Amanda 11/05/2021Mais que ficção | @paginasclassicasTratando da Nigéria quando os colonizadores ingleses começavam a dominar a região, O mundo se despedaça nos mostra o cotidiano em uma aldeia ibo, povo tradicional da região. Aos poucos compreendemos costumes e somos capazes de compreender a grande força da tradição dos antigos.
Mas estar observando de dentro a vida nessa aldeia também nos coloca perigosamente próximos ao perigo que começa a sondar o local: o homem branco e suas leis.
À medida que acompanhamos o processo de manipulação e destruição da cultura local, a angústia e desespero começam a crescer dentro de nós.
Porque, ao mesmo tempo em que as personagens criadas por Chinua Achebe não são reais, suas histórias não são nada além de verdadeiras.
A colonização africana foi responsável pelo massacre de diversos povos e feita por homens que pregavam em nome da “civilização”, e na Nigéria não foi diferente; a cultura ibo foi massacrada e dominada pela europeia - hoje, apesar do ibo ser uma língua conhecida, o idioma oficial do país é o inglês.
“Presenciar” a lenta corrosão que atinge os ibos é doloroso, mas, ao mesmo tempo, nos ajuda a compreender as armas - literais e figurativas - usadas pelos colonizadores para dominar povos fortes e numerosos que não receavam a guerra.
De um modo geral, o romance de Chinua Achebe nos emociona e escancara os absurdos de um processo genocida que até hoje deixa suas marcas naqueles que tiveram suas origens inferiorizadas e despedaçadas.
Essa é uma história complexa e necessária que precisa ser digerida em todas as suas dimensões. seu autor nos guia através de uma escrita firme e focada no tempo; a passagem dos anos é demarcada perfeitamente não apenas pelas mudanças das paisagens, mas também pelas relações estabelecidas entre as personagens.
O mundo se despedaça é um daqueles livros fundamentais para quem quer conhecer a literatura africana e expandir seus pontos de vista sobre culturas, religiões e, principalmente, sobre lutas.
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