Anna Mendes 04/04/2021
Uma história com potencial, mas que acabou me decepcionando.
“A Filha Ideal” é uma novela sobre identidade e imagem da mulher na mídia, que reconta, em dias atuais, a história da princesa Jasmine, de Aladdin. A protagonista é Yasmin. Ela cresceu não apenas com a fama, mas com uma reputação impecável, a ponto de ser chamada de “A Filha Ideal” por uma revista. Contudo, aos 23 anos, ela passa a questionar se sua imagem, bem como as músicas que canta, realmente a representam.
Motivada por um desejo de mudança, ela propõe ao seu pai e empresário, o Sultão do meio musical, começar a compor as próprias músicas e a apresentar um estilo mais seu. Entretanto, após a agência de seu pai quase ter falido, Yasmin se vê presa a um contrato milionário que pode salvar o Sultão, ainda que para isso ela continue prisioneira de uma identidade a qual ela não sente mais pertencer.
Essa foi a segunda novela da antologia “Femme Fatale” que eu li. A primeira foi “Entre a Cruz e a Espada”, da qual não gostei. Resolvi dar uma chance para “A Filha Ideal” porque já li outras histórias da Aione e gostei muito, por isso minhas expectativas estavam um pouco altas. Mas, apesar de ter sido melhor do que a primeira novela que li, ainda assim não foi tudo aquilo que eu esperava e acabei me decepcionando.
Eu gostei da narrativa que a Aione escolheu para a história. Ela é narrada na forma de diário, intercalando com reportagens de jornal, revistas, sites de fofoca sobre a protagonista e letras de música. Eu gostei disso, porque deixou a história mais dinâmica.
No entanto, mais no final da novela, a autora optou por contar os principais acontecimentos e revelações através dessas reportagens. Depois ela retoma a narrativa em primeira pessoa pela protagonista, para explicar melhor o que realmente aconteceu. Eu entendo o motivo dela ter escolhido esse caminho, mas, honestamente, não gostei dessa forma. Eu preferiria que ela tivesse mantido a narrativa intercalada, porque da forma que foi, acabou deixando a história muito corrida.
E com relação ao final, infelizmente, eu não gostei. Não gostei, pois a protagonista toma certas atitudes que eu não concordo, talvez porque vão contra os meus valores. Foi aquela ideia de que “os fins justificam os meios”. Mas não acho que isso realmente funcione.
Sem contar que eu achei um paradoxo as atitudes da protagonista. Ao longo da história ela quer ir contra a ideia de ser uma “pobre garota rica”, por conta dos problemas e dos privilégios que ela possui. Mas no final ela usa justamente esses privilégios para conseguir o que quer, e de uma forma que eu não concordei. O final ficou aberto para uma possível ideia de perdão e redenção, mas não sei se compensa o que aconteceu.
Além disso, apesar de eu ter achado a leitura envolvente, eu não consegui me sentir conectada com a protagonista. Foi difícil sentir empatia por ela.
Outro ponto é com relação ao romance que existe na história. Eu sei que em uma novela, por ela ser uma história curta, as coisas precisam acontecer de uma forma mais rápida. Ainda assim, a forma como os personagens se sentiram conectados e se apaixonaram não pareceu real para mim e acabou não me convencendo.
Enfim, eu estava gostando da leitura, mas as atitudes da protagonista no final acabaram me incomodando e fazendo com que eu me decepcionasse com a trama. Essa foi a história da autora que menos gostei até agora.