Silvio 19/10/2016
Números não mentem? Depende de quem os utiliza
Na década de 50, já consagrada como uma das principais instituições de ensino médico do mundo, a universidade norte-americana Johns Hopkins passou a admitir mulheres em seus cursos, até então frequentados única e exclusivamente por alunos do sexo masculino. A medida foi polêmica para a época e imediatamente gerou pesadas críticas, inclusive de que a medida havia sido tomada para favorecer funcionários da instituição.
Para comprovar, uma denúncia levada aos jornais afirmava que um terço das estudantes era casada com professores. Quando os repórteres foram investigar, constataram que naquele ano apenas três mulheres haviam sido admitidas na universidade, e sim, uma delas era casada com um dos professores!
Simplicidade e bom humor
Este é um dos inúmeros exemplos apresentados em Como mentir com estatística, cujo título não poderia ser mais didático. O autor, o jornalista Darrel Huff ilustra com simplicidade e bom humor como os resultados de pesquisas, relatórios, avaliações, censos e levantamentos são utilizados (com a melhor das intenções ou de má fé) pelo governo, imprensa, instituições de ensino, agências de propaganda e empresas para influenciar nossas decisões e opiniões sobre os mais diversos aspectos da nossa vida, de escolher uma marca de cigarro a disfarçar os lucros absurdos no balanço no balanço anual da empresa em relação à folha da pagamento.
As estatísticas podem estar corretas, mas a forma de obtê-las, analisá-las, interpretá-las, associá-las e até apresentá-las podem causar grandes distorções. A solução, alerta Huff, é ter sempre um pé atrás e estar atento a cinco aspectos principais:
1. Quem está dizendo: analisar a credibilidade das fontes, tanto de quem realizou a pesquisa quanto quem a divulga.
2. Como ele sabe: avaliar os critérios da pesquisa para saber ela é realmente isenta.
3. O que está faltando: buscar os dados complementares, como por exemplo a margem de erro dos resultados.
4. Mudança de assunto: estar atento e saber se a pesquisa sobre a “produção limões” não está sendo utilizada para justificar o “preço das bananas”, ou seja, as estatísticas e as suas conclusões estejam relacionadas.
5. Isso faz sentido: não acreditar cegamente nos números e analisar se eles são realmente coerentes.
Mesmo escrito na década de 50, Como mentir com estatística continua tão atual que deveria ser obrigatório nos colégios, faculdades e redações dos meios de comunicação.
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