Emanuela 17/03/2023Juventude interrompidaAs virgens suicidas. O título não faz mistério. Logo nas primeiras linhas sabemos que um suicídio vai acontecer e que ele não será o único. Mesmo antecipando o que virá, a tensão do texto nos arrasta. Não é tanto o fim em si, mas a jornada que leva as cinco irmãs Lisbon a tirarem suas vidas. Não importa tanto o que aconteceu, mas como aconteceu. Mesmo assim chegamos ao final do livro sem saber a motivação das meninas. Os motivos se foram com elas.
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Uma juventude interrompida pelos padrões impostos. As adolescentes são virgens não apenas no sentido sexual da palavra, mas de qualquer experimentação de vida. Elas são encarceradas em casa. Impedidas de viver quando, na verdade, era apenas isso que desejavam.
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"Cecília era esquisita, mas nós não somos como ela". E então: "A gente só quer viver. Se alguém deixar".
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Já falando de tecnicidades, adorei a voz narrativa ser plural. Não temos um narrador, mas um coletivo formado pelos adolescentes vizinhos e colegas de escola. A fixação deles pelas garotas, a observação parcial cheia de hormônios e de curiosidade nos envolve, chegando a nos confundir algumas vezes.
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"Elas nos fizeram participar de sua própria loucura, porque não conseguíamos deixar de refazer seus passos, repassar seus pensamentos, e ver que nenhum deles conduzia até nós".
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Depois de ler o livro, fiquei com vontade de assistir a adaptação para o cinema de Sofia Coppola.