Thalissa.Betineli 10/01/2022
Vampiro nacional que merece demais ser degustado!
O primeiro fato que tenho a dizer sobre esse livro é que ele não é, nem de longe, o que a premissa inicial promete. Ele é mais. Ele avança. Ele expande.
Imagino-o como uma aranha pequena, que, conforme a história avança, estende suas teias até formar uma armadilha tão grande e criativa que se torna impossível escapar dela. Pelo menos, até que você tenha terminado a sua leitura.
Sou extremamente apaixonada pelo universo vampiresco, pelos seres sobrenaturais que ocupam as sombras e que, na calada da noite, nos mostram o quanto somos infinitamente inferiores na cadeia alimentar do mundo da fantasia.
E aqui, Dragos, nosso protagonista milenar, não se difere em absolutamente nada da descrição: ele é um vampiro. É a própria escuridão e se banqueteia nela. No entanto, antes mesmo de nos depararmos com um ser que conquistará até a última gota do nosso sangue, conheceremos primeiro Alma que, assim como seu nome, carrega a alma do livro. E esse significado é total, pois ela conduz toda a trama, ela é a linha que une, ela é aquela com quem iremos enveredar no universo que a autora criou e descobrir, juntas, cada segredo.
Ao ser uma herdeira, além de ter sérios problemas familiares, que resultam em sua ida, sozinha, para os Cárpatos, Alma termina por conhecer diversas pessoas em seu caminho e, em uma decisão irresponsável, mesclada com teimosia, desobedece o que sua mãe, em vida, ordenou que fizesse. Por conta desse atrevimento, Alma conhece Dragos, um ser que, de olhos vermelhos, uma beleza estonteante e presas que perfuram veias e drenam sangue, se apresenta como um vampiro.
Mais do que vampiro, ele é um líder de um clã, direto de uma linhagem de transformação que o torna extremamente poderoso... Com 1600 anos! É assim que, aos poucos, somos apresentadas ao universo de Sombrio e Irresistível, formado por diversos seres mágicos com que, com muito brilhantismo e criatividade, a autora conseguiu conectar e introduzi-los de forma sutil e natural na história, a ponto de que todos, ali, coexistindo em um um mesmo universo, seja coerente e crível.
Dragos está em meio a uma guerra, e preciso dizer, que guerra! Foi neste momento que o livro me arrebatou, quando mostrou ao que veio, quando expandiu tudo o que pretendia, e ainda assim, guardou muitas cartas na manga que só mais tarde seriam reveladas.
Cartas essas que surpreendem e me fisgaram de uma maneira que mesmo quando não podia pegar o livro para ler, pensava nele e em como a conclusão aconteceria, pois a Cinthia não nos dá muitos vislumbres de como tudo findará. Não! A cada capítulo, somos jogadas em mais reviravoltas, mais contextos a serem explicados, mais descobertas que culminam em um momento crucial da história... e como eu disse, tudo interligado, como uma imensa teia de aranha que nos prende. Nos envolve. E nos consome.
Falando em consumir, foi dessa maneira que me senti em todas as cenas eróticas (um vampiro, por si só, para mim, é altamente erótico que beira ao mais obsceno possível - sim, eu sou extremamente cadelinha de vampiros). Dragos tem um corpo quente no sentido figurado, tem uma frieza em sua pele, no sentido físico, que, unidas, colapsam no mais sensual possível, além da sua desenvoltura que, meu Deus, causou um forte desejo por aqui. São cenas pontuais, essenciais para o romance e que trazem consigo caraterísticas dos personagens.
Esses, muito bem desenvolvidos. Enquanto de um lado temos uma Alma mais extrovertida, carismática, sagaz, inteligente, devoradora de conhecimento e pé no chão, com quem podemos nos identificar, do outro, temos um ser que beira ao autoritarismo (com os outros, com a Alma, Dragos só falta latir), taciturno e um pouco temperamental, com um passado sangrento e que possui muita autoridade em um clã de vampiros. Ele é poderoso. Ele é respeitado. Ele é deliciosamente gostoso.
E é nessa combinação que percorreremos segredos, guerras, histórias, raiva, ódio, amor, sacrifícios e muita, muita fantasia, que se explode em um universo incrível, que nos entusiasma e nos faz querer entrar no livro para conhecer os lugares, descritos com muita destreza, detalhadamente para que possamos vislumbrá-los - como por exemplo, a questão do céu em um certo plano, ou até mesmo uma das vilas do vampiros. Mais do que isso, todas as relações são bem construídas e seguem o ritmo frenético e delicioso que nos leva a odiar certos personagens, a perdoar e gostar de outros e, principalmente amar Dragos e Alma.
O trunfo final é sensacional, as descrições, a ousadia com que a história se permite ir além, tudo, unido a uma escrita que eu adoro, faz deste livro um dos meus favoritos do ano, e isso que estamos ainda em janeiro, mas já ouso dizer que, ao ter a escrita da Cinthia + fantasia + vampiro, é certo que o seu lugar no meu coração é garantido!