Fernando 06/05/2021
Em busca de si mesmo
“... se as coisas forem mal, não te direi: Não temas! Teme o que deve ser temido, somente isso, e o medo não te desalenta”. (página 49)
“Dá com mão generosa, mas só o que é teu” (página 52).
Em todas as vezes que eu ouvi falar sobre esse livro, invariavelmente, sem pestanejar, ele era descrito como “a obra mais sombria do universo da terra média”. E após concluir sua leitura não posso deixar de concordar com essa afirmação.
Claro que existe o detalhe estrondoso de eu não ter lido (ainda) o “O Hobbit” muito menos a trilogia “O Senhor dos Anéis”, o que ficaria incongruente da minha parte afirmar ser esse de fato o livro mais pesado desse universo. Mas essa é uma daquelas condições que dispensam a necessidade de verificar o óbvio.
Hobbit se trata da aventura de Bilbo Bolseiro e de como ele encontra “O Anel” e consequentemente sua luta para voltar ao seu condado. Senhor dos Anéis trata da busca desenfreada de elfos, humanos e anões em vencerem os exércitos Orcs e impedirem o retorno de Sauron.
Acontece que ambas as histórias possuem um fundo de esperança. De uma luta que pode ser realmente vencida. O que não acontece em momento nenhum em “Os filhos de Húrin”.
Esse é um livro pessimista, com uma gravidade densa e que a todo momento deixa claro que a maldição de Morgoth (o Valar caído, como Lúcifer na cristandade), contra os filhos de Húrin e Morwen, os lança a um destino de sofrimento e dor.
Em nenhum momento é dado esperança ou resquícios de superação. Tudo o que vemos são personagens caçados e que constantemente são conduzidos a armadilhas, que os presenteiam com novas cicatrizes corporais ou espirituais. E então, quando chegamos no fim derradeiro, finalmente nos é revelado o quão obscuro o valar caído pode ser.
Ou seja, tudo aqui mostra o quão Morgoth é de fato o maior mal da terra-média, fazendo Sauron não passar de um simples general astucioso.
“Os filhos de Húrin” vale cada página. Com uma narrativa séria, profunda e tocante, não é de se estranhar do porquê Tolkien merecer tanto respeito e prestígio na literatura mundial!
Obra mais do que recomendada!