Lori 19/02/2015Escrita poderosa e vívidaHá muito eu queria ler este livro. Mas, eu sabia que tinha que estar no clima distópico, por assim dizer. Foram muitas indicações, mas eu sinceramente não sabia o que esperar... e Uau. Fiquei completamente impressionada. A escrita desta autora é simplesmente poderosa, vívida e intensa. É pura poesia. E eu não tenho a menor dúvida de que o segredo deste enredo está em sua sintaxe - ou melhor na falta dela. Eu me senti como se estivesse sendo bombardeada por uma enxurrada de opiniões e pensamentos que nossa heroína não se atreve a admitir que tem. É como se estivéssemos lendo o seu diário, seus pensamentos soltos e proibidos. Dito isto, eu devo reconhecer que por vezes eu me encontrei tão encantada com a escrita que me vi um pouco perdida na estória. Há momentos em que tive que realmente me concentrar para acompanhar o que estava acontecendo. E eu tenho certeza de que enquanto eu adorei a engenhosa escolha de palavras neste livro, esta pode certamente ser o motivo pelo qual muitos o odiarão.
Mas, sobre o que é Estilhaça-me? Ele é uma estória sobre aceitação, perdão, sobrevivência e redenção. É sobre o ônus do poder; o poder de destruição.
A narrativa conta a estória de Juliette. Ela é uma menina de apenas dezassete anos que viveu os últimos 264 dias sem contato nenhum com outro ser humano, em um ambiente insalubre, com quase nenhuma comida e sem qualquer conforto. Ela está sendo mantida em um tipo de instituição mental, trancafiada dentro de quatro paredes de concreto e genuíno desespero. Suas únicas companhias são os aterrorizantes gritos de outros pacientes, que a deixam aflita, e um caderno e uma caneta, que a ajudam a se manter sã. Juliette sabe que não é louca, ela só precisa aceitar que também não é um monstro. Ela tem um problema... Seu toque é letal e todos a temem. Nem seus próprios pais a quiseram. Sua vida toda ela tentou mostrar que não queria fazer mal a ninguém... e falhou. Ela viveu isolada em seu próprio confinamento. Sem amor, sem amigos. E mesmo agora, presa e acreditando piamente não passar de um monstro, tudo o que ela anseia é poder ser tocada e ser amada.
Juliette vive em um mundo distópico, dominado pelo Restabelecimento. A terra é um patético reflexo daquilo que ela foi um dia. Não há mais cores, apenas tons de cinza e concreto. Não há mais vida animal ou vegetal. Não há mais estações climáticas definidas. As pessoas possuem corpos famintos e espíritos quebrados. O mundo atual é puro caos, e o Restabelecimento afirma poder restaurar o planeta e recriar um mundo melhor...Juliette tem motivos para acreditar no contrário.
Nossa heroína possui tanta dor, tristeza e culpa dentro de si, e ela passou por tanta coisa que é incrível observar como ela conseguiu manter a sua humanidade. Mas, a sua vontade de viver está aos poucos lhe deixando... até que ela ganha um companheiro cela. Adam, possui olhos lindo, penetrantes e... familiares.
O encontro entre eles é de início um pouco tumultuado. Ela não consegue conter a atração que sente por ele, por mais que ela tente negar. Há algo familiar sobre ele, que ela não entende ou não quer ver. Ela quer tanto ser tocada por Adam... Mas, ela simplesmente não pode.
É difícil saber se a situação de Juliette melhora ou piora com a chegada de Adam. Se por um lado ela não está mais sozinha por outro ela tem que fazer de tudo para não se aproximar dele.
É quando tudo muda e aqueles que a mantiveram presa agora a seduzem com um proposta bastante tentadora. Ela encontra-se confusa quanto ao que acreditar. É quando conhecemos Warner. Ele é incrivelmente bonito e assustadoramente maligno. Mas, não sei... eu fiquei com aquela impressão de que ele não é tão mal quanto parece. Ele é um paradoxo de ações. Cruel e amável. Juliette sabe que ele não quer lhe fazer mal, pelo menos não diretamente. Em verdade, ele a protege ferozmente, mesmo que suas ações sejam um tanto quanto questionáveis. Mas, é impossível saber as suas verdadeiras motivações...
A partir daí o livro ganha mais ação e uma sucessão de eventos ocorrem em um ritmo acelerado e intigante, mas impressão que eu tive foi de que Estilhaça-me é quase como uma grande introdução para o que está por vir nos próximos volumes. Nós conhecemos os personagens, o mundo em que eles vivem e a guerra que eles irão travar. Não dá para entrar muito no enredo porque eu literalmente conseguiria explicar o livro todo em mais ou menos cinco linhas. O que eu posso dizer é que ele pode ser categorizaria como um romance moderno de super-heróis. E é a pedida certa para aqueles que gostam de X-Man, ou literatura distópica com um grande foco no romance.