Cristiane.Cardoso 27/03/2022
Ler Clarice Lispector é um desafio pessoal.
Toda vez que a leio, sou tomada por uma energia que me faz mergulhar mais fundo em minha vida, me conhecer melhor. Mas acredite, ler Clarice não é uma tarefa fácil.
Acredito não ser capaz de ler na estrelinhas da escrita de Clarice, de fazer uma análise pormenorizada da sua obra, da sua maneira de desvendar os mistérios do mundo, pois nem sempre compreendo ao menos o que ela fala.
Ao terminar a leitura de A paixão segundo G.H., parece que minha cabeça ia explodir. Foi uma leitura bem difícil, de grande profundidade filosófica, onde ela fala sobre o seu lugar no universo, sobre o pensar e o sentir, sobre as inquietações e reflexões acerca da vida de G.H., a protagonista da história que se sente perdida e sem propósito no mundo.
Um quarto de empregada, um desenho feito com carvão na parede e uma barata levam G.H. a mergulhar numa profunda reflexão sobre suas individualidades.
O dilema de G.H. inicia quando ela decide fazer uma limpeza no quarto de empregada e aparece uma barata, que em meio ao pavor, não vendo outra forma de fugir, ela enfrenta os seus próprios medos e fecha a porta do armário separando a barata no meio. Ao sentir a dor de matá-la, G.H. mergulha também nas dores guardadas em seu âmago. Sentimentos estagnados, nunca expressados ou mal resolvidos que agora se revelam para si mesma, num intenso fluxo de consciência vivido pela personagem.
Sinceramente, parece que minha mente está muito mais embaralhada que a de G.H., ou a de Clarice.
Se gostei ou não? Só acho que não li num momento certo. Terminei a leitura com essa certeza e com a sensação de que ainda devo voltar a ler.
Amo Clarice, mas confesso que G.H. não me cativou. Queria muito ter gostado do livro, mas quem sabe futuramente, em uma releitura, quando eu estiver "mais organizada" do que estava agora, eu possa mudar minha opinião.
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