Queria Estar Lendo 17/02/2015
Resenha: Carta de Amor aos Mortos
Link original da resenha: http://migre.me/oEnuB
Essa resenha é uma espécie de carta aberta para a Laurel, a personagem principal do livro Carta de Amor aos Mortos. Ela me tocou de uma maneira tão intensa e vívida que eu não soube como escrever uma resenha, se não dessa forma. Espero que entendam e que encontrem na carta um pouco dos sentimentos que afloraram enquanto Laurel escrevia para seus ídolos, projetava sua dor, raiva e mágoa e tentava a todo custo deixar sua tragédia pessoal para trás.
Querida Laurel,
Estou te escrevendo porque acho que meus amigos se cansariam rápido de ficar me ouvindo falar de você, das suas sombras, dos seus amigos e da May. Enquanto eu lia suas cartas, achei elas profundas, cheias de sentimento e intimas o bastante para me sentir dentro da sua cabeça e com o coração ao lado do seu. Não sei se era isso que você queria quando as escreveu, mas foi incrível!
Muitas vezes eu quis entrar nas páginas e abraçar você - como disse que você e May queriam fazer com River Phoenix sempre que viam Conta Comigo. Você era sempre tão sincera e vulnerável quando abria sua alma nas cartas que eu não podia deixar de me apaixonar pelas suas palavras.
Sua inocência, no entanto, me assustou um pouco. E ao mesmo tempo fez com que eu quisesse protegê-la do mundo inteiro - me perguntou se May se sentia assim também. Ver o mundo através dos seus olhos foi um prazer, e a mescla entre a sua maturidade e ingenuidade me conquistou logo no começo. Aliás, me conquistou de tal forma que parecia tão errado o Sky se envolver com você.
Você parecia uma criança que estava começando a aprender a andar de bicicleta sem as rodas de segurança, perdida entre querer ser protegida e ter que cuidar de si mesma. E não parecia certo que o Sky pudesse pular no bagageiro e ver você como algo além de uma criança assustada.
Mas no fim das contas ele me convenceu, me ganhou. Acho que não tem problema, já que ele também parecia uma criança perdida.
Queria dizer que senti sua dor, ela ardeu no meu peito como fez no seu. Passei mau e o meu estômago doeu em reflexo ao seu. Acho que chorei o que você não pode chorar. Enquanto lia sua carta ao Kurt, quis poder fugir para um reino onde você voava pelo céu também.
Eu não queria dizer que sinto muito por May, porque sei que você só quer esquecer isso. Mas eu sinto muito que você tenha se culpado por tanto tempo, tenha passado por tudo isso sem poder falar nada. Eu sinto muito por você não ter asas. E eu também sinto muito que May tenha roubado sua inocência, como Kurt roubou a de Frances.
Às vezes eu acho que com a banalidade que as palavras bonitas e os sentimentos profundos ganharam hoje, as frases perdem o significado. Mas espero que você entenda quando eu digo que você é uma pessoa tão linda. Queria colocar você em um potinho na minha estante, um lugar seguro onde as sombras e as coisas erradas não vão acontecer. Onde tudo vai ser como deveria ser.
Quando terminei de ler suas cartas, me perguntei o que você estava sentindo quando escreveu para Kurt, River, Heath, Amy, com uma raiva tão palpável. Você estava com raiva deles ou de May? Acho que entendo as cartas.
Estou feliz que tenha amigos tão incríveis quanto Hannah, Natalie, Kristen, Tristan e Sky. Acho que eles fizeram a diferença para você e eu queria ter tido amigos assim quando estava no colegial.
Graças a você, aliás, voltei a ouvir Nirvana. Ainda não gosto muito de The Doors, mas me encantei com a Janes e a Amy novamente, obrigada.
Ah, e eu acho que você daria uma incrível escritora. Você já sabe como abrir a sua alma. E, como diria E. E. (eu também adoro ele!) vou levar seu coração no meu coração e nunca ficar sem ele. Você vai me acompanhar por toda a vida, me lembrando de ser forte e vulnerável nas horas necessárias.
Obrigada.
Beijos,
Bianca.