Caroline Gurgel 28/12/2016Interessante, mas ainda prefiro a versão da DisneyA Bela e a Fera é, sem dúvidas, meu conto de fadas preferido da Disney. Sempre me encantei com a transformação da Fera através da bondade da Bela e com a mensagem de que o amor e pequenos gestos de carinho podem mudar as pessoas.
A edição da Zahar traz duas versões do conto e diz, inclusive, que a história pode ter sido baseada em fatos reais, numa suposta fera. A versão mais conhecida e a que deu origem ao desenho da Disney é de 1756, uma adaptação de Madame de Beaumont da versão "original", escrita por Madame de Villeneuve em 1740. A "original" tem cerca de 160 páginas e um linguajar mais adulto, enquanto a chamada "clássica" é bem curtinha, menos de 30 páginas, e claramente voltada para o público infantil.
A clássica é parecida com a história que conhecemos, mas com muitos detalhes diferentes e bem menos românticos. Não temos a mendiga que transforma o príncipe em Fera, não temos Gaston, que enciumado tenta matar a Fera, não temos os objetos falantes e a linda e gigantesca biblioteca não passa de uma estante. As circunstâncias que levam o pai de Bela ao castelo são diferentes da do filme, assim como a que leva Bela a rever o pai e a decidir retornar para a Fera. A Bela, prisioneira da Fera, recebe todas as noites um pedido de casamento, o que deixa tudo muito forçado.
A versão original começa maravilhosamente bem, com um linguajar elegante, rica em detalhes e parecia que ia me conquistar. Mas... não foi bem assim. Até a metade a história vai bem, mas depois se perde em um mar de explicações mirabolantes e uma genealogia confusa. A Bela era uma princesa (e prima da Fera) e a bruxa era uma fada que criara o príncipe; havia ainda uma segunda fada, que comandava os sonhos (muitos sonhos) da Bela para que ela se apaixonasse pela Fera e, assim, quebrasse o feitiço. Ou seja, não há aquela transformação natural que tanto me encantou no filme da Disney. A Bela, simplesmente, do nada, puff, se apaixona pela Fera, que incansavelmente lhe perguntava todas as noites se Bela aceitava "dividir o leito com ela".
Gostei do fato de que as histórias são contadas sem que ninguém tenha um nome próprio. As pessoas são a bela, a fera, a fada, a rainha, o velho, as irmãs. Gostei, no geral, do texto e adorei as ilustrações (coloridas!) da edição da Zahar. No entanto, não senti que a Fera merecia, nem por um segundo, o amor da Bela. Nem tampouco senti que a Bela havia se apaixonado, afinal, nem tinha um porquê!
Não levem minhas palavras tão a sério, não é tão ruim assim, rs, apenas me decepcionei um pouco. [Poxa, cadê o amor da Bela pelos livros?! Cadê a magia?!] Contudo, foi bom conhecer a história original. Nada de extraordinário, apenas interessante.
3/5 corações
3.5/5 estrelas
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