Francisco 09/05/2016
Evocando obras orientais para fazer uma maravilhosa Fantasia YA
Falar que eu amo livros que retratem a cultura oriental chega a ser até um pleonasmo a essa altura do campeonato. Meus livros xodós do ano passado para cá pairam nessa vertente, a exemplo de Golem e o Gênio (resenha aqui) e Uma Chama Entre as Cinzas (resenha aqui). Esses livros retratam a fantasia com base na mitologia dos países do oriente, onde entre Golen, Gênios (Djins), Augurs e por aí vai, então quando saiu o anuncio desse livro do Brasil, foi ler o plot (com muita expectativa) e me encantei, fiquei na imensa vontade de ser esse livro. E ele chegou, devorei, me apaixonei e finalizei (Cadê o segundo produção??), e posso dizer que gostei muito dessa obra, e já estou na expectativa, então tá, vamos ver se consigo passar tudo que sentir por ele.
A Rebelde do Deserto nos imerge em uma nação, denominada de Miraji, localizada no oriente, em meio a um deserto, onde um Sultão é o chefe daquela nação. Para que o trono foi passado para um dos seus herdeiros (já que eram muitos, visto que ele tinha um harém), então acontecia o Jogos do Festim, uma disputa entre os homens da família, e o vencedor seria o novo Sultão. E assim aconteceu, porém depois de uma série de intrigas o vencedor não assumiu e fugiu para o deserto iniciando uma rebelião para tomar o trono (Pei!!! Tiro, porrada e bomba).
“Uma nova alvorada, um novo deserto” (p. 56)
Um pouco distante da capital Izman e desses acontecimentos, vivia Amani, uma garota de 16 anos, que fica órfã depois que sua mãe assassina o seu pai abusivo e é enforcada pelas pessoas daquela comunidade, ela passa a viver com os seus tios, porém sendo uma espécie de “Cinderela” da família, que era obrigada a trabalhar, e por qualquer coisa apanhava da sua tia megera que a considerava um estorvo. Ah, para completar o tio dela queria se casar com ela (ele podia ter várias esposas, que nem podiam reclamar)
Tentando fugir dessa família, Amani junta dinheiro, se veste de menino (visto que as meninas não têm vez nesse local) e vai participar de um campeonato de tiro em uma casa de apostas. Ela vai ganhando as etapas, até que vai para a final junto de um forasteiro (shippe à vista) e um cara que tradicionalmente ganha todos os campeonatos (Adivinha porquê?). Depois de uma série de confusões, a casa de apostas vira um barril de pólvora e entre em chamas (literalmente), com isso Amani se ver obrigada a voltar a sua vida normal (mas voltaria mesmo a sua vida normal?).
No outro dia em seu trabalho, o forasteiro reaparece e ela acaba escondendo-o, visto que ele era procurado pelo exército do Sultão, e então ocorre uma série de confusões, até que finalmente ela foge com ele em um Buraqui (uma criatura mágica que tem formato de cavalo). E então ela entre numa jornada de autoconhecimento, em meio a um deserto até ela se ver ligada a Rebelião do Príncipe.
“A realidade era mais louca e aterrorizante e intoxicante, e mais incerta, do que eu imaginara. E eu poderia fazer parte daquilo. Se quisesse. Estava ficando tarde demais para pular fora daquela história, ou para arranca-la de dentro de mim” (p. 198).
Depois dessa pequena apresentação, eu resolvi pontuar algumas coisas no estilo “10 Coisas que eu Odeio em Você”, então colocarei 5 pontos que poderão fazer você desistir de ler esse livro, e se mesmo assim você ainda estiver interessado, esse livro é para você.
EMPODERAMENTO FEMININO: Sim, se você não gosta de livros que tratem de empoderamento feminino, esse livro não é para você, porque a autora coloca uma protagonista nessa história, mas não qualquer protagonista, aquela que luta pela sobrevivência, vai de encontro com os padrões sociais, mostra que ela tem a possibilidade da sua independência ao paradigmas existentes e apesar de temorosa em relação ao futuro, se descobre relevante perante ao processo que ela vem vivendo, desde o momento em que ela vivia em uma vila pequena, até se tornar alguém importante nesse deserto. Claro, alguns livros como a Série Divergente, Jogos Vorazes e Rainha Vermelha, já tratam disso (então deve ser enfadonho para os machistas de plantão), mas posso dizer que a abordagem dela apesar de não ser tão diferente do que é proposto nesses outros livros, mas é uma quebra de paradigmas, tendo em vista que a sociedade a qual a protagonista vive, causa espanto em nós (apesar de ainda ser real em alguns lugares).
FIGURAS MÍTICAS: Se você não gosta de figuras míticas essa história realmente não é para você, porque aqui a autora destrincha, passa alguns capítulos inclusive explicando como elas nasceram, que existem várias teorias diferentes em vários povoados, mas que basicamente centra-se que o mundo foi criado na Luz, onde só existiam os seres primordiais, até que chega a figura da Destruidora de Mundos, e para que esses seres imortais não morram, eles criam os seres mortais, entre eles, nós os humanos. Entre os seres primordiais, existem os Djins (gênios), Buraquis (formato de cavalos), Rocs (formato de pássaros) entre outros. Ah um detalhe, mas lá na frente você pode descobrir coisas bem legais em relação a protagonista, e uma arma criada para destruir povos inteiros.
CASAL ROMÂNTICO: Sim, nesse livro existe um casal romântico, no início até parece que vai virar um triângulo amoroso, mas a partir da fuga da Amani, isso desaparece de foco, e esse casal não é daquele tipo que “Vráááá”, apareceu. Não ele vai se desenrolando aos poucos, até que enfim, sem mais, senão rola spoiler... heheheheh
DESERTO: Bom com o título do livro, é de se imaginar que a história vai ter como pano de fundo um deserto, e claro isso fica evidente desde o início, então se você não gosta de história que se passe num deserto, deixo aqui minha dica: Não continua, não. Até porque aqui lemos várias cenas nesse ambiente que apesar de inóspito, é maravilhoso. A protagonista passa meses em caravanas, é descrito o seu sofrimento com a falta de água, e também a formação de rajadas, redemoinhos. É areia para todo o lado.
DISPUTAS POLÍTICAS E MOMENTOS DE AÇÃO: Bom, se você não for fã de algumas disputas política e momentos que o seu coração parece que vai sair pela boca, então repense em começar a leitura, porque em A Rebelde do Deserto, apesar de não ser o foco principal da história, tem várias questões políticas (até bem simples por sinal) que envolve os acontecimentos desse livro. Além disso, existem determinados momentos que você não consegue respirar enquanto a leitura do capitulo não termina, a autora consegue te levar no ápice da emoção (pelo menos a mim, conseguiu), mas calma gente, esse livro aqui está longe de ser Game Of Thrones, Rainha Vermelha ou Jovens de Elite, eu até acho que a autora economizou nas mortes por aqui (to vindo da leitura de Jovens de Elite, então to meio desacostumado com essa história de poucos personagens morrerem, heheheh).
“Assim como as balas, o fogo por sí só não distingue o bem e o mal” (p. 149)
Bom se você chegou até o final dessa resenha com vontade de ler o livro, você tem grandes chances de ama-lo como eu amei. Afinal, a Rebelde do Deserto “te leva a um mundo fantástico, recheado de emoções, em que as suas escolhas determinam se você prefere ser sugado pela areia movediça ou amparado pelos raios de sol”.
site: www.sobreososlhosdaalma.blogspot.com.br