spoiler visualizarAmanda Jucá 17/09/2019
Esse livro com certeza fez uma fogueirinha no meu coração de uma maneira surpreendente.
Esse livro com certeza fez uma fogueirinha no meu coração de uma maneira surpreendente.
Sabe aquele livro que você olha o autor e diz “Hum… Conheço esse autor. Vou levar”, e ele fica na estante meses e meses e você nem aí? Foi o que aconteceu com esse aqui.
Publicado primeiramente em 2012, Garoto 21 começa contando a história de Finley, um adolescente no ensino médio, que não gosta muito de interagir com outras pessoas e até sabe o que dizer, mas prefere ficar calado. Ele vive apenas com o seu pai e seu avô, que teve as pernas amputadas e passa o dia bebendo. O motivo é um mistério para o leitor, já que ninguém gosta de tocar no assunto. O orientador da escola até tenta conversar com Finley, mas o garoto sempre desconversa. O três levam uma vida bem modesta em um bairro pobre e de maioria negra, dominado pelo tráfico de um lado e pela máfia Irlandesa do outro. Por ser um dos poucos brancos da escola, Finley acaba sofrendo bullying. Ele tem apenas uma “amiga”, Erin, que é o oposto dele, super comunicativa, e acabam desenvolvendo verdadeiros sentimentos um pelo outro.
Para amenizar toda essa carga negativa, ele se dedica extremamente ao basquete, conseguindo um lugar no time principal com a camisa 21, e juntamente com Erin, que é um verdadeiro talento na seleção feminina de basquete da escola, sonha em sair da cidade de Bellmont e ter uma vida diferente da que seu avô e seu pai levam.
Porém, sua vida muda completamente quando o treinador do time de basquete pede para que Finley acompanhe Ross, o novato do colégio, e o ajude na adaptação. Ross é uma estrela do basquete colegial em Los Angeles, mas sua família sofre um grande golpe quando seus pais são brutalmente assassinados. Ele deixa o basquete, vai morar em Bellmont com seus avós e vive permanentemente em um estado de negação, completamente obcecado pelo espaço sideral e não admitindo ninguém chamá-lo de outro nome, além de garoto 21.
Agora, além dos problemas familiares, seus próprios traumas causados pelo bullyng na escola e sua relação com a namorada, ainda tem que lidar com um garoto mentalmente abalado e a possibilidade desse mesmo garoto voltar a si e tomar seu lugar no time de basquete. Ao longo da narrativa de 272 páginas vamos descobrindo mais sobre o trio, Finley, Erin e Ross, se aproximando de suas famílias e entendendo o porquê, dentre todos os jogadores de basquete, o treinador escolhe justamente Finley para ajudar Ross. É uma história linda, repleta de emoção e lições, que deixa seu coração quentinho e querendo muito mais. Nada a menos do que esperado, pois é um romance de Matthew Quick, o mesmo autor de “O Lado bom da vida”, que foi adaptado para o cinema em 2016 e teve meras 8 indicações ao Oscar, incluindo Melhor direção, melhor filme, melhor roteiro adaptado e rendendo o prêmio de melhor Atriz para a nossa eterna Katniss Everdeen, de Jogos Vorazes, Jennifer Lawrence. Aliás, corre boatos de que terá uma adaptação de Garoto 21, mas nada concreto.
Essa edição da Intrínseca conta na capa várias gravuras em alto relevo em referência ao espaço e ao basquete, fazendo com que o leitor se envolva mais e mais com os personagens. E, como se não bastasse, ainda tem altas e claras referências a Harry Potter, de J.K. Rowling, influenciando lindamente o final do livro. Uma maravilhosa surpresa que nos faz querer agir e lutar pela vida que realmente queremos ter, e não viver a vida que a sociedade nos impõe.
Viciei.