spoiler visualizarDani 14/02/2024
A inocência habita os dois lados da cerca
O que mais me abalou nesse livro é a demonstração constante da inocência.
Não é um livro de informação óbvia, é um livro de compreensão das entrelinhas e do saber interpretar cada palavra e seu significado restrito.
Bruno é um garoto extremamente inocente e muitas vezes,causa desconforto, mas é compreensível devido o lado da cerca que ele pertence. A classe privilegiada é sempre a que não é exigida ter conhecimentos do mundo ao redor e nem da razão pelas quais as coisas acontecem. Eles só nascem assim e não se importam com o que não foi concebido daquela forma.
A diferença da inocência do Shmuel para a do Bruno é completamente reveladora, a do Bruno é envolta e nublada pelo mimo, pela benfeitoria e pelo prazer, a do Shmuel é dolorosa, é triste e contornada pelo medo. A classe subjugada é na qual se encontra todas as respostas para as questões que levam os privilegiados a seus postos.
Porém, ainda sim, a inocência é o ponto central do livro.
É o início e é o fim.
É a inocência da infância e ela não pode ser julgada ou analisada pelo olhar adulto, embora tenha sido escrito por um adulto.
Gostaria que assim como O Diário de Anne Frank foi escrito, esse livro também tivesse sido escrito por uma criança sobrevivente do Holocausto.
Só assim a inocência e a infância teriam sido verdadeiramente puras.