Bianca 30/05/2011
Mais uma resenha do http://redomadecristal.com.br
Quem leu a última postagem da coluna Quero ler! Quero ver! já sabia o quanto eu queria conhecer esta história.
Um Dia, de David Nicholls, tornou-se o meu livro favorito. Aquele que eu levaria para uma ilha e salvaria da fogueira se pudesse escolher apenas um.
Não sei se lerei algum dia outra história que possa me tocar tanto quanto essa.
Conheci o filme primeiro, só depois soube que tinha um livro. Sou eternamente grata à Editora Intrínseca por publicá-lo no Brasil. Agora aguardarei ansiosamente para o lançamento do filme e estarei lá na estreia para me emocionar muito.
O que Um Dia tem de tão especial?
Tentarei explicar os motivos, mas, antes de mais nada, adianto que há um encaixe perfeito entre meu coração e esse livro. De certa forma, ele foi escrito para mim e minha história me moldou para que ele fosse o meu favorito dos favoritos.
Tinha muitas expectativas. Elas eram gigantescas. Sempre dá medo nesses casos porque muitas vezes a leitura fica a desejar. Com Um Dia, cada uma das minhas expectativas foi superada e ele me marcou.
Nem todos gostam de ler livros profundos, que se choquem com sua vida e os faça refletir, que os emocione e faça chorar. Eu amo. Até leio para passar o tempo, mas os melhores histórias serão as que mais me tocarem profundamente.
Quando abri o livro me surpreendi com a segunda página. Ela é recheada de citações de pessoas que o leram e se encantaram. Estas foram as que mais gostei:
"A melhor história de amor atemporal para aqueles que sempre desejaram ter alguém que nunca tiveram." – Adele Parks
"Um livro brilhante sobre o assombroso hiato entre o que éramos e o que somos." – Tony Parsons
"É difícil encontrar um romance que trate o passado recente com tanto conhecimento de causa. É ainda mais raro encontrar algum que os protagonistas sejam construídos com tanta solidez, com uma fidelidade tão dolorosa à vida real." – Jonathan Coe, Livros do Ano do The Guardian, 2009.
Como escrever uma resenha digna deste livro?
Todos os personagens foram excelentemente bem construídos, incluindo os secundários. Eles existem. Poderiam ser seus vizinhos, seus amigos, seus irmãos. Suas características são tão reais, plausíveis e verossímeis que você não lerá o livro, você o viverá.
Dexter e Emma tornaram-se amigos no dia 15 de julho de 1988. Durante vinte anos teremos suas histórias narradas em cada dia 15 de julho. Eles não se encontram apenas nesse dia. Não, eles se veem constantemente numa época, ficam afastados em outras, mas sempre saberemos o que eles estão fazendo nesse dia do ano.
Desde o início fica claro que ela o ama e queria tentar algo a mais, mas Dexter está perdido em sua vida. Cheio de problemas pessoais e vícios que o destroem aos poucos. Ele sabe que ela é importante em sua vida, ele a ama do jeito egoísta dele, ele a quer por perto, tem consciência de que tudo fica melhor com a presença dela e, ao mesmo tempo, às vezes nem percebe o quanto ela está sofrendo por algum problema ou por ele.
"Mesmo naquele momento, em meio ao torpor do vinho tinto e ao desejo, Dexter se surpreendeu pensando no que Emma Morley diria." – pág. 34
Emma se preocupava com ele e odiava não conseguir tirá-lo da vida perdida que ele vivia. Ele sempre pensava nela quando fazia besteira e sabia que ela o recriminaria.
"Você é linda, sua velha rabugenta, e se eu pudesse te dar um só presente para o resto da sua vida seria este. Confiança. Seria o presente da Confiança. Ou isso ou uma vela perfumada." pág. 51
Em meio a sua vida confusa, e de um jeito completamente incoerente, Dexter a enxerga e sabe o que ela precisa fazer para ser feliz. Ela sabe o mesmo a respeito dele.
"Embora não fosse sentimental, havia ocasiões em que Dexter podia ficar quieto vendo Emma Morley rir ou contar uma história e saber com absoluta certeza que ela era a melhor pessoa que conhecia. Às vezes quase tinha vontade de dizer isso em voz alta, interrompê-la para fazer tal afirmação. Mas não era um desses momentos, e, em vez disso notou que ela parecia cansada, triste e pálida (…)." – pág 75
Emma e Dexter se completam. Em todo o tempo, eles estão juntos, ainda que separados. Eles estão ligados e David Nicholls narrou perfeitamente essa relação que permeia entre o amor e a amizade. Opa! É exatamente isso, caros leitores, o amor e a amizade estão por todo o livro. Acima de tudo o que acontece em suas vidas, eles são amigos e suas vidas são melhores o outro por perto.
"Não que algo pudesse acontecer: aquela janela se fechara alguns anos atrás, e agora os dois estavam imunes um ao outro, seguros nos confins de uma firme amizade." – pág. 81
A grande questão é que não é fácil viver nesta linha tênue. Estar tão perto e tão longe de alguém ao mesmo tempo. Não conseguir se afastar de alguém que é seu melhor amigo. Não importa o quanto sejam diferentes, não importa o quanto se magoem por estarem no limite da amizade e algo a mais. De uma forma muitas vezes irracional um precisa do outro. A verdade é que não dá para prever ou entender o motivo dessa necessidade de determinada pessoa em sua vida. A única certeza é que o tempo passará e eles continuarão por perto.
"Em oito anos, não se passou um dia sem que pensasse nele." pág. 288
Sim, quem me conhece sabe que sou suspeita para falar. O tema amor e amizade sempre será o meu preferido, sempre será o que me tocará mais, sempre será o que me fará chorar. Gosto tanto do tema que escrevi um livro mergulhado nele.
"Quando você conhece alguém que sabe exatamente como você se sente, conhece seu pior lado, sabe de todos os seus defeitos, esteve presente nos piores e melhores momentos, alguém que o ama sem pedir nada em troca e já não sabe mais onde começa a sua história e termina a dele, você não quer perdê-lo. Ainda que isso signifique lutar contra o que você sente porque, afinal, a única coisa que importa a você é que ele esteja bem." – trecho da sinopse de Entre o Amor e a Amizade. Foi assim que vi Emma durante toda a história e Dexter, em alguns momentos.
São tantas citações lindas. Não colocarei mais para evitar spoiler.
Leiam! Leiam! Leiam!
É só o que posso dizer. Certamente, será o livro da vida de mais pessoas.