Jardim de histórias 23/02/2024
"Sing me to sleep"
Asleep ??
"Porque eu acho que todos nós nos esquecemos às vezes o quanto somos especiais. E eu acho que todo mundo é especial à sua própria maneira".
Por favor, leiam essa resenha até o final, gostaria muito de compartilhar os aspectos emocionais com vocês.
Um romance epistolar extremamente sensível, que abordará temas mentais com muita sinceridade e singularidade, trazendo de forma progressiva o sofrimento social de quem tenta sobreviver aos transtornos mentais e, de certa forma, conviver em sociedade.
No auge da adolescência o jovem Charlie, sobrevive assistindo à vida, entrincheirado através do véu da introspecção, se submetendo a somente querer agradar aos seus poucos amigos, sofrendo não somente às dificuldades da transição peculiar a adolescência, mas também as dificuldades de se relacionar, tendo que conviver com seus dilemas, surtos psicóticos, traumas e exclusão.
Mesmo com muita melancolia, Charlie tentará buscar seu lugar social, sua razão, contando com a rede de apoio de seus amigos e o conforto e o autoconhecimento evolutivo que o fato de escrever às cartas lhe coloca.
Sobre o aspecto técnico, o autor consegue encantar o leitor com uma leitura simples, sensível, capaz de arrebatar os leitores propensos a uma conexão com a história, escrita de forma saborosa ao nosso conhecimento, mesmo abordando um tema tão denso. O leitor tem a facilidade de perceber, de forma tangível, as impressões do ponto de vista juvenil. Em meio a surtos, dúvidas, conquistas, graças a uma bem sucedida transferência, como se de fato o autor fosse o jovem Charlie, que vai nos contando sua história sob seu prisma singular. O final dessa história foi, na minha opinião, uma das coisas mais lindas e motivadoras que já li, me emocionando profundamente.
Eu fui facilmente fisgado pela história, me colocando no lugar de Charlie e dos demais do seu convívio, e essa experiência trouxe muitas reflexões, sensações, o que me deixou muito emotivo, pois me vi em vários momentos como o Charlie. Fui um jovem introspectivo, tive muita dificuldade de me relacionar e de me aceitar, escolhendo o isolamento social. Em momentos da minha juventude, minha introspecção me levava para esse lugar de isolamento, nem sempre tive uma rede de apoio, mas assim como Charlie, eu venci.
Ah! Charlie, você tem toda razão, nós somos muitos, somos infinitos.
Com amor infinito
Leo