundo criado nessa distopia de Aldous Huxley é desafiadoramente intrigante.

Uma sociedade feita de castas, onde os mais retardados - no sentido literal da palavra pois, desde que são embriões, são manejados de forma que fiquem propositalmente mais atrasados - são felizes por assim o serem. Não por vontade própria, claro, mas porque foram condicionados assim.

E assim, felizes e satisfeitos com suas condições, cada membro dessa sociedade perfeita, abraça seus esdrúxulos destinos. Vazios de significados. Vazios de valores. Exaltando a felicidade acima de qualquer sentimento mais profundo. É dentro desse contexto que o Selvagem, uma criatura criada alheia ao artificialismo da dita civilização, se vê inserido. As consequências desse choque não podem ser aqui descritas. Nem mesmo os versos de Shakespeare, apaixonadamente decorados pelo Selvagem, foram capazes de descrever o conflito interno que este sofreu.

Grande leitura. Apesar de escrito em 1932, a ousadia da obra ainda desafia e muito o mundo atualmente desprendido de tantas convenções e tabus.
Rubens.Memari 07/06/2021minha estante
Curioso que aquele que se conscientizou do mundo que estava inserido é denominado Selvagem... Parabéns pela resenha!


Anne 08/06/2021minha estante
Verdade, Rubens. Uma bela reflexão. Obrigada!




Guilherme 19/01/2018

A primeira metade do livro é maçante mas depois melhora, de tal forma que quem conseguir não desistir da leitura durante as primeiras 150 páginas será recompensado com um brilhante clímax e conclusão. Distopia indispensável. Relata um mundo em que o estado gigante te controla por por meio de sexo e drogas, basicamente o que o PT tentou criar no Brasil.
07/02/2018minha estante
Estou na primeira metade, e este foi o primeiro livro que quase desisti de ler! Cansativo demais... espero que melhore rs


Jess 22/02/2018minha estante
Quase desisto mesmo. Valeu pelo alerta.




Emma 19/07/2021

É bom, mas nem tanto.
Resenha compacta no ig literário @livros_paralelos

resenha curta:

Por toda a fama, achei que gostaria mais, porém sinto que ele deixou a desejar. A primeira metade do livro pra mim foi extremamente maçante , não sentia vontade nenhuma de continuar a leitura, e me custou a sair do lugar. Porém a segunda metade do livro se tornou algo bem mais interessante, focando no embate das sociedades e como isso pode afetar as pessoas. De um lado o novo mundo com toda sua tecnologia, liberdade sexual e consumismo e do outro uma sociedade conservadora, que defende a privacidade, monogamia, religião, história, arte e a família. Uma das coisas que mais gostei da narração foi a complexidade dos personagens e a "previsão" de Aldous sobre  um processo parecido com a fertilização in vitro e outros equipamentos tecnológicos. A psicologia é algo muito usado, especialmente com o John, o que me deixou um pouco perdida em alguns momentos. O livro critica a ciência e a tecnologia como a solução para todos os problemas de uma sociedade, pois isso a transformaria em uma civilização mecanizada, autoritária e desumanizada. O que discordo em parte. Gostei do livro, mas não tanto
caio.lobo. 19/07/2021minha estante
Uma distopia de culto ao hedonismo


Emma 20/07/2021minha estante
Siiim! Tem uma carga bastante pesada sobre isso ao desenrolar da trama. Bem lembrado.




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Maikon 17/02/2019minha estante
Linina chegou a morrer??


Louise 17/02/2019minha estante
Eu entendi que ele matou ela sim!




Lidiany.Mendes 30/07/2021

Assustadora distopia!
Confesso que não foi uma leitura muito tranquila, até o início da terceira parte do livro, por volta da página 200 achei o livro bem chato e só não o abandonei porque não costumo fazer isso. Porém, as últimas 100 páginas valeram muito a pena!
Não quero correr o risco de dar spoiler e atrapalhar a experiência de leitura de ninguém, apenas gostaria de dizer que, apesar das dificuldades, é um livro que merece ser lido. O mundo distópico descrito por Aldous Huxley revela possibilidades que assustam por sua viabilidade no mundo desconexo que estamos vivendo.
Outro ponto que me chamou atenção no livro são as citações recorrentes da obra de Shakespeare a partir de um certo acontecimento, cheguei a fazer uma relação das obras citadas, pois quero ler todas as obras de Shakespeare que ainda não li e reler as que já li em breve.
O final do livro é muito interessante e propõe reflexões importantes.
Na edição que li existe um prefácio do autor escrito em 1946, lembrando que a primeira edição desse livro é de 1932, que a meu ver deveria ser um posfácio, pois só vez sentido depois que terminei de ler o livro e o reli.
75 anos após a publicação do prefácio de Admirável mundo novo, o mundo em que vivemos está ainda mais confuso e a insegurança política e econômica é potencializada pela insegurança jurídica e sanitária.
Somos dirigidos pelas redes sociais e navegamos pelos inseguros mares das fake news que nos distanciam cada vez mais da verdade. Revelando que, mais do que nunca, a verdade se tornou uma utopia!
Maria 03/08/2021minha estante
tô achando esse livro tão chatinho... Vim procurar algum comentario que me faça querer continuar, e achei o seu! espero que funcione pra mim


Lidiany.Mendes 22/12/2021minha estante
Espero que tenha conseguido terminar a leitura!




Camila Roque 09/02/2018

"Eu reclamo o direito de ser infeliz"
Este é um daqueles livros que você precisa parar alguns momentos depois de ler... por diversos motivos, que hão de deixa-lo reflexivo (como é de praxe em quaisquer distopias).

Seja pela beleza do embate entre o sr. Selvagem e Mustafá Mond (e que fordeza! Porque foi um dos personagens mais carismáticos na minha opinião, seguidos por Helmholtz e John) nos capítulos 16 e 17, seja pelas reflexões assustadoras que causa.

Primeiramente, devo dizer que no começo a leitura foi levemente arrastada. Em alguns momentos as descrições de local feitas por Huxley tornaram o livro cansativo, bem como todo o novo universo que descreve, sendo que no início provavelmente deixei muito a escapar porque não entendia muito bem o que era apresentado, precisei de tempo para me acostumar a todos os conceitos e ideias ligados aos ípsilones e deltas e gamas e betas e alfas (menos, mais e mais-mais), bem como todos os papéis prestados por eles no emaranhado das redes da sociedade. Passado esse estranhamento inicial, fiquei encantada com a estória que se desenrolava! Achei-a original, diferente e realmente incômoda (de forma positiva, como a arte muitas vezes se propõe a ser).

Incômoda porque em muitos momentos esse livro de 1932 se aproxima muito de nossa atual conjuntura. Busca irrefreável pelo prazer, condicionamento para certas formas de pensar, vidas ocupadas constantemente pelo lazer (sem que haja tempo para o ócio, para a solidão) e o uso escapista de remédios... Lembram algo a vocês?

Porque todos os discursos atuais sobre a felicidade (falsa, divulgada a todos graças às nossas redes sociais), nossa pressa e impaciência causados por um mundo cada vez mais conectado e as relações superficiais têm tido o efeito de tornar a nossa sociedade mais doente a cada momento. As pessoas estão perdendo a capacidade de se relacionarem, de tomarem decisões, sendo cada vez mais influenciáveis e intolerantes, não suportando mais as opiniões discordantes ou momentos de solidão, recorrendo ao uso de remédios (e outras drogas) que entorpecem os sentidos e amenizam as sensações quando estas são “intensas demais” ou desagradáveis.

A própria solidão e a tristeza agora são consideradas insuportáveis. Faço disso, agora, um discurso de alguém que teve depressão por dois anos. A depressão é uma doença cruel, sim. Pode ser tratada com remédios, sim. Mas isso é uma escolha, não via da regra, e da qual eu decidi por não concordar. Uma professora de yoga que tive expressou muito bem o que penso sobre isso: em uma sociedade em que nunca se está realmente sozinho (sempre estamos no facebook, instagram, whatsapp ou seja lá qual porcaria esteja em alta), a depressão surge como refúgio, uma resposta patológica para a necessidade de introspecção, de autoconhecimento. O tratamento, claro, pode ser feito com o uso de remédios que furtam a pessoa de seu próprio corpo e são uma opção mais confortável. Ou pode ser feito por um caminho mais longo... um caminho de busca por autoconhecer-se, que o tornará mais forte quando for capaz de transpor os muros da depressão.

Interessante o quanto o livro me lembrou Fahrenheit 451! Os dois são críticas a sistemas de governo diferentes (capitalismo e totalitarismo) mas se assemelham em algumas consequências. Por exemplo, o uso de soma (ou qualquer outro fármaco) para afastar-se da realidade quando não há opções de lazer (os trabalhadores de “Admirável ...”, que ao terem a jornada de trabalho reduzida não sabiam como ocupar suas horas vagas e abusavam no uso de soma e a sra. Montag (“Fahrenheit 451”) que não suportava a realidade quando não estava de frente para seus telões interativos), o desmantelamento da família (que em “Admirável ...” é tomada como uma obscenidade e em “Fahrenheit 451” deixa de existir porque cada indivíduo está cada vez mais encarcerado em seu “mundinho”, cercado por telas e fones de ouvido) e a importância de fazer com que as pessoas “não pensem”, para que sejam facilmente manipuláveis por uma forma de poder ou em nome do “bem maior” (a indústria cultural de “Fahrenheit” é tão assustadoramente real atualmente...!).

Por fim, deixo aqui uma parte do diálogo entre Mustafá e John:

- Mas eu gosto de inconvenientes.
- Nós, não. Preferimos fazer as coisas confortavelmente.
- Mas eu não quero conforto. Quero Deus, quero a poesia, quero o perigo autêntico, quero a liberdade, quero a bondade. Quero o pecado.
- Em suma - disse Mustafá Mond -, o senhor reclama o direito de ser infeliz.
- Pois bem, seja - retrucou o Selvagem em tom de deságio. - Eu reclamo o direito de ser infeliz. (p. 286)
Marcel 09/02/2018minha estante
Melhor resenha!
A mão chega a tremer de emoção


Camila Roque 09/02/2018minha estante
Que bom que gostou, Marcel!!




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