Bom-Crioulo

Bom-Crioulo Adolfo Caminha




Resenhas - Bom Crioulo


206 encontrados | exibindo 106 a 121
8 | 9 | 10 | 11 | 12 | 13 | 14


Vitor.Canestraro 24/08/2018

Corajoso
Bom-crioulo seria corajoso nos dias atuais, imagina-se no tardar do séc. XIX? Só por tamanha coragem bem vale a leitura, a mais, graças ao delicioso desenvolvimento da narrativa e sensualidade bem postos nesta tragédia rápida e inesquecível.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



VicBanger 29/02/2020

Clássico de fácil leiura
Saindo do longo período de distanciamento em relação aos clássicos romances de nossa literatura. Estava precisando disso, muito, e Bom-Crioulo se revelou ser uma ótima escolha de retorno: é curto e de linguagem simples - isto é, nada maçante. Uma obra que daria para ter lido em um dia, caso estivesse com disposição para tal; mas terminei em dois. Em termos de narrativa, a única coisa que de fato não me agradou tanto foi o desfecho abrupto da obra (seco, sem ter muito para onde); de qualquer modo, trata-se de uma conclusão condizente com a estética naturalista - e a vida segue normalmente em meio às barbaridades do cotidiano, num ciclo sem fim.

E quanto aos temas abordados: naturalmente que eles não recebem o nível de reflexão ou de sensibilidade típico dos dias atuais (necessários, vale dizer), pois trata-se de um romance que é fruto do século XIX (e fruto do problemático discurso naturalista); contudo, segue capaz de desencadear problematizações fortes sobre o presente e sobre o próprio passado - e sobre a maneira chocante com que os dois podem ser confundidos. E acredito que o brilho da arte e da própria sobrevivência de Bom-Crioulo residem aí: a arte não oferece respostas, soluções; ela apenas revela - e, neste caso, revela uma grande sociedade doente.

Sinceramente, não tenho conhecimento sobre os genuínos pensamentos de Caminha sobre os temas abordados, como a relação homossexual e a questão de ser negro, mas a obra em si, para além de seu valor literário, possui o seu valor de discussão social.
comentários(0)comente



Tiago 29/06/2020

A pior leitura do ano até agora e o livro mais contraditório que já li.
Únicos pontos positivos, ao meu ver, foram algumas descrições bonitas do ambiente e a "ousadia" do autor de representar uma relação homoafetiva naquela época. Entretanto, de resto, para mim, o livro foi um desprazer: não houve um aprofundamento digno dos personagens (seria muito interessante saber mais sobre o passado de Amaro e abordar o racismo), a paixão entre os dois é superficial e até mesmo abusiva, a história em si me causou preguiça, decepção e nenhum tipo de envolvimento. O valor histórico dele se dá só pelo pinguinho de representatividade e a colocação de dois homens em uma relação breve, pois muitas passagens são racistas (tratando o negro como um animal, uma fera) e homofóbicas (descrevendo a relação homossexual como patológica, uma vez que o autor baseou-se na ciência da época para construir a narrativa e seguir o movimento naturalista; além de sempre comparar Aleixo com a figura feminina).
Mesmo deixando os valores da época de lado, o livro continua sendo, para mim, em aspectos literários, raso, jogado e porcamente desenvolvido.
Gostaria de acreditar que Caminha escreveu a obra com o intuito de promover a representatividade, mas me pareceu muito mais uma tentativa de fazer sucesso com o tema e chocar o público ao explicita-lo em uma história sem profundidade.
comentários(0)comente



Paula 03/11/2022

Bom Crioulo
Acabei dando uma segunda chance. Não me arrependo, mas a leitura como um todo não me agradou.
A sinopse do livro me chamou atenção no dia em que comprei vários clássicos no sebo, mas não tive sorte, pois a história começa relatando a vida de um negro, ex escravo fugido para uma vida de marinheiro. E como eu sempre digo, não gosto de enredos no mar!
Fora esses caprichos particulares, a história é sucinta com poucos personagens. Pela sinopse chamar atenção para um romance homoafetivo e inter-racial, não me surpreendi com os diversos relatos sensuais, e por isso não me agradou completamente, já que para a época, o assunto seria um escândalo para os leitores. Queria ter me sentido mais apegada aos personagens e a relação entre eles.
Por fim, o livro é bacana e a linguagem simples com diversas palavras características daqueles que vivem à bordo - mais um quesito que me fez não adorar a obra hehe.
comentários(0)comente



Iziteshi 03/08/2020

Leitura interessante numa perspectiva de análise histórica e sociológica. No entanto, quanto a história em si, foi-me de pouquíssimo agrado. Por razões muito bem desenvolvidas em resenhas aqui postadas deixarei de comentá-las. Creio ser desnecessário desenvolver um texto dizendo as mesmas coisas, com apenas palavras mais ou menos diferentes.
comentários(0)comente



leportom 09/04/2021

Romance e a natureza da crueldade humana
Adolfo Caminha, neste célebre livro, retrata, não só o que é considerado como sendo uma das primeiras obras sobre homossexualidade e erotismo LGBTQIA+, mas também, a realidade do período escravizar e (quase) pós escravista onde a cor da pele importa de forma clara e visível mas também através do espectro invisível e subjetivo.
Um conto que retrata não só o erotismo entre brancos e negros, mas o erotismo gay. Também nos remete a crueldade da instância militar, principalmente contra os negros na égide da história brasileira. Um retrato histórico e ao mesmo tempo quase que atual do sistema racista e militar.
Do ponto de vista de um romance ele é bem perigoso e de certa forma tóxico ao trazer elementos de possessividade violenta e tóxica. De uso do ?outro? como posse o que leva ao que poderia ser traduzido como abuso psíquico e físico. Não torna o livro pobre, ruim ou fraco, muito pelo contrário, Adolfo Caminha nos remete a uma visão completamente crítica da história, do racismo e do romance ocidental que permeia justamente a cultura messiânica de amor.
comentários(0)comente



Lêla 12/04/2021

Vale a pena ler.
O Bom-Crioulo tem quase uma ironia no próprio título. A relação de Amaro e Aleixo são bem divergentes aos olhos um do outro, enquanto um vê paixão o outro só enxerga simpatia.
A escrita de Adolfo Caminha fez com que eu imaginasse tudo perfeitamente, ele usa comparações e inúmeras figuras de linguagem que se encaixam perfeitamente bem. Vale a pena ler esse livro.
comentários(0)comente



Agua.morna 02/11/2022

O Bom-Crioulo ou Amaro
Conheci o livro por meio de uma aula de literatura, cogitei ler. Adolfo Caminha não decepcionou nesse. Já tinha lido outros livros do autor mas esse tem um toque especial de sentimentos que exploram a perversidade e a sagacidade humana herdada das nossas raízes mais animalescas. O final me lembrou muito A Cartomante, escrita por Machado de Assis. Recomendo muito a leitura desse livro que explora homossexualidade, possessão, ciúme e desejo.
comentários(0)comente



Dominic nic nic 01/06/2021

Uma leitura interessante pela época em que foi escrita, com uma narrativa interessante e nem um pouco cansativa. Mas é um produto de seu tempo e possui consequentemente suas problemáticas.
comentários(0)comente



LevaiLevaiLevai 06/12/2022

O Bom-Cria
Só por ter sido perseguido por Vargas já se torna uma obra que merece a nossa atenção. Bastante libidinoso, gays e mulheres mais eriçados podem gostar do material proposto. Os finais de capítulo sempre são uma viagem.
comentários(0)comente



Manu 26/06/2021

Também tinha LGBTs no século 19
A história de Aleixo e Amaro, conhecido como "bom-crioulo", além de narrar uma grande paixão homoafetiva, apresenta o cenário de vivência dessa paixão nos fins do século 19, período em que a abolição da escravidão ainda estava fresca. Esta narrativa evidencia o racismo atrealado à homofobia, até pelos termos utilizados para se referirem a pessoas negras e LGBTs.
comentários(0)comente



Thiago 06/07/2021

um anti-romance
De modo a não exprimir o fato da homossexualidade neste livro ser tratada por uma visão zoológica e homofóbica, e o racismo exagerado da época permear cada parágrafo do livro, Bom-Crioulo é, muito menos que um romance, uma história sobre posse e de desejo mórbido.
As personagens se desenrolam de forma animalesca e suas ações são desumanizadas ao cômico, a empatia pelos atores deste minúsculo ato do começo ao fim se degrada, e ao fim, temos o sentimento de que nada restou da inocência deles.
Ainda assim, o livro funciona como um marco necessário no naturalismo/realismo e como um clássico polêmico "escondido".
comentários(0)comente



Felipe.Lopes 17/07/2021

A idiossincrasia de um homem "livre"
O autor apresenta-nos a história descrevendo a ambientação como um retrato, uma quadro que descodifica e fornece uma quantidade abissal de informações e que nos prepara para grande parte do trama da história.
Após formular as primeiras páginas da história, conhecemos melhor Amaro e o porque se encontra em tal situação.

Eu li este livro esperando mais, mas reconheço que foi muito bom, ainda mais para a sociedade que lhe foi entregue.
Acho que o que Amaro buscava, ele nunca conseguiu de fato. Ele ansiava a liberdade, mas encontrou a escravidão; ora na marinha, ora com seus sentimentos.
Talvez amar o grumete não foi de tão ruim para Amaro. Ele pelo menos amou alguém.
A edição do livro que li, têm notas da editora que me botou nos trilhos da história (o que eu achei ruim! Ora, se eu estou lendo, devo mesmo ser levado a interpretação que eles querem que eu tenha - mesmo embora seja o que eu autor tenha querido?) Algumas notas, embora, tenham me ajudado a enteder melhor alguns capítulos e o prefácio me orientado sobre o que eu iria ler.
O final, para mim, ficou um pouco confuso, entretando tenha entendido o porquê.
comentários(0)comente



bruna.nosferatu 24/10/2022

Impactante e polêmico
É preciso analisar de forma crítica a homofobia, a desumanização e o racismo contidos no livro. De forma geral, vejo que o autor foi bem imparcial ao escrever, ao contrário do que muitos falam de o livro só destilar preconceito gratuito. O livro é bem antigo, de 1895, e é característica típica do naturalismo essa escrita nua e crua, por vezes animalesca, apresentando especialmente o lado mais marginalizado da sociedade.

Vejo que Adolfo Caminha estava apenas apresentando a forma como a sociedade da época via pessoas e comportamentos tidos como "fora da normalidade" ou "impuros". O autor é capaz de exaltar o protagonista Amaro, o "Bom-Crioulo", em uma linha e depois desumanizar na outra. Descreve Aleixo como uma mulher na presença de Amaro e como um homem perto da portuguesa Dona Carolina, essa personagem também é escrita de forma antagônica à sua maneira. É problemático sim! Mas tem uma função narrativa dentro do contexto e nos desperta algo! São arquétipos muito complexos e os personagens são apresentados da forma como são majoritariamente vistos pelos outros. Também não vou dizer que é uma história 100% isenta, talvez o autor acreditasse em umas coisas absurdas descritas mesmo, apesar de ser um abolicionista.

Mas para salvar a relevância e o legado desse livro, dá pra construir uma reinterpretação baseada contexto atual imaginável. Este não é um livro bonitinho e nem agradável de se ler em muitos trechos. Ao contrário do que muitos fazem parecer, a literatura, assim como a arte em si, não existe para ser necessariamente agradável. É comum que um escritor queira alcançar outros objetivos além do entreterimento ou da estética, muitas vezes, objetivos críticos e reflexivos. Em outras palavras: nos deixar com "aquela pulga atrás da orelha".

As problemáticas do livro podem ser questionadas, reinterpretadas ou até condenadas, mas nada disso anula a importância deste, que é considerado o primeiro livro brasileiro a abordar a homossexualidade na temática principal, e interracial e o primeiro protaginista preto e homossexual. Além de também agregar na outra outros temas, mas não menos importantes, como racismo, miséria e pobreza. A escrita é fluída e cativante, pouco se fala sobre as descrições dos ambientes da história, eu consegui imaginar cada local, cada personagem e cada sentimento, é super bem escrito. É uma história muito bem contada para tão poucas páginas, você não consegue parar de ler até saber o desfecho.

Assim, muitas obras polêmicas desse tempo, deve ser lido com sangue de barata, de forma crítica, a fim de querer construir uma discussão em cima disso e não apenas agir como cancelador de twitter. Acredito que já conseguimos filtrar o que ficou ultrapassado e o que permanece atual e relevante e muitas obras são dúbias nesse sentido, como "Bom-Crioulo". É apenas uma questão de história, como uma janela para outro tempo. É muito fácil apenas condenar uma obra julgando-a com o nosso olhar "imaculado" do século XXI.
comentários(0)comente



206 encontrados | exibindo 106 a 121
8 | 9 | 10 | 11 | 12 | 13 | 14


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR