LAPLACE 03/06/2016Primavera SangrentaMítica agora é governada por apenas um rei, ou melhor, um tirano. Gaius Damora subiu ao trono absoluto derramando sangue de inocentes e daqueles que julgaram tê-lo como amigo, e espalhou seu exército por Paelsia e Auranos para manter todos subjugados sob seu poder e para eliminarem quem se atrever a ficar em seu caminho, enquanto dá início a sua busca pela Tétrade.
Cleo, a única sobrevivente da família Bellos e herdeira do trono de Auranos, é mantida prisioneira no palácio que um dia chamou de lar, e precisa passar a imagem de que aprova o governo de Gaius e aceita os planos que o rei faz para ela, de modo que seu povo não sofra, assim como deve tolerar a convivência com a família Damora, que matou todos a quem princesa amava.
Magnus segue como braço direito de seu pai, aprovando os caminhos traçados pelo rei, mas no fundo seu coração se enche de uma raiva cada vez maior por Gaius, por todos os testes e sofrimento que ele ainda o faz passar, como tratar sua querida irmã Lucia — que permanece em coma desde a batalha em Auranos semanas atrás — como uma arma e não uma filha.
Contudo, nem todos estão acatando as decisões do novo governante e se deixando intimidar por suas ameaças. Escondido em meio às Terras Selvagens, Jonas acompanha os rumos do reinado de Gaius enquanto lidera um pequeno grupo de rebeldes que pretende derrubar o déspota e devolver a independência aos reinos de Mítica.
Querem saber o que acontece? Então corram para ler o livro!
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A Primavera Rebelde poderia facilmente se chamar A Primavera Sangrenta pelo tanto de sangue que a Morgan Rhodes derramou nesse volume. Sério, eu estou me perguntando se até o final da obra algum personagem estará vivo, porque a coisa está tensa.
O segundo livro deu um bom up na história e nos personagens. Com certeza o fato de estarmos familiarizados com esse universo e a maioria de seus personagens ajudou bastante, isso faz com que nos aproximemos mais deles, criemos empatia e os conheçamos ainda melhor.
A autora continua desenvolvendo bastante os personagens e seus conflitos, e Magnus segue disparado como o meu favorito. A jornada que está sendo traçada para ele é genial. É clichê, eu sei, estamos cansados de ver príncipes malvados, que no fundo são bonzinhos, mas as provações da vida não o deixam externar seu lado humano, mas a caracterização do Magnus, suas reações e falas estão muito bem elaboradas. Eu mal posso esperar pelo momento em que ele não irá mais tolerar tudo que tem ocorrido e vai se rebelar, porque com certeza isso acontecerá, é coisa demais para ele continuar aturando de cabeça baixa.
Agora nem todos os personagens estão me deixando satisfeitos em seu desempenho. Jonas, por exemplo, está me decepcionando. Não me refiro aos planos que ele andou traçando, mas sim ao total esquecimento por sua irmã e seu pai. Pelo que me recordo da leitura, em nenhum momento ele pareceu se importar com ambos. Ele sabe que todo o seu povo está sendo forçado ao trabalho escravo e que os que se rebelaram foram mortos, e mesmo assim em nenhum momento ele se incomodou em saber o paradeiro de sua família, nem ao menos vemos isso em seus pensamentos. Há momentos em que ele menciona seus familiares, mas não vemos algo como: “E minha irmã e meu pai? Estarão vivos ainda?”.
Esse não foi o único ponto que me deixou descontente. O outro foi o mapa. Há um mapa de Mítica em cada volume, e o mapa de A Primavera Rebelde sofreu sérias mudanças em relação ao de A Queda dos Reinos. A qualidade da imagem está melhor — obrigado Seguinte por isso —, mas surgiram rios onde antes não havia, lagos foram aumentados e uma fileira inteira de montanhas foi substituída por um imenso lago em Auranos.
Imaginei que, com os acontecimentos da história, esses detalhes seriam ressaltados na trama. O continente de Mítica está passando por sérias mudanças devido ao que vem ocorrendo e ao sumiço da Tétrade, e eu pensei que essa alteração no mapa se daria por causa disso, mas ninguém disse nada, então acredito que simplesmente fizeram mudanças na ilustração. Talvez até tenham feito o desenho errado no primeiro livro e consertaram agora, vai saber. E alguns podem considerar irrelevante, mas sim, isso me incomoda.
Mesmo assim, fiquei muito satisfeito com o rumo que a história tomou, e estou muito curioso para saber o que nos aguarda no volume 3. Tem tanta coisa que eu gostaria de comentar, mas não posso ou vocês me matam, devido aos spoilers.
Sobre alguns pontos que destaquei na resenha de A Queda dos Reinos, queria de dizer que ainda acredito que poderíamos ter deixado para ver os vigilantes apenas agora, e gostei bastante porque os personagens adultos se sobressaíram mais em relação aos mais novos nesse livro 2. Isso ficou mais visível e melhorou a história como um todo, porque os adultos possuem cargos mais elevados, na maioria dos casos, então é mais do que necessário que eles demonstrem um poder e autoridade superiores.
O que posso dizer é que vale a pena ler A Primavera Rebelde. O ritmo da trama e a interação entre os personagens estão muito bons, e a narrativa fechou de uma forma que o próximo volume promete muita coisa. Mas muita coisa mesmo.