Mundo da Vavah 21/09/2019
"A metamorfose" || Franz Kafka || @editoracirandacultural selo @editoraprincipis ||
Antes de qualquer coisa eu preciso te informar que se você leu esse livro é acha que Gregor se transformou em uma barata você está muito enganado e precisa com certeza fazer uma releitura!
O livro conta a história de Gregor Samsa, que certa manhã acordou metamorfoseado num inseto monstruoso, já começamos o livro sabendo disso e a partir desse momento vamos acompanhar como será o entendimento dessa transformação para ele e para todos que o rodeiam. Embora pareça ficção, a obra traz uma peculiaridade incrível em cada página e, por isso, a leitura é desafiadora do início ao fim.
A intenção do autor nunca pareceu especificamente falar de como um humano se transformou em um bicho asqueroso, mas sim metaforizar as relações sociais e pôr à prova o valor do homem que, em um contexto capitalista, é apenas aquilo que produz, que vive para trabalhar, ganhar, crescer e comprar. Nota-se claramente que Gregor era importante enquanto trabalhava para sustentar sozinho a todos e para pagar as dívidas da família. Quando não pôde mais trabalhar devido à sua condição, passou a ser um fardo, e logo seus entes passaram a tratá-lo como um um peso morto, como um inseto que deveriam esmagar a chineladas, simplesmente chegando a conclusão que se aquele fosse o Gregor que iria viver entre eles, seria melhor viver sem ele.
A maneira como ele passou a ser tratado era a mais humilhante possível, passando a sempre se esconder para não ser visto pela sociedade. Na melhor as intensões sua irmã, que foi a única que por um tempo (um pequeno tempo) conseguiu amá-lo daquela forma, coloca todos os móveis do irmão para fora de seu quarto - quando humano, talvez não fossem tão importantes, como inseto, porém, era tudo que lhe restara. A partir de um momento Gregor passa a ser o culpado pro toda desgraça que começa a acontecer naquela família e em um dado episódio o pai se irrita tanto a ponto de atirar uma maçã no filho-inseto, o que o machuca e começa a definhar suas estruturas.
É fascinante imaginar como Kafka, quando escreveu essa pequena história, praticamente 100 anos atrás, nos trouxe uma grande reflexão para uma humanidade que perdura até hoje, uma sociedade preconceituosa, discriminadora ao extremo, intolerantes e a cada dia mais capitalista. Talvez em meio a uma leitura breve como essa possamos tornar nossas atitudes mais amenas, mais reflexivas e tentar quem sabem um pouco mais de respeito aos nossos próximos.
Vale ressaltar que essa edição da principis está primorosa quanto a diagramação, paginação e capa, deixando a leitura ainda mais agradável.