Resenhas - Contos de Imaginação e Mistério

Livia.Escudeiro 01/01/2019

Neste livro estão reunidos 22 contos do autor estadunidense Edgar Allan Poe, considerado o precursor das historias de terror, literatura policial, fantástica e de ficção científica, que influenciou autores como: Stephen King, Agatha Christie, H.P. Lovecraft, Julio Cortazar, Jorge Luis Borges e tantos outros. A edição da editora Tordesilhas conta com prefácio do autor francês Charles Baudelaire, responsável pela primeira tradução e consequente divulgação de sua obra, e ilustrações do artista irlandês Harry Clarke. Poe viveu apenas 40 anos e teve uma vida conturbada e marcada pelo alcoolismo. Sua obra é vasta tanto em qualidade quanto gênero, sendo conhecido mais pelos contos e poemas. Escreveu perfeitamente sobre horror, suspense, terror psicológico e sobrenatural evitando as extravagâncias românticas. Seus contos escritos majoritariamente em primeira pessoa, levam o leitor até as fronteiras entre o real/fantástico, lucidez/loucura, medo/razão. Segundo ele, esse gênero da narrativa fornece "a melhor oportunidade em prosa para se exibir melhor talento". Poe morre em 1849.

Ronaldo Thomé 12/11/2018

Contos de Imaginação e Mistério
É difícil falar deste livro, porque, de fato, é uma leitura difícil e cansativa; no entanto, é uma obra de inegável genialidade e envolvente, desde que se capte o espírito proposto por Edgar Allan Poe. A Tordesilhas fez um excelente trabalho, ao utilizar da tradução de Cássio de Arantes Leite, cuja intenção parece ser, sem dúvida, recuperar a prosa do autor com a maior fidelidade possível. Creio que Poe ficaria orgulhoso com o trabalho(...). Em muitos momentos, a prosa refinada, rebuscada e cheia de detalhes me fez lembrar de Machado de Assis (autor que, de fato, se inspirou em Poe). Alguns contos são, de fato, bastante desafiadores (William Wilson e O Mistério de Marie Roget, por exemplo), mas alguns são incríveis (A Máscara de Morte Vermelha e A Queda da Casa dos Usher); outros sublimes (Silêncio - Uma Fábula) e alguns podem fazer o autor roer as unhas até hoje (Assassinatos da Rue Morgue e o Gato Preto que o digam). O prefácio fantástico de Charles Baudelaire é a cereja do bolo desta coletânea. Em suma: embora seja um autor difícil de ler, Edgar Allan Poe ainda hoje é capaz de nos mostrar o que de mais profundo há na loucura, na dor, na violência do ser humano.

Indicado para: quem quer conhecer até que ponto o lado sombrio do ser humano é capaz de chegar.

Nota: 9,5 de 10,0.

Henrique_ 21/09/2018

O livro é uma coleção de contos diversos de estilo gótico. Há contos ótimos, como o "William Wilson", "Enterro prematuro", "A queda da casa dos Usher"; há contos estranhos, como o "Rei Peste" e "Leonizando"; há contos tensos, como o "Pêndulo e o poço"; contos difíceis como o "Encontro marcado"; e os minuciosamente descritivos, que tratam de método de investigação policial a la Sherlock Holmes, como "Os assassinatos da rua Morgue" e o "Mistério de Marie Roget". Nota-se, ao longo da leitura do livro, uma complexificação dos contos, em que Poe sai de uma abordagem mais descritiva e perturbadora da insanidade humana para uma visão mais profunda da psique humana e de sua propensão para a autodestruição. Em todos há, em algum grau, violência, horror, luto, amor, mistério e culpa, recursos narrativos que não deixam de causar alguma sensação em quem está lendo. Quando associados o estilo de escrita, ora muito prolixo e intricado, ora mais descritivo e simples, contribuem para causar algum tipo de incômodo na leitura. Para quem busca uma leitura densa, diferente e cheia de oportunidades para ampliar vocabulário e conhecer novas perspectivas de construções narrativas, creio ser uma obra fundamental.

Luís 13/07/2018

O ouro!
Li esse livro em doses homeopáticas! Dava muita dó... Passei noites degustando cada palavra e ilustração, muito bem escrito e uma excelente edição.

Georgeton.Leal 09/05/2018

Enigmático e Primoroso
A prosa gótica de Edgar Allan Poe surpreende do início ao fim: é envolvente, instigante e muitas vezes, até perturbadora! Poe sempre gostou de utilizar diversas referências literárias para enriquecer seus contos, o que acaba dando um efeito mais abrangente à narrativa. A intertextualidade do autor acrescenta valores que perpassam desde o latim, inglês, francês até as antigas obras clássicas. Cada narrativa apresenta um conjuntos de características marcantes que imergem o leitor em um mundo repleto de enigmas e mistérios.
Se alguém ainda acha que Poe apenas usava temáticas mórbidas e maléficas de maneira estritamente gratuita, é porque não entendeu a fundo as minúcias de sua obra. O mal discorrido pelo autor não é pintado sob um viés de glamour e nem muito menos é tido como uma coisa a ser admirada. Além de explorar as várias facetas da maldade, Poe também envereda em questões sobrenaturais e nos complexos arcanos da mente humana.
Sobre essa edição da Tordesilhas, a mesma poderia ter sido melhor ainda se trouxesse todos os contos do autor reunidos apenas neste volume (o que não seria dificuldade, uma vez que já existem edições completas assim no exterior). A tradução de Cássio de Arantes Leite é uma das melhores já feitas aqui no Brasil, isso sem falar nas ilustrações de Harry Clarke, que dão um toque especial para algumas cenas importantes dos contos.

site: https://senso-literario.blogspot.com/2021/11/uma-obra-enigmatica-e-primorosa.html

Valeska 10/03/2018

' de nier ce qui est, et d'expliquer ce qui n'est pas '. Rousseau 🤔 'Negar o que é e explicar o que não é'.

Nícea 23/02/2018

22 contos que mesclam o macabro ao suspense, ao horror à imaginação. Na maioria deles o autor explora a loucura e todas as suas facetas, e alguns mais reflexivos, mas todos, de uma forma ou de outra, despertam no alguma forte emoção. As maravilhosas ilustrações de Clarke aguçam a imaginação de quem se propõe a leitura.

Henrique Fendrich 28/01/2018

Contos muito bem estruturados e que prendem a atenção. Belas imagens, cenas bastante criativas e um excelente flerte com o sobrenatural. Como fã do Sherlock, gostei bastante do Dupin, que pode ser visto como um dos seu protótipos. Só não gostei da sequência "romântica" do livro. Também me parece que o narrador dos cinco ou seis primeiros contos pode ser visto como uma pessoa só, uma única voz, de tão parecidos que eles são. Mas também é demais exigir que alguém tão criativo no conteúdo também o fosse na forma.

Nasa 25/01/2018

Contos De Imaginação e Mistério – Edgar Allan Poe
Eu li alguns contos de Poe na minha adolescência e confesso que eles me afetaram profundamente. Fizeram-me tomar gosto pelo sinistro, o sombrio.
O primeiro que li foi o retrato oval, devia ter uns quinze anos e fiquei muito impressionada com a força de sua descrição, o modo como ele me transportou para a história. Claro, aos quinze anos, eu não tinha a consciência do que foi tudo aquilo, mas estava irremediavelmente quebrada, mudada, o sobrenatural me tocara novamente. Como aquela visão de Drácula entrando pela janela. Estava enlevada, cheia de duvidas, quem era Edgar Alan Poe e onde eu podia conseguir mais?
O tempo passou e minhas buscas me levaram ao homem, ao escritor, aos seus mistérios e terrores. Comprar esse livro foi um marco em minha vida. Não parece importante, mas tudo que li dele foi emprestado. E para quem tem uma lista gigantesca de livros para reler e ler, foi uma vitória. Obrigada Amazon.
Nota: Vi recentemente o filme O Corvo, no filme o escritor Edgar Alan Poe (John Cusack) está na caça de um assassino serial que imita os crimes de seus contos e ainda sequestrou sua noiva Emily (Alice Eve). Para ajudá-lo na investigação, o detetive Emmet (Luke Evans) assume o caso e pretende dar um fim aos terríveis assassinatos, que são seguidos de charadas criadas pelo criminoso que desafia a inteligência do autor num jogo de gato e rato. John ficou excelente no papel e podemos ver os contos do mestre em vivas cores.
Do livro Contos De Imaginação e Mistério, por enquanto, li três contos, entremeando com outros livros, O Barril de Amontillado, Enterro prematuro, O Gato Preto. Logo pretendendo ler os demais.
Reencontrei a mesma magia obscura e densa de suas descrições tão realistas e assustadoras, a magia de sua narrativa única. O estranho é ter de separar o escritor da narrativa. O conto que mais gosto ainda é o retrato Oval, não consta no livro, e o Gato preto. Existe nele um terror original, que gela até a medula dos ossos. Você lê sabendo que algo ruim vai ocorrer e isso domina seus pensamentos e a cada nova palavra e revelação você mergulha mais fundo em sua originalidade e terror. Sem dúvida nenhum um clássico do terror. Espero que as próximas gerações consigam compreender a singularidade de Edgar Alan Poe.
O Barril de Amontillado
Uma vingança bem consumada, que nos leva a duvidar que ocorra, mas quando ela chega torcemos para que se cumpra.
Enterro prematuro
Um homem com um problema grave de Catalepsia teme ser enterrado vivo e cria vários meios para evitar a sufocante morte dentro do túmulo. Algo realmente tenso.
O Gato Preto

Poe era fascinado por lugares apertados, paredes fofas, recheadas com cadáveres. No gato preto isso se torna algo muito forte. Um casal de apaixonados que ama animais tem um gato. Bêbado o homem machuca cruelmente o gato e quando tenta mata-lo o desfecho é uma morte involuntária. Culpa, medo policia tormento e por fim um corpo e um gato preto. É horror puro e simples.

Os contos não decepcionam e levam você além.
Minha Nota? Quatro Beijos mordidos!

Abimael 25/01/2018

Pai do horror moderno e da literatura policial. Allan Poe inspirou HP Lovecraft, Stephen King, Arthur Conan Doyle dentre outros grandes escritores.

Bom livro, capa dura, com muitos contos deste grande escritor.

simone 13/11/2017

algumas historias que compõem o livro são até bem interessantes porém não é uma leitura fácil de ser absorvida, principalmente o ultimo conto que se torna até enfadonho, por conta de se tentar provar o assassinato, essa minha primeira experiência com o autor não foi muito feliz, porém pretendo continuar insistindo, quem sabe numa próxima me surpreenda

Luiz Miranda 16/09/2017

Básico e difícil
Poe é um virtuose das letras, um escritor de vasto repertório gramatical (leia com o dicionário ao lado), então é óbvio que os 22 contos aqui presentes são escritos com brilho, no entanto devo ser honesto e dizer que pra cada 2 ou 3 histórias arrepiantes (Gato Preto, Coração Denunciador, Enterro Prematuro, etc), temos sempre alguma incrivelmente chata (é uma tortura ler Mistério de Marie Roget até o fim).

Não é pra qualquer um: os quase 2 séculos de idade e a veia poética tornam a coisa impenetrável pra leitores casuais. Quem se aventurar vai estar adaptado lá pela segunda ou terceira história. Uma coisa que me surpreendeu é perceber que Poe nunca se entrega totalmente ao sobrenatural, sempre há uma possível explicação a luz da ciência.

Poe é difícil, exige concentração, vontade. Quando inspirado é impressionante, quando não, é insuportável. De qualquer forma, você tem que ler.

Arruda 02/09/2017

Excelente livro
A escrita envolvente de Poe. Destaque para a queda da casa de Usher e o gato preto...simplesmente fantásticos

Hiago 24/03/2017

A Queda da Casa de Usher.

Envolvente! Um dos melhores, muito bem escrito e extremamente lúcido em sua linguagem, você compreende as minúcias sem fazer muito esforço, pois o autor é um mestre da escrita literária. Ao meu ver, é um conto que caberia aos iniciantes e curiosos sobre a obra de Edgar Allan Poe, pois além de ser icônico, é fortemente representativo e estimula ideias que estão atreladas a inúmeros contos e poemas do escritor, tais como; Psique humana, melancolia aguda, atmosfera sombria, desfechos clássicos e impensáveis, detalhes perturbadores, etc. Aos mais familiarizados, acredito, a obra não possui nada de singular nesse sentido, mas tem a marca inconfundível do mestre. Esse conto é um pouco maior, mas nada que exerça uma influência significativa na estrutura da história, pois faz-se necessário à medida que o compreendemos, não deixando pontas soltas e ao mesmo tempo dando aquele preenchimento característico de uma narrativa gótica livre das amarras do puro cotidiano da época, com suas novelas massivas e tediosas. Encare como um bom aperitivo inicial.

Creio que seja desnecessário e redundante tecer mais comentários sobre essa edição da Tordesilhas, mas ainda assim o farei brevemente. O livro contém ilustrações da época, magistralmente concebidas por Harry Clarke, um grande artista, que estão em sintonia profunda com os contos do autor. A tradução está impecável, na minha opinião, assim como a diagramação e as páginas muito bem produzidas, modeladas, com uma jacket original e muito bonita (essa da foto). Edição caprichada, vale a pena.