Ana Júlia Coelho 09/08/2023É o ano 2000. Acompanhamos Ana esperando que esse novo ano seja fantástico, mas seu pai logo lhe traz uma bomba: eles se mudarão em 2 semanas. Sendo criada só pelo pai, Ana imagina como seria sua vida caso também tivesse a mãe do lado. Assim, ela evita conversas profundas com Celso, mantendo segredo de algo importante para ela, com medo da reação que ele possa vir a ter. Agora eles precisam lidar com essa mudança iminente e os sentimentos que essa despedida pode despertar.
2010, e somos carregados para a vida de Greg. Seus pais mandaram o menino ir passar um tempo com a tia, já que estão passando por um divórcio. Greg é colocado como atendente na locadora de filmes da tia – quem, em 2010, mantém uma locadora aberta? – onde acaba conhecendo Tiago. A casa 8 é testemunha de como essa paixão surgiu forte e arrebatadora. Enquanto tenta conquistar esse rapaz, Greg tem uma ótima ideia para evitar que o negócio de sua tia vá à falência.
2020, e Beto está isolado em casa por conta da COVID. Vivendo só com a mãe, a irmã decide se juntar à dupla para enfrentar esse momento terrível pelo qual o mundo está passando. Essa é uma oportunidade para se aproximar e deixar de lado toda a invejinha que Beto sempre sentiu da primogênita. Enquanto tenta ter um relacionamento bom com a irmã, ele fotografa coisas que lhe dão vontade (dentro de casa e através da janela), se sente em dúvida sobre o que fazer na vida e mantém em segredo seus sentimentos por um amigo virtual.
As histórias são simples e se intercalam, mas cada década me despertou muitas lembranças, me fazendo basicamente viajar no tempo. O ano 2000, com Ana e seu discman e o início da internet no Brasil. 2010, com o fim das locadoras e a era do download de filmes piratas. E 2020, com todo o caos que se instalou durante a pandemia, principalmente como precisamos nos virar para não morrer de tédio. Me identifiquei com cada personagem em certos momentos. No início a casa se faz bem presente, com alguns comentários espirituosos, mas depois senti que ela foi um pouco esquecida como narradora, deixando passar momentos em que um palpite dela seria certeiro. Mas gostei das histórias, dos conflitos e das resoluções, mesmo não tendo certa complexidade, já que o livro é bem curtinho. Também gostei bastante do jeito que alguns personagens dos anos anteriores são citados por cima nos anos subsequentes e como a vida deles evoluiu, mesmo não sendo os protagonistas das histórias das quais fizeram parte.
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