Gabriel Tupy 27/01/2023
Insuperável, telúrico, metafísico e genial
"A linguagem dele, tão perfeita também de entonação, é diretamente entendida pela linguagem íntima da gente ? e nesse sentido ele mais que inventou, ele descobriu, ou melhor, inventou a verdade. (...) genial. Que outro nome dar? Esse mesmo" - Clarice Lispector sobre Grande Sertão: Veredas em carta para Fernando Sabino, 1956.
Ler "Grande Sertão: Veredas" é mais do que uma leitura, é uma travessia. Foi meu primeiro contato com a obra do autor e fazia tempo que não ficava boquiaberto com literatura. Guimarães é do clube dos autores da nossa língua que mais do que a domina, a reinventa. Dá um prazer em saber que somos os poucos milhões de pessoas possíveis em todo mundo que podem apreciar integralmente a genialidade de Guimarães Rosa. Que linda é a nossa língua.
É um livro que pode assustar pelo seu tamanho, fama, elogios robustos e críticas profundas. Nos fins das contas é uma viagem literária prazerosa, com personagens e verdades ambíguas, uma narrativa que exige um esforço parecido ao qual damos aos nossos avós quando nos contam sobre o passado.
Se for encarar essa travessia, vá no escuro, sem maiores informações, basta confiar na genialidade do autor que está logo a sua frente com seu cavalo Siruiz desbravando o real e o imaginário do Brasil profundo de uma maneira insuperável.