Helder 05/09/2016Um livro quase perfeitoMuito importante pensarmos nas consequências que nossos atos poderão trazer as nossas vidas, pois as vezes são fardos muito pesados para serem carregados.
Este livro é quase perfeito. A começar pela capa sensacional passando pelo título cínico até o capítulo final.
É o primeiro livro da autora, que já começou com o pé direito. Tenho a impressão que nos EUA, devem existir cursos para escritores onde é proibido a existência de narrativas lineares, pois parece que todos os melhores romances atuais seguem esta regra: Contar a mesma estória com tempos e pontos de vista diferentes. Talvez se a narrativa fosse linear, não déssemos nada pelo livro, pois tudo pareceria muito básico. E eu acho isso ótimo, pois é como se o autor nos desse uma “cenoura para correr atrás”. Logo de início sabemos o QUE aconteceu, mas temos que ler todo o livro para entender COMO realmente aconteceu.
Aqui temos a estória de Mia, 25 anos, filha de um rico juiz, que sai de casa cedo em busca de sua liberdade. Ela sempre se sentiu rejeitada por não querer seguir a carreira do pai e tem uma relação distante com os pais e irmãs. Certa noite ela está em um bar e, após levar um bolo do seu namorado resolve se vingar. Conhece um cara no bar e decide sair dali com ele. O que ela não sabe, é que o rapaz a conhece muito bem, pois foi contratado para sequestra-la. Seu nome é Colin, um personagem muito interessante, pois vive no limite entre o mocinho e o vilão. A noite que deveria ser uma aventura, acaba virando um terror. Sem explicações, Colin decide esconder Mia em uma cabana solitária em uma floresta e não entrega-la aqueles que lhe pagaram para fazer o serviço, e a partir desta ação, muitas consequências imprevisíveis acontecerão, criando uma estória muito legal.
O mais interessante no livro é a sua estrutura narrativa. A autora vai nos trazendo em capítulos curtos os eventos que aconteceram antes e depois de Mia ser encontrada. São diversas ida e vindas, mas em momento nenhum nos perdemos na narrativa. E além disso, vamos conhecendo Mia através de 3 narradores diferentes: Colin, o sequestrador, que nunca sabemos se é um vilão ou um mocinho. Eve, a mãe de Mia que vai nos mostrando que nada é cor de rosa na casa daquela rica família e Gabe, o detetive responsável por encontrá-la, um cara extremamente perspicaz que vai cavando pequenas pistas até conseguir encontrá-la. A vítima só “fala” no final de tudo, quando a autora amarra todos os fios de sua estória.
Outro ponto interessante na maneira que o livro é narrado, é que desde o começo sabemos que Mia saiu viva do sequestro, porém ela não se lembra de nada do que ocorreu e nem sabe seu nome direito. Assim, precisamos ler o livro todo para entender o que de tão cruel aconteceu, e quando temos a resposta, dá vontade de dar os parabéns a autora e a editora por terem nos conduzido tão bem para aquele desfecho e passamos a entender o que se passa na cabeça de nossa Garota Perfeita e quem na realidade esteve sendo protegido todo este tempo.
Impossível falar mais sem revelar as grandes sacadas deste livro. Recomendo!