Romeu Felix 23/02/2023
Fiz o fichamento sobre esta obra, a quem interessar:
"Holocausto Brasileiro" é uma obra jornalística que conta a história da Casa de Saúde de Barbacena, um hospital psiquiátrico que funcionou em Minas Gerais, Brasil, entre 1903 e 1980, e que foi palco de diversas atrocidades cometidas contra os pacientes internados ali. A autora, Daniela Arbex, reuniu relatos de sobreviventes, familiares, ex-funcionários e documentos oficiais para compor um retrato chocante e detalhado da realidade vivida pelos pacientes do hospital, que eram submetidos a condições degradantes, abusos físicos e psicológicos, tratamentos violentos e experimentos médicos sem o seu consentimento. Arbex revela ainda como o hospital funcionava como um verdadeiro campo de concentração, onde os pacientes eram tratados como "lixo humano" e submetidos a um regime de violência, privação de direitos e morte.
Fichamento:
Título: Holocausto Brasileiro: Vida, Genocídio e 60 Mil Mortes No Maior Hospício do Brasil
Autora: Daniela Arbex
Ano de publicação: 2013
Editora: Geração Editorial
Número de páginas: 256.
Parte 1 - Contexto histórico e descrição do hospício
O livro se inicia com uma contextualização histórica sobre o surgimento dos hospícios no Brasil e no mundo, destacando a sua função inicial de acolher os doentes mentais e "inadaptados" da sociedade. Em seguida, a autora apresenta a Casa de Saúde de Barbacena, um dos maiores hospícios do Brasil, que chegou a abrigar cerca de 5 mil pacientes em seus momentos de maior lotação. Arbex descreve as instalações do hospício e as condições em que os pacientes viviam, destacando a falta de higiene, a superlotação, a falta de recursos e o descaso das autoridades.
Parte 2 - As atrocidades cometidas contra os pacientes
A partir de relatos de sobreviventes, familiares, ex-funcionários e documentos oficiais, a autora descreve as diversas formas de violência e abuso que eram cometidas contra os pacientes internados na Casa de Saúde de Barbacena. Entre os relatos, estão casos de espancamento, choques elétricos, internações forçadas, esterilização, privação de alimento e água, além de tratamentos experimentais sem o consentimento dos pacientes.
Parte 3 - O regime de terror na Casa de Saúde de Barbacena
Nesta parte, a autora apresenta o regime de terror instaurado na Casa de Saúde de Barbacena, onde os pacientes eram tratados como "lixo humano" e submetidos a condições degradantes, sem direito a visitas, cartas ou contato com o mundo exterior. Arbex também descreve como o hospício funcionava como um verdadeiro campo de concentração, onde os pacientes eram submetidos a um regime de violência, privação de direitos e morte.
Parte 4 - O legado da Casa de Saúde de Barbacena
A obra se encerra com uma reflexão sobre o legado deixado pela Casa de Saúde de Barbacena, que representa um capítulo sombrio da história (...)
O livro "Holocausto Brasileiro" de Daniela Arbex é uma obra impactante que expõe a história do maior hospício do Brasil, o Hospital Colônia de Barbacena, e os horrores que foram cometidos no local. A autora resgata os relatos de sobreviventes, familiares, profissionais de saúde e documentos oficiais para apresentar uma narrativa sólida e contundente sobre os abusos, violências e negligências que foram cometidos durante anos no hospital.
Arbex denuncia o sistema psiquiátrico brasileiro, que durante décadas se pautou na exclusão, na repressão e no controle social das pessoas que apresentavam algum transtorno mental. O livro demonstra como a psiquiatria foi utilizada como instrumento de poder e como a sociedade brasileira, em nome da moral e dos bons costumes, compactuou com esses abusos.
Ao expor a crueldade dos métodos adotados no Hospital Colônia de Barbacena, o livro desmistifica a ideia de que o Brasil não viveu um holocausto, ao contrário do que ocorreu na Alemanha nazista. Ao resgatar a memória das vítimas do hospital, Arbex faz um apelo à sociedade brasileira para que não se esqueça das violências cometidas no passado e para que se comprometa a lutar por uma saúde mental mais justa, digna e humanizada.
Por: Romeu Felix Menin Junior.