arilopes 30/06/2022
Sangue e Mel
Antes de tudo, gostaria de dizer o quanto esse livro me ofereceu boas risadas. A dinâmica entre Beau, Ansel, Lou e Coco é mega divertida, uma verdadeira relação de amor e ódio! Todavia, embora tenha amado os momentos extrovertidos dos personagens, achei o começo da narrativa vagaroso, acredito que a autora demorou muito para fazer com que o enredo da narrativa andasse, para que os estratagemas fossem logo decididos pelos personagens. No entanto, a partir do momento que os personagens seguem os planos traçados a narrativa ganha dimensão e imersão do leitor.
Ademais, como ressaltei na resenha de Pássaro e Serpente, Mahurin tem um estilo de escrita diferente do que estou habituado, porém senti que nesse livro consegui me familiarizar com o seu modo de escrita, assim, é com o mais singelo elogio que diga que a escrita de Mahurin é descomplicada, sem rodeios e coesa. É uma narrativa absolutamente acessível e homogênea. Além disso, já mencionei e vou repetir: Mahurin você foi incrível em escrever uma narrativa em primeira pessoa sob a perspectiva dos personagens principais! Dessa maneira, o leitor se sente mais afeiçoado aos personagens, bem como consegue entender o caminho que percorreram para tomar determinadas atitudes.
Além do mais, ao que cabe a Lou e Reid, gostei como a autora construiu a narrativa de ambos, porém, Mahurin deixou a desejar o porquê dos poderes de Lou estarem mudando e, consequentemente, tornando-a mais poderosa, espero não me decepcionar com o não esclarecimento desse fato no próximo livro. Sobre o Reid, é impressionante acompanhar o desenvolvimento dele, é nítido um "antes de Lou" e "depois de Lou" do personagem, como também sua aceitação da sua relação com a magia e das escolhas passadas que ele se martiriza tanto. O arco de Reid é um dos mais lindos desse livro, é de como ele aprende a amar. Anseio ver o quão poderoso o Reid pode tornar-se se ele se permitir abraçar sua verdadeira identidade, cada pedacinho de si mesmo.
Outrossim, gostei da introdução de alguns novos componentes na narrativa, como os loups-garou, as Dames Rouges e a Troupe de Fortune ? Claud, Toulouse e Thierry vocês foram os personagens mais inusitados. Além disso, seria incrível se a Deusa em pessoa aparecesse no próximo volume, quero mais explicações do universo das bruxas e dos bruxos. Outro ponto da narrativa que foi uma facada no peito, é de como Ansel requer aprofundamento, sinto que ele foi deixado de lado, muitas vezes, durante a narrativa. Isso foi muito injusto, Mahurin! Aliás, um ponto que não compreendi é ao que diz respeito ao Bas, ele retorna neste livro e depois é deixado de lado na trama. O que aconteceu com ele? Por que não se tornou um aliado? Fiquei perdido, absolutamente ninguém conta o que aconteceu com ele. Ele é, literalmente, esquecido da narrativa!
Em síntese, o segundo volume da trilogia tem algumas reviravoltas previsíveis e um enredo mais político, visto que os personagens estão em busca de aliados para a sua causa. Além disso, a trama órbita ao redor de um acontecimento lúgubre e seus desdobramentos, de certo ponto é uma narrativa mais lenta, porém não está isenta de cenas de ação, romance e introspecção. Ansioso para o que me aguarda no encerramento da história da Lou e do Reid!
"Quando uma pessoa traz mais dor do que alegria, você tem todo o direito de deixá-la para trás."
"Às vezes machuca lembrar dos mortos como eles eram, em vez de quem gostaríamos que tivessem sido."