Lare 02/08/2020
http://www.livrosefuxicos.com/2013/05/resenha-desejo-meia-noite-lisa-kleypas.html
.Desejo
à Meia-Noite é o primeiro volume da série The Hathaways, que conta com cinco
livros publicados pela autora Lisa Kleypas entre os anos de 2007 e 2010.
Tal saga narra às aventuras e paixões dos irmãos Hathaway, de forma que cada um
dos membros dessa família é protagonista de um livro em especial, entretanto,
mesmo que as obras possuam início, meio e fim, é necessário lê-las em ordem
para acompanhar os avanços gerais dessa numerosa e espirituosa família. Sendo
assim, nesse primeiro romance conhecemos Amelia, uma jovem que para os padrões
londrinos já passou da idade de se casar e que, depois de ter seu coração
despedaçado, se fechou para o amor e passou a dedicar todo o seu tempo no cuidado
com suas irmãs mais novas ? fora o fato dela ser a responsável por boa parte
das tarefas que deveriam dizer respeito ao cabeça-dura do seu irmão mais velho.
Porém, além da história de Amelia conhecemos também as particularidades dos
Hathaways, suas perdas, seus defeitos, suas personalidades díspares, de forma
que quando menos esperamos estamos completamente envolvidos em suas histórias
de vida. Entre muito drama familiar e espessas doses de bom humor, temos ainda
um romance clichê, mas exatamente por isso, fortemente cativante. Afinal, quem
não sonha em viver um romance sob a luz do luar da meia noite?
?Ela merecia bem mais que isso. Merecia um
amor apaixonado, quente, avassalador, um sentimento que consumia tudo. Ela
merecia? Ah, inferno. Estava pensando demais.?
Amelia tem uma personalidade típica de
mocinhas de romance de época: forte, destemida, controladora, dona de si? Depois
da morte dos seus pais ela ? como irmã mais velha ? assumiu uma grande
responsabilidade ao virar uma espécie de mãe para os seus irmãos. E o fato é
que para isso ela precisou assumir o controle de tudo ao seu redor, o que fez
dela uma mulher que prefere a segurança de um terreno límpido do que a
incerteza de caminhos desconhecidos. Além disso, o controle também fez de
Amelia uma jovem com opiniões fortes que facilmente se confundem com resquícios
de teimosia, de forma que quando o mestiço (meio cigano, meio irlandês) Cam
Rohan aparece em sua vida fazendo as coisas fugirem do seu controle, ela
institivamente foge dele, mesmo que isso demande mais força de vontade do que
ela ousaria admitir. O envolvimento dos dois é previsível e instantâneo (como
já é de se esperar), mas em contra partida os fatores familiares que eles
carregam tornam tal relação envolvente e imprudente. Talvez o elemento místico
da trama, ligado com a cultura cigana apresentada pela autora, seja o grande
ponto de imprevisibilidade da história, mas independente disso é inegável que o
livro começa como ?qualquer outro? romance de época e acaba como um livro único
e apaixonante.
Minha
ruína foi o enredo familiar; de início, quando o livro parecia
focar apenas em um romance platônico e socialmente reprovável, não achei que
iria gostar tanto dele, contudo a narrativa se transformou e me abocanhou de
jeito quando passou a revelar mais sobre as idas e vindas do destino que
entrelaçam a vida de Cam com a família Hathaway. Tudo que liga passado com
presente e que apresenta uma grande e complexa família como pano de fundo para
um romance intenso, me ganha como leitora. Porém, existem mais fatores
apaixonantes nesse livro como, por exemplo, os personagens estruturados e a
inserção de dois ciganos para lá de misteriosos, os traumas bem explorados e a
escrita contagiante da autora, que ao mesmo tempo em que é rica em detalhes, é
fluída e leve sem se tornar cansativa.
Cam e Amelia nos levam a viver um romance
açucarado e libertador. É contagiante ver como juntos eles deixam aparecer seus
medos e sonhos mais íntimos. Um grande ponto que a autora aborda é que, antes
do amor, ambos possuíam regras e valores rígidos quanto aos seus anseios para o
futuro, porém, quando experimentam um sentimento tão forte de união e
compreensão, deixam as máscaras caírem, sem medo de julgamentos e repressões. É
claro que o romance é fantasioso e sonhador, contudo, quem não espera um amor
assim? Verdadeiro, intenso e transformador?
Já conhecia o trabalho dessa autora, por
isso, por mais que ela tenha me surpreendido com uma abordagem ?cigana?, não me surpreendi com seu
talento, pois era ciente sobre ele. Com esse livro eu ri, suspirei, ganhei um
novo mocinho favorito e fiquei com um gosto de quero mais. Estou muito ansiosa