Fernanda631 21/11/2022
O Festim dos Corvos
O Festim dos Corvos foi publicado em 17 de outubro de 2005 e é o quarto volume da série As crônicas de gelo e fogo (Game of Thrones), escrito por George R. R. Martin.
Após a mescla de sentimentos narrados em A Tormenta de Espadas, George R.R. Martin decide nos presentear com um cenário caótico onde reis foram destruídos e seu reino se encontra em um caos completo. Idealizado para ser um livro único com seu sucessor, O Festim dos Corvos apresenta uma trama mais política e centrada nos problemas da corte. O que pode ser um balde de água fria para quem esperava uma sucessão de lutas e batalhas, mas se mostra amadurecido e centrado em seu próprio jogo.
O Festim dos Corvos se passa ao mesmo tempo que o quinto volume da série, A Dança dos Dragões. Enquanto foca na jornada dos personagens presentes em Westeros, o quinto volume detalha os conflitos presentes na Muralha e além do Mar Estreito.
Em O festim dos corvos dois novos núcleos ganham destaque: as Ilhas de Ferro (comandadas pela Casa Greyjoy) e Dorne (berço da Casa Martell). Os capítulos que apresentam novos personagens com ponto de vista têm títulos como: “O profeta” (o religioso Aeron ‘Cabelho molhado’ Greyjoy) ou “O capitão dos guardas” (o guarda de Dorne, Areo Hotah).
Após o violento Casamento Vermelho, o Norte se encontra em um caos sem precedentes. A perda de seu rei colocou os senhores do Norte uns contra os outros enquanto os Homens de Ferro aproveitam o momento para emergir com um força implacável e avassaladora contra eles. Os jovens lobos sedentos por sangue e vingança estão dispersos pelas terras devastadas dos Sete Reinos enquanto a rainha regente Cersei chora por suas feridas e tenta manter intacta a força dos leões em Porto Real.
Arya abandonou Westeros rumo a Bravos, disposta a aprender uma técnica milenar que pode garantir a vingança que tanto almeja. Sansa se encontra nas mãos do mais ambicioso e maquiavélico lorde dos Sete Reinos, aprendendo seu jogo e a como usar tudo a seu favor. Já Jon Snow foi proclamado comandante da Muralha, mas, além de encarar o julgamento de seus irmãos por sua traição, o Bastardo de Winterfell precisa enfrentar a vontade férrea de Stannis Baratheon. E Bran desapareceu na vastidão branca das terras enigmáticas para além da Muralha, onde jogos políticos são os menores dos seus problemas.
Enquanto Euron Greyjoy consegue ser escolhido rei das Ilhas de Ferro e Olho de Corvo levanta seu povo para conquistar Westeros, Cersei Lannister enreda-se em uma rede de mentiras cada vez mais sufocante. Cercada por inimigos, a leoa se vê sozinha com um grupo de incompetentes que podem levar seus planos e seu poder à ruína. Um passo em falso e tudo pelo qual lutou pode ser jogado fora; um passo em falso e sua morte será certa.
Cersei não pode confiar mais em ninguém, nem mesmo no seu irmão. A Rainha Regente já perdeu demais e não permitirá que ninguém mais toque no que lhe resta. Durante três volumes acompanhamos as maquinações da leoa, mas agora podemos entender sua mente doentia e calculista. Cersei se acha superior aos demais mas não é tão inteligente quanto acha que é. Com um poder tão grande nas mãos, Cersei começa a se atrapalhar e mostrar as falhas que sempre apontaram no seu caminho. Mas com seus pensamentos ácidos e sarcásticos, é inegável que a Rainha rouba a cena e conduza alguns dos melhores plots da obra, nos proporcionando alguns dos melhores momentos e uma visão privilegiada da mente ensandecida da leoa que fará tudo para proteger seus filhos.
Enquanto a guerra se aproxima do fim, novos temores parecem surgir. A Estrada do Rei não é mais segura, os Sete Reinos estão devastados e no meio de toda intriga e tragédia, do outro lado do mar, histórias nefastas sobre dragões e sangue, fogo e aço e uma jovem rainha procurando por seu trono mostram que uma batalha política não é nada comparado ao que está por vir.
A primeira característica que o leitor estranha ao começar a folhear os livros é o fato de que alguns povs (pontos de vista) são nomeados com “títulos” (proféticos, talvez) e não com os nomes originais das personagens.
Nós esperávamos o desfecho empolgante dos nossos personagens favoritos, mas o livro apresenta A Crônicas de Gelo e Fogo no seu cerne mais puro: com disputas políticas e armações detalhadas que, se jogadas de modo leviano, podem levar a destruição de seus participantes. O livro pode parecer monótono e entediante aos que esperam batalhas grandiosas e choques intermináveis, mas ele se mostra afiado como palavras não ditas e é tão poderoso quanto maquinações veladas, mostrando toda sua magnitude a quem tiver paciência com suas palavras.
O maior problema do livro é o fato de o enredo não possuir nenhuma reviravolta maravilhosa e absurda. E por conta de estarmos extremamente ligados a esse estilo de escrita de Martin, o livro deixa um gosto de “queria ter sofrido ou chorado por algum personagem querido”.
Embora não avance tanto com a trama e não seja o melhor livro da saga, O Festim dos Corvos nos mostra um jogo poderoso que esta longe de acabar. Trazendo o poder contido em jogadas bem pensadas e nos fazendo mergulhar de cabeça nas políticas que sempre estiveram presentes na saga. O livro nos conduz por seu próprio caminho jogando sementes que estão prestes a germinar e mudar de vez a história que conhecemos.