spoiler visualizarAline Michele 18/05/2022
Por Lugares Difíceis
Por lugares incríveis me levou a lugares difíceis. Então eu provavelmente vou dar spoiler, afinal esse livro trata de um tema bem complicado.
A história sobre dois jovens que se encontram no topo de uma torre da escola, ambos com o mesmo pensamento, suicídio, porém um acaba meio que ajudando o outro e os dois desistem. Quando os dois viram parceiros num projeto de escola é que eles vão atrás dos tais lugares incríveis.
A linguagem aqui é bem simples, mas meio lenta. Mas depois de uns capítulos eu gostei desse ritmo e acho que ele deu todo o tom para história. E que história triste.
A Violet sofre do trauma de ter sobrevivido ao acidente onde sua única irmã morreu. A irmã estava ao volante, mas a ideia de ir por tal caminho foi da Violet. E olha, se alguém conhece um sobrevivente de acidente sabe que para quem fica é pior do que ter partido.
Já o Finch viveu anos e anos com um pai que o agredia, vendo sua mãe pouco se importar com ele ou com suas irmãs mesmo após o divórcio e depois viu o pai tratar bem o filho que teve com a nova esposa. Tudo isso sendo motivo de chacota na escola, num bullying que nunca terminava.
Essa foi uma das partes que mais me irritaram nesse livro. A Escola simplesmente nunca falou com a mãe dele. Acreditava que falava com ela, mas era com a irmã mais velha. O conselheiro da escola, na minha opinião, ignorou todos os sintomas que o Finch apresentava.
Obviamente eu não sou psicóloga e nem especialista no assunto, provavelmente a autora nos deu informações que me fizeram ver que ele tinha problemas, mas que se ele fosse uma pessoa real eu talvez percebesse ou não. Mas pensando no lado da ficção, eu acho que o orientador teria que ter percebido que algo. E ido atrás. E feito alguma coisa.
Mas ele deixou as coisas correrem e nesse meio tempo a amizade dos dois virou um romance. Um bem fofo. Eles visitaram os tais lugares incríveis, que só eram incríveis pela companhia um do outro. Apesar que alguns eu fiquei com vontade de conhecer.
Nesse tempo a Violet foi melhorando e as conversas que eles tinham eram as melhores. E ficou evidente também que os pais da Violet eram pais presentes, preocupados com a filha, enquanto os pais do Finch eram pais no papel apenas.
Isso foi outra coisa que me revoltou. Como pode, você colocar alguém no mundo (aqui o você é pai e mãe, mesmo que só a mãe de a luz) e não se importar com os sumiços do filho? Não ouvir o que o filho conta? Não perceber que algo está errado? Não colocar seus filhos como prioridade? Não irem as reuniões de escola? Não entrarem no quarto do filho e verem o que ele anota nas paredes ou como ele pinta as paredes num claro pedido de ajuda? Enfim, eu questionei tanta coisa.
Porque o Finch some de uma conversa-discussão com a Violet. Por semanas. E a mãe e irmã mais velha só se preocupam quando ele manda um e-mail estranho. Violet já vinha se preocupando e até contou para os pais, que também ficaram preocupados. Mas a mãe simplesmente disse que ele era assim mesmo, sumia, mas sempre voltava.
Mas dessa vez, ele tinha ido mesmo. Dessa vez sem volta.
Quando eu percebi que isso ia acontecer, eu até parei de ler e fui ler um livro bem sem noção, para depois criar coragem de terminar. Porque eu sempre fico pensando que se uma pessoa se mata, se ela chega a esse ponto, essa pessoa está num lugar tão obscuro, tão difícil, tão solitário, que eu não quero nem imaginar como é.
Bom, revoltas a parte, eu recomendo o livro e quando tiver uma oportunidade irei ler outro livro da autora, pois mesmo com as revoltas eu gostei do jeito calmo como ela escreve.