bre 12/11/2021
“Como é que ele pode entender, se nem sequer fala a nossa língua?"
O livro do Chinua Achebe traz um panorama de como foi o início da colonização das civilizações Ibo, e os impactos na cultura tradicional do local. Mas, para além disso, expõe uma visão crítica quanto ao olhar ocidentalizado que temos sobre a colonização na África quando, de algum modo, nos apresenta “o outro lado da história.”
Conhecemos Okonkwo, sua família, sua cultura, suas inseguranças. Como uma sociedade normal, conhecemos também suas discordâncias.
Cabia ao homem europeu a "pacificação" dessas "tribos"? Afinal, o que seria isso? O que tinha que ser pacificado, dentro dessa sociedade que Chinua nos apresenta, organizada culturalmente, socialmente e politicamente?
Ao final, o livro cabe tantas reflexões mas, acima de tudo, é um chamado para começarmos a enxergar, de forma crítica, toda a história que chegou, e chega para a gente sobre a África, pensado que, por muito tempo, a única visão que teve espaço foi daqueles que tinham um objetivo igual ao do comissário no final do livro e, não que sua história estava errada, mas sim, incompleta e cheia de incompreensões.
------------------------
"O homem branco é muito esperto. Chegou calma e pacificamente com sua religião. Nós achamos graça nas bobagens deles e permitimos que ficasse em nossa terra. Agora, ele conquistou até nossos irmãos, e o nosso clã já não pode atuar como tal. Ele cortou com uma faca o que nos mantinha unidos, e nós nos despedaçamos."