Sô 24/11/2015Não consigo escapar de um guilty pleasure, não adianta. Ainda mais quando é de uma autora que eu já li algo e gostei. Nesse caso, a autora é aquela do Segredo do Meu Marido e esse livro tá mais pra guilty do que pra pleasure.
Ela segue o mesmo esquema do livro anterior, com intercalação da narrativa entre os personagens e um mistério, na verdade um só não, uma série de mistérios, mas com um mistério maior e principal que é um assassinato. Nem sei se podemos chamar de mistério porque eu fui descobrindo tudo e tenho certeza que não é um mérito meu. Achei bem fraco e previsível nesse sentido e me irritei com as falsas pistas que ela ia jogando para o leitor.
O foco fica em três personagens: Jane, que acabou de se mudar para uma cidadezinha pacata do litoral australiano com o seu filho Ziggy de seis anos, fruto de uma noite com um cara misterioso que a traumatizou; Celeste que aparentemente tem uma vida perfeita, com seu marido maravilhoso e rico e seus gêmeos lindos, mas que você sabe logo de cara que serão reveladas várias coisas podres a seu respeito, e por fim Madeleine, que só consigo definir como o alívio cômico da história toda. O que todas essas mulheres têm em comum? Seus filhos irão iniciar o Jardim da Infância juntos, algo aparentemente banal, mas não aqui.
Logo no primeiro dia de aula rola um drama na hora da saída deles. A filha de uma das mães (que não é nenhuma dessas principais) sai chorando da escola e diz que um coleguinha a enforcou. Nesse momento acontece a coisa mais surreal e difícil de engolir: a professora pergunta pra ela quem foi, e como a menina não responde, pede para todos os meninos fazerem um paredão para que ela possa apontar para o “criminoso”. E isso com todas as mães em volta assistindo tudo. Nem tenho filho, mas duvido muito que as coisas sejam feitas dessa forma no mínimo peculiar.
Cada começo de capítulo é uma espécie de depoimento de vários pais que vão relatando como tudo começou e o que eu citei do paredão é só um desses acontecimentos que eles acreditam ter levado ao momento fatídico de alguma forma. Essas partes são mais cômicas e tem um ar de fofoca de moradores do interior que sabem tudo sobre a vida alheia.
É bem aqueles livros para Clube do Livro, que gera discussõezinhas totalmente previsíveis, e o tema do livro - violência doméstica - não poderia ser mais batido.