Cássio Cipriano 13/10/2021Se um fantasma lhe pedisse para enterrar seu cadáver, o que você faria?O título de "Eu, meu melhor amigo e o cadáver que acabamos de enterrar" já revela bastante sobre o conto curtinho, de apenas 31 páginas, que conta a história de Kaio, um rapaz de 20 anos que é médium. Apesar dessa palavra não ter sido usada na história, Kaio pode ver fantasmas e se comunicar com eles. Geralmente, com assuntos pendentes, que morreram de forma trágica, inesperada, e recorrem a ele para pedir favores. Esse é o caso de Otávio Augusto, um cantor pop que morreu de maneira trágica e recorre a Kaio para que ele dê um jeito de enterrar seu cadáver antes que seja encontrado pela polícia e sua morte ganhe a mídia.
Achei esse conto muito interessante e me fez refletir sobre como a morte de pessoas famosas costumam ser exploradas pela mídia. Na história, Otávio Augusto, que morre de uma maneira da qual se envergonha, não quer que suas fãs tomem conhecimento disso, pois ele prefere ser lembrado pelo seu talento e seu trabalho, em vez de ficar marcado por uma morte trágica. É bem interessante como a autora consegue trazer essa reflexão, mesmo que de forma implícita, pois é muito comum vermos a morte de pessoas famosas virarem notícia e serem exploradas por semanas ou mesmo meses em programas de TV, ao ponto que muitos passam a conhecer aquele famoso por conta da sua morte e aquilo é o que fica marcado para sempre: como a pessoa morreu, e não o trabalho que ela fez ou o legado que ela deixou.
Apesar da minha reflexão, que, devo admitir, foi mais subjetiva, não é algo que está explícito na história, o conto tem uma pegada divertida, os personagens são carismáticos e seria bem legal ver uma continuação, pois fica algo em aberto no final e eu, particularmente, fiquei muito curioso para saber se o Kaio, no futuro, vai ter coragem ou não de tomar uma atitude sobre aquilo.
Adrielli Almeida, nunca te pedi nada! Hahahah :3
site:
https://cassiocipriano.com.br/