Laryssa.Pinheiro 05/04/2016A Trama: Greta e Einar são um casal peculiar que viveu na Dinamarca pós-guerra, imagino que a trama não deva ser novidade para ninguém tendo em vista que o livro foi adaptado para o cinema e indicado ao Oscar desse ano. Ambos pintores, estão acostumados a usar modelos - e justamente por precisar de um é que Greta pede a Einar que vista o vestido de Anna - amiga de longa data e cantora de ópera, para quem Greta estava pintando um retrato. Apesar de reticente, Einar cede e veste as meias, o vestido e os sapatos de Anna e posa para a esposa, a partir daí o casal abre uma porta que nunca mais poderá ser fechada.
Os Protagonistas: Greta é uma mulher admirável, provavelmente minha preferida. Responsável até certo ponto pela criação de Lili, ela vive uma dualidade, ao mesmo tempo que quer incentivar o marido sofre com as vontades e a personalidade crescente de Lili.
Apesar de ter um caráter forte, é assomada por dúvidas e tem comportamento tempestuoso, inseguro, impulsivo e muito contraditório durante a história, muito do que se explica pelo que já passou na vida e pela forma que foi criada.
Einar é um homem sensível e tímido ao extremo, pintor famoso por suas paisagens pantanosas, há muito tinha problemas em esclarecer seus desejos e objetivos, vivendo desde criança uma vida incompleta e confusa, crescendo com medo de tudo e todos - inclusive dele mesmo. Lili é maravilhosa - a personificação da feminilidade, tão delicada que não parecia real e sim um poema floreado durante a trama, presa em si mesma, literalmente um pássaro enjaulado, senti vontade diversas vezes de gritar por ela, ou abraçá-la.
Os Personagens Secundários: Anna é uma fofa, apoiando o casal imediatamente. Henrik foi difícil de gostar, talvez por que eu o via como um intruso inicialmente, e a história campestre de Teddy Cross me foi tocante. Bolk, apesar da incrível mudança que ele representa, sempre me pareceu muito arrogante e nunca dá pra confiar em alguém que não acredita que pode errar, certo? Hans era um frescor, uma esperança e um enigma, realmente não esperava pelas atitudes que ele tomou. O livro foi rico em personagens secundários intrincados, era muito gostoso desvendá-los.
Capa, Diagramação e Escrita: Esse é um dos poucos casos onde gosto mais da capa inspirada no filme do que a tradicional - ela passa a sensação certa sobre a história, enquanto a original me parece vulgar, eu gostava de olhar os detalhes do rosto de Redmayne e enxergar a Lili ali.
A diagramação é simples e polida - mas tenho uma ressalva, o livro se passa em quatro partes, todas continuações e separadas por linhas temporais diferentes, mas na passagem da segunda para a terceira há um erro grave, já que o livro passa de 1929 para 1925 mesmo que os acontecimentos sejam seguidos. A escrita do autor é fluida e macia, porém o livro me parecia interminável, quanto mais eu lia menos eu avançava na história, não era arrastado, mas foi frustante e um pouco irritante.
Concluindo: A garota Dinamarquesa é um livro curioso, a história é maravilhosa e inspiradora, os personagens são bem lapidados, interessantes como olhar as pinturas descritas no próprio livro - podemos ver as relações, ações e tudo no livro como uma obra em metamorfose, todos temos lados diferentes nem sempre conhecidos ou aceitos, o ser humano é um labirinto tão lindo de se explorar. Infelizmente o lado poético e cheio de detalhes do livro é também o que o faz imperfeito, por tornar a leitura alheia e um pouco cansativa.
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