Admirável mundo novo

Admirável mundo novo Aldous Huxley




Resenhas - Admirável Mundo Novo


3999 encontrados | exibindo 121 a 136
9 | 10 | 11 | 12 | 13 | 14 | 15 |


spoiler visualizar
Lirieudo 08/04/2019minha estante
Ótima resenha, tão boa quanto o livro!


Alcione13 08/04/2019minha estante
Obrigada, querido. É do meu canal no telegram onde sempre tem resenha nova.
Mas esse livro merece até uma terceira releitura.




@raqueldreger 25/06/2021

Decepcionante
Tinha as expectativas lá em cima, mas pra mim foi uma leitura chata, maçante. Acabei o livro sem me conectar com personagens, sem gostar da história contada. Infelizmente o livro não me agradou
Luana.Khetley 28/06/2021minha estante
Estou passando por algo semelhante...
A leitura foi recomendada por vários conhecidos, estou no meio da história e até agora não conseguir me amarrar a história como os demais. A leitura está sendo maçante e estou há alguns passos de abandonar o livro.


Tatiane 28/06/2021minha estante
Leitura insuportável ?




Junior 23/06/2021

Dificil, muito difícil
Olha, difícil descrever esse livro, mas dificil é uma palavra que me vem a cabeça bastante quando penso nesse livro. A história é dificil de aguentar, o livro é dificil de terminar e é dificil não dormir lendo. Vai melhorar no final e mesmo assim não salva o livro. E é tanta referência ao Shakespeare que não quero chegar perto de um livro dele tão cedo. Não entendi o apelo deste livro ser um clássico, mas pode ter sido eu o problema. Nunca saberemos.
@raqueldreger 24/06/2021minha estante
Exatamente, estava achando que só eu pensava assim. Estou me arrastando para terminar


Luana.Khetley 28/06/2021minha estante
Faço parte desse grupo que não está conseguindo amar o livro




Andre.28 06/12/2019

Uma distopia futurista baseada no controle genético
Uma história rica em elementos, que em sua primeira metade e recheada de explicações e conceitos técnicos de biologia celular. No enredo deste livro, o universo distópico tá mais pra uma sociedade baseada no melhoramento genético com ares de eugenia descarada. Essa ideia de dividir a sociedade em castas de acordo com a criação de embriões melhorados e tudo mais, não é uma coisa distante da nossa realidade mais atual. Isso também pauta a ideia de controle populacional, processos éticos na ciência e tantas outras coisas, conceitos e filosofias que não caberiam nessa resenha.

Pensando de uma ótica mais realista, esse mundo futurista de controle genético é uma coisa bem mais próxima, embora eticamente a reprodução humana seja levada no livro de uma forma mais sem sentido. A abolição do amor em prol de uma sociedade estável é a coisa mais sem pé nem cabeça. O amor sempre existirá, com ou sem tecnologia. É bem triste perceber que a vulgarização do sexo, como fonte meramente de desejo, seja levada de forma banal. Deixando claro que, por mais que seja um conceito aberto a interpretações, soa para mim superficial.

A sociedade da banalização do sexo, o prazer pelo prazer como é retratado na personagem da Lenina, chega a ser bem deprimente. Lenina é desprovida de emoções “profundas”. Assim como o próprio Bernard Marx, sujeito que flerta com o mundo “selvagem”, mas que é apegado a seu posto nesse mundo distópico “moderno”. O que mais me chateou um pouco foi a demora a apresentar o personagem central da História; John “O Selvagem”. Mais da metade do livro pra chegarmos a Malpais, o local onde vivem os selvagens da História.

Venhamos e convenhamos essa dualidade onde o “selvagem” é retratada pelos indígenas e aqueles que tem emoções e/ou estão liga a religiosidade. “Deus estaria morto nessa sociedade moderna?”. Fica o questionamento. Lamentei o final de John, apesar dele parece mais um fanático animista/religioso sincrético que tem aversão ao contato carnal, prega a castidade e tem ataques misóginos sem sentido. Ele apresenta essa dualidade onde o individuo é mais uma peça nesse sistema.

“Soma”, a droga que todos os habitantes utilizam nesse universo para “ficarem felizes” é um elemento sintomático de uma sociedade doente. Todos os indivíduos de todas as castas sociais sobrevivem artificialmente dessa droga, tudo é resolvido com Soma. Impaciência, aborrecimento, tristeza, desejos amorosos, etc. Eu encaro isso como um simbolismo, uma analogia a sociedade atual que se medica e quase sobrevive à base da medicina, embora o Soma seja mais uma droga alienante. O processo Bokanovsky é meio que um paralelo que na minha concepção, está atrelada a clonagem em larga escala. Na história é explicada que na verdade é a fabricação de seres iguais (embriões), ou seja, gêmeos. Cada embrião se divide em “fornadas” de vários seres iguais. A quantidade pode chegar a 91 gêmeos (ou clones como eu gosto de dizer) a cada fornada. Então, bizarramente essa sociedade é feita de gêmeos.

Enfim, essa resenha tá ficando muito grande e é melhor parar por aqui. Gostei dessa distopia por explicar melhor o universo, embora o começo seja maçante. A demora a apresentar os personagens principais também pesou. Eu dou 4 estrela, mas daria 4.9 ou 4.8 se pudesse e sabendo que esse livro é melhor que o clássico 1984 de George Orwell. (Sorry, preciso balizar essa nota comparando com Orwell).
ELIZ 07/12/2019minha estante
Excelente resenha, parabéns! Esse é um dos melhores livros que já li na vida. Comparando com 1984, este controla a sociedade pelo medo e a dor, enquanto Admirável Mundo Novo obtém o controle pelo prazer, alegria. Para mim são as melhores distopias.


Andre.28 07/12/2019minha estante
Obrigado ELIZ! É exatamente o que você disse acerca dos livros. Sociedades controladas por diferentes meios.




Maikom.Abreu 02/10/2021

O selvagem
John é sem dúvidas o personagem que mais me marcou nessa obra, conhecido como o selvagem, ele que não foi condicionado a viver nesse mundo onde a tristeza e a introspecção são repudiadas, logo se estranha e começa a questionar. Quando apresentado ao Administrador, vossa fordeza Mustafá Mond, ele é questionado sobre o que queria, se a tristeza da vida comum, ou a felicidade do Admirável Mundo Novo, John diz que prefere a tristeza de uma vida comum.
Que livro meus amigos, que grande livro!
Até que ponto, eu me pergunto, somos condicionados como a sociedade do Admirável Mundo Novo? Quanto estamos nos dopando com as distrações e trivialidades igual àqueles o fazem com o SOMA. Que livro pessoal, que grande livro!
Bianca 02/10/2021minha estante
Sim, esse livro é estupendo, me fez refletir muito sobre várias coisas


Maikom.Abreu 04/10/2021minha estante
A mim também Bianca, ainda está surtindo efeito?




Barbara.Luiza 24/06/2021

Quase dez anos depois retornei a leitura de uma das melhores distopias que eu já li e o título só ganhou mais profundidade dessa vez.

Em um universo futurista e distópico em que a sociedade louva Henry Ford e a reprodutibilidade em larga escala para reduzir as marcas de originalidade de seus cidadãos, Huxley insere o debate de civilização e barbárie no qual o bárbaro não poderia ser espelho de outro além do leitor.

A manipulação de desejos básicos dos seres humanos por meio do Estado para alcançar uma conformidade de classe está a pleno vapor, mas não teríamos uma distopia se não houvessem vozes dissonantes.

Acompanhamos histórias que, a seu modo, desafiam a uniformidade forjada em laboratório desse povo. Um homem nascido fora dos muros da cidade, uma cientista e um intelectual percorrendo o caminho do reconhecimento das falhas de um sistema infalível.

O autor conduz uma narrativa extremamente política sem escantear a potência literária.

O jogo polifônico que acontece logo no início, costurando três diferentes conversas, mostrando que por trás delas há um denominador comum, mas em todas elas há também o vislumbre de fissuras. Seguir essa espiral de vozes sem se perder é puro mérito do autor.

Inspirado em Nós (Ievguêni Zamiátin) e A tempestade (William Shakespeare), Admirável Mundo Novo se apresenta com o frescor de um livro sem antecedentes ainda que possamos traçá-los com sua própria ajuda.
Jercica Soares Pelegrini 24/06/2021minha estante
Esse.livro é incrível


Camila.Szabo 25/06/2021minha estante
Adoro esse livro!




Lidiany.Mendes 30/07/2021

Assustadora distopia!
Confesso que não foi uma leitura muito tranquila, até o início da terceira parte do livro, por volta da página 200 achei o livro bem chato e só não o abandonei porque não costumo fazer isso. Porém, as últimas 100 páginas valeram muito a pena!
Não quero correr o risco de dar spoiler e atrapalhar a experiência de leitura de ninguém, apenas gostaria de dizer que, apesar das dificuldades, é um livro que merece ser lido. O mundo distópico descrito por Aldous Huxley revela possibilidades que assustam por sua viabilidade no mundo desconexo que estamos vivendo.
Outro ponto que me chamou atenção no livro são as citações recorrentes da obra de Shakespeare a partir de um certo acontecimento, cheguei a fazer uma relação das obras citadas, pois quero ler todas as obras de Shakespeare que ainda não li e reler as que já li em breve.
O final do livro é muito interessante e propõe reflexões importantes.
Na edição que li existe um prefácio do autor escrito em 1946, lembrando que a primeira edição desse livro é de 1932, que a meu ver deveria ser um posfácio, pois só vez sentido depois que terminei de ler o livro e o reli.
75 anos após a publicação do prefácio de Admirável mundo novo, o mundo em que vivemos está ainda mais confuso e a insegurança política e econômica é potencializada pela insegurança jurídica e sanitária.
Somos dirigidos pelas redes sociais e navegamos pelos inseguros mares das fake news que nos distanciam cada vez mais da verdade. Revelando que, mais do que nunca, a verdade se tornou uma utopia!
Maria 03/08/2021minha estante
tô achando esse livro tão chatinho... Vim procurar algum comentario que me faça querer continuar, e achei o seu! espero que funcione pra mim


Lidiany.Mendes 22/12/2021minha estante
Espero que tenha conseguido terminar a leitura!




Rauta 31/08/2021

Uma felicidade ignorante ou uma liberdade dolorosa?
Essa é uma pergunta que o livro nos questiona. Qual dos dois você preferiria: uma sociedade onde todos são felizes, mas apenas por serem induzidos à tal (praticamente com uma lavagem cerebral), ou a liberdade? estando nesta, inclusas situações como: escolher o que fazer, acreditar, e a consequência de sofrer.
Aldous nos traz um cenário incrível e que, na minha opinião, não é impossível de acontecer. Até que ponto iríamos para sermos felizes de fato? Abriríamos mão da "escolha" para vivermos bem? Por que temos esse complexo de que para se ter uma "boa vida", é preciso ter uma vida sem sofrimentos?
Acompanhamos a história de Bernard e o Selvagem, como duas sociedades completamente diferentes se colidem, e como é tão subjetiva a definição de "liberdade" e "felicidade".
Esse livro me lembrou uma série chamada "The Good Place" (já aviso que isso pode ser um spoiler, então caso não queira ver, apenas pule para o próximo parágrafo), no final da série nós vemos como é de fato o "good place", o "lugar bom", o "céu", para muitos. Onde você praticamente DERRETE o seu cérebro por ser incapaz de pensar, porque, querendo ou não, pensar pode nos machucar também. Criar expectativas que não podem ser alcançadas, sonhos que não são realizados, um amor incorrespondido, entre outros. A falta de sofrimento nos torna "desumanos".
Então, assim como a série, o livro nos pergunta: vale a pena abrirmos mão de sermos seres pensantes, de escolher, para que nenhuma coisa possa nos ferir? Vale a pena não termos o amadurecimento da vida que consiste em basicamente quebrar a cara e aprender com nossos erros? Vale a pena deixar de querer ser uma pessoa melhor a cada dia?

A obra é maravilhosa, mas não é para todos os leitores, eu mesma achei um porre até realmente conseguir me entregar à proposta e entendê-la de fato. Indicaria para um leitor iniciante? Por deus, NÃO. Indicar esse livro para um leitor que acabou de adentrar no mundo literário é a mesma coisa que fazer adolescente ler Machado de Assis no ensino médio. Tu mata uma fagulha de paixão que poderia se tornar um amor e admiração incríveis.
Mas, com toda certeza, é uma leitura que deve ser feita e refletida, desde que você esteja maduro e disposto a isto. Eu mesma não estou madura o suficiente pra lê-lo, então acredito que não consegui absorver todo o necessário, mas espero poder fazer uma releitura mais para frente.
joaoggur 31/08/2021minha estante
Grande resenha. Me interessei sobre o livro.


Rauta 01/09/2021minha estante
@joaoggur obrigada ?




Neferet 03/07/2020

Devo ter algo de errado
Vi tantos elogios em cima desse livro que talvez vim com muita expectativa, quando a realidade era tediosa demais kkkk
Achei a ideia em si mt boa , mas foi explicativa demais , pra pouca trama , eu não gosto de livro lento , foi um livro assim que me causou bloqueio de leitura por anos , e hoje eu pego nesse tipo de livro eu simplesmente DURMO na hora , esse mesmo acabou com meu relógio biológico, eu apagava lendo ele oito da noite , quando era duas da manhã eu estava acordadissima , ele teve pra mim o mesmo estilo do jogo perigoso do stephen, a ideia da história boa, porém poucooo desenvolvida ...
Talvez mais pra frente eu leria ele novamente , TALVEZ! por hoje não é algo que eu faria questão de ter na estante
Samira :) 03/07/2020minha estante
Eu entendo! Senti um pouco a mesma coisa que você embora tenha gostado muito do livro! Talvez tenha sido a expectativa criada ou o momento em que foi lido... Ou gosto também, não sei rs


Neferet 04/07/2020minha estante
Acho que foi o misto de tudo isso hahaha , não tava muito no clima, mas prometi que ia ler pra uma pessoa , aí juntou a expectativa, e a falta de tema do meu agrado tbm kkkk




spoiler visualizar
Maria17758 29/10/2021minha estante
TACA O PAU DU


dudinha 29/10/2021minha estante
amg sua louca tem spoiler!! vc não leu né???




Isa lê as vezes 28/07/2021

Admirável mundo novo
Se eu estiver errada, por favor me avisem, mas toda e qualquer distopia que eu já tenha lido me cansa muito. Parece que não existe história até depois do décimo capítulo, até lá temos que aprender sobre o mundo e seu funcionamento (sim, é muito importante, mas não tem nada acontecendo e a história parece que não acontece nunca). Só pela metade do livro eu comecei a me interessar, e dou 4 estrelas porque eu definitivamente gostei dos ensinamentos e do final.

Final este que admito ter demorado mais do que o necessário pra entender, o que me custou a necessidade de ler e reler os dois últimos parágrafos várias vezes ??
Gustavo.Martins 28/07/2021minha estante
Nossa, concordo em partes, por que a construção de mundo dele aconteceu em 2 ou 3 capitulos ()


Gustavo.Martins 28/07/2021minha estante
Enviei sem querer, não sei editar... enfim, e daí eu já acho que ele começa a história, ta mesclada com mais construção de mundo, sim, mas ja tem outros contornos. Minha impressão. Depois desse comecinho eu tava preso demais. Mas te entendo.




Procyon 17/12/2021

Admirável Mundo Novo - resenha:
"Ninguém é mais escravo do que aquele que se julga livre sem o ser."
- Goethe

Admirável Mundo Novo é um romance escrito por Aldous Huxley, publicado em 1932, sendo considerado uma das primeiras distopias modernas. Ao contrário de outro clássico distópico, 1984, de Orwell - que retrata um regime extremamente totalitário que usa do controle populacional através da força e da espionagem, manipulando ou distorcendo os fatos e punindo severamente aqueles que se contrapoem -, Admirável mundo novo, de Huxley, parte de uma premissa extensamente distinta: onde a população não é dominada pela força bruta, mas sim pelo condicionamento reprodutor de pseudo-fatos e de pseudo-verdades. Huxley apresenta uma sociedade que opta pela própria escravidão hedonista.

"Cada um pertence a todos" é o principal lema dessa sociedade, maximizando essa busca pelo prazer momentâneo e mundano através da promiscuidade, todavia excluindo quaisquer possibilidades de vínculos afetivos e repelindo o laço familiar. A droga soma serve como uma outra forma de servir a vontade do Estado, tomada diariamente e adormecendo quaisquer aflições da mente humana. Huxley faz uma excelente escolha em adotar tal premissa em seu enredo - a população que é eternamente anestesiada pelo prazer que proporciona a estabilidade e menos riscos para o governo.

Isso é algo como diz Neil Postman, em seu livro "Amusong Ourselves to Death": "Orwell temia aqueles que banissem os livros. Huxley temia que não houvesse motivos para se banir os livros, pois não haveria quem os quisesse ler. Orwell temia aqueles que nos privassem de informação. Huxley temia aqueles que nos dessem tanta informação que ficaríamos reduzidos à passividade e ao egoísmo. Orwell temia que a verdade nos fosse ocultada. Huxley temia que a verdade se afogasse em um mar de irrelevância. [...] Orwell temia que aquilo que detestamos nos arruinará. Huxley temia que aquilo que amamos nos arruinará."

Cada vez mais vemos uma homogeneização cultural (ou uma indústria cultura) que determina um padrão apelativo e psicoativo, muito através da erotização e da volúpia que traz essa decadência humana no consumo de prazer efêmero através do produto, do conteúdo formuláico e imediatista.

Nesse mundo (do livro), os anos são contados a partir do nascimento de Ford, que é uma espécie de mártir messiânico que instaurou alguns valores no mundo e deu início a esse sistema de organização de sociedade. Os valores que esses indivíduos carregam inconscientemente durante sua vida são a coletividade, o repúdio aos vínculos amorosos e à amizade, e há também o estímulo do consumismo exacerbado e da busca permanente pelo bem-estar a fim de promover a estabilidade e a ordem social. A história se passa em Londres, no ano 2540 d.F., onde a obra antecipa o desenvolvimento tecnológico reprodutivo, a hipnopedia, a manipulação psicológica e o condicionamento clássico, que se combinam para mudar profundamente a sociedade.

A liberdade desses indivíduos que vivem nessa sociedade é restringida pelo prazer - o sexo é usado como um pilar dessa sociedade que funciona como forma de escapismo de qualquer sentimento negativo. Os sujeitos são precondicionados biologicamente a viverem em harmonia com a sociedade. As relações familiares, o amor romântico e monogamia deixaram de existir nesse mundo - pois "emoções fortes poderiam acabar em angústia em sofrimento".

O governo tem controle da vida das pessoas antes mesmo delas nascerem por meio de usinas de inseminação artificial. A sociedade se organiza por meio de um sistema de castas. As pessoas são separadas em grupos: Alfas, Betas, Gamas, Deltas e Ípsilons - onde, na linha extrema decrescente, os hiperestimulados a serem mais inteligentes, mais capazes, mas robustos e mais belos, e os que ocupavam altos cargos na sociedade; até o extremo crescente, grupos inferiores que trabalhavam para os superiores através do trabalho braçal e em condições precárias (mas ainda assim sendo condicionados desde cedo a serem plenamente satisfeitos com sua vida) -, e cada casta era tratada de maneira diferente.

A obra transpõe a maximização da estabilidade por meio do controle da inoculação do aprendizado pelo sono, muito por meio de uma droga de euforia e prazer que permite a obediência (o soma), ou seja, o indivíduo agora deixa de ser um átomo indivisível e passa a se tornar uma molécula moldada pelo controle coercitivo - um tijolo na parede (ou uma peça na linha de montagem, já que há essa analogia com o fordismo). Na dimensão de pessoas reduzidas a coisas que amam a escravidão, que amam a alienação - que repelem qualquer fresta de liberdade do indivíduo -, que ouvem mantras para fixar-se em seu subconsciente, ainda assim acaba havendo resquícios de uma dimensão subconsciente (alguns diálogos entre Lenina e Fanny Crowe demonstram bem isso) de afetos, de sentimentos; contudo quando existe esse resquício de emoções, esses personagens já nem conseguem lidar, pois, foram condicionados a comportar-se de outra forma.

É um livro bastante subversivo, quebrando uma série de paradigmas tradicionais das distopias - o indivíduo que vive dentro de determinada sociedade e percebe sua condição alienante, e decide se rebelar. Aqui, no entanto, Huxley, quebra essa linha narrativa (que, inicialmente, o leitor pode achar que Bernard Marx é o protagonista que irá se rebelar) e decide transferir esse papel protagonizante para um indivíduo que vem de fora dessa sociedade (no caso, John, o sr. Selvagem). Nesse sentido é que Admirável mundo novo se aproxima muito mais da ficção científica (o gênero mais realista de todos) do que propriamente de uma distopia como a de Orwell ou Bradbury. Isso tudo sem contar as inúmeras referências inseridas nos nomes de alguns personagens - como Bernard Marx, Lenina Crow, Polly Trotsky, Darwin Bonaparte, Nosso Ford (ou "Nosso Freud"), etc.

Os personagens são inundados de pressão social e de alienação. São condicionados a repelirem a dor para que não encontrem a verdade, o bem, a redenção. John, no entanto, aprende a ler por Shakespeare (que, por sinal, recita-o em diversos momentos), ele possui contato com ritos primitivos de sua comunidade, ele busca a redenção, ele busca sua verdade. Nem mesmo Bernard se mostra de tal forma indissolúvel (pelo contrário, acaba muitas vezes parando no amago da inveja e do ódio pelo índio, inclusive). O final do livro se torna algo desesperador e desolador. A obra mobiliza uma série de questões relevantes para os dias de hoje - como a dominação da realidade por meio da biotecnologia, ou o controle que o Estado e a mídia exercem na sociedade -, e é, sobretudo, um livro profético que passa as tendências que se desenvolvem pela história do Novo Mundo, um novo mundo nem tão admirável.

"Não quero conforto. Quero Deus, quero poesia, quero o autêntico perigo, quero a liberdade, quero a bondade, quero o pecado?"
Bookstan 17/12/2021minha estante
Baita resenha


Procyon 17/12/2021minha estante
Muito obrigado pela consideração.




Mauricio101 17/07/2020

Admirável mundo atual
Apesar de ter sido escrito há quase 100 anos, é uma leitura muito atual. Talvez por isso, não me deixou tão perplexo como 1984 de George Orwerll, não senti tanto, aquela tensão do governo totalitário e controlador. Mas, tenho que concordar que Aldous Huxley foi mais profético. Não que estejamos muito longe da realidade retratada em 1984. Mas, podemos quase que completamente presenciar hoje, o "Admirável mundo novo".
Jonas.Doutrinador 17/07/2020minha estante
Li tem pouco mais de um mês. A sensação é que tomei um soco no estômago e de brinde ganhei um óculos de raio-x. 1984 está na fila pra eu ler.


Mauricio101 17/07/2020minha estante
Bem por ai, vc toma um socão é pensa "pera, já vivemos no Admirável mundo novo". Sobre George Orwell - 1984, foi o melhor livro do gênero que já li, não que eu tenha lido muitos livros desse gênero, mas, até o momento tá com a medalha de ouro.




spoiler visualizar
Fer Paimel 09/08/2020minha estante
Nossa, preciso reler esse livro! Li durante o ensino médio e lembro de ter adorado, mas me lembro pouco do enredo... e com certeza hoje terei um olhar diferenciado sobre tudo que ele fornece! Adorei sua resenha!


Matheus 09/08/2020minha estante
Esse livro é incrível! :) Ótima resenha!




Sarah 25/07/2020

Quando duas ordens sociais completamente opostas se encontram na intolerância
Mais do que uma distopia, um lugar ou estado imaginário em que se vive em condições de extrema opressão, desespero ou privação (comuns às duas realidades do livro), como é contado no livro, Admirável Mundo Novo conta a historia de alguns personagens comuns, os quais poderiam ser vividos por qualquer um de nós.
Bernard, que por ser julgado e incompreendido, pensou que poderia simplesmente ser aceito ao apresentar um prêmio. John, também injustiçado por uma vida inteira, achou que finalmente seria valorizado e reconhecido em igualdade. E Linda, por nunca se encaixar na nova realidade que lhe é imposta. Pobres personagens.

Os mundos civilizado e não-civilizado, como são chamados no livro, estão mais próximos do que o autor relatou. Em um, não existem os sentimentos de amor, liberdade ou distinções, em função da estabilidade social e econômica. No outro, o amor extremo é uma regra, mas a liberdade e as distinções não existem, em função de uma situação de pobreza extrema.

Estaríamos nós, vivendo simultaneamente nessas duas ordens sociais e somente cultuando seres diferentes? Ou talvez o autor tenha reconhecido este abismo refletido nas nossas classes sociais modernas. E enquanto você se vê tão próximo do mundo não-civilizado, tem gente vivendo a civilização neste exato momento.
Matheus 09/08/2020minha estante
Eu amei a resenha!
E o questionamento me fez refletir: qual é o nosso soma?


Sarah 17/09/2020minha estante
ou quais SÃO os nossos soma?




3999 encontrados | exibindo 121 a 136
9 | 10 | 11 | 12 | 13 | 14 | 15 |


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR