LT 13/12/2016
Um romance de época diferente...
A ambição, a inveja, a raiva, a avareza, a bondade, o altruísmo e, sobretudo, o amor sempre foram e sempre serão poderosos a ponto de motivar nossas escolhas.
[Premissa]
Belgravia é um romance de época que apresenta pequenos pontos da história em seu enredo fictício, como, por exemplo, a batalha de Waterloo. A história se passa em Londres, em sua maioria, em Belgravia, um bairro que foi construído contando com a participação de um dos protagonistas do livro, o comerciante James Trenchard.
A história começa nos apresentando Sophia, a jovem e bela filha do casal James e Anne Trenchard, uma moça audaciosa e apaixonada vivendo a flora da pele em plena guerra. Ela está apaixonada por Edmund Bellasis, o Visconde, filho do Conde de Bronckenhurst, ele também está encantado por ela. E é por conta desse romance inadequado que, apesar disso, recebe o apoio de James para acontecer, que a história acontece.
Os Trenchard são convidado para participar de um baile, ao qual, nunca seriam chamados se não fosse por esse romance inadequado, mas, ao final do baile, os homens jovens vão para batalha, da qual, muitos deles voltam sem vida, dentre eles, Edmund Bellasis, filho único dos condes. Durante a partida dos jovens para a batalha de Waterloo, o mundo de Sophia Trenchard desaba, ela vê, dentre os homens que vão para luta, o homem que celebrou uma cerimônia de casamente as escondidas e descobre que foi enganada. A partir desse momento, Sophia volta para casa sofrendo e revela os fatos para seus pais.
Passado algum tempo, Sophia revela que está grávida, e para lidar com isso, a família, então, para proteger seu nome, afinal, ela é filha de um simples comerciante que trabalha muito, alcança sucesso em seu trabalho e deseja a ascensão social, é levada para longe e tudo é arranjado para que ela dê a luz, a criança seja doada, e ela possa voltar a sua vida sem ter sua honra arranhada diante da sociedade. Tudo foi muito bem arranjado, para que James pudesse ter notícias da criança mas sem ter ligações com ela.
Porém, nem tudo acontece do jeito que se previu, com isso, Sophia acaba falecendo no parto e o enredo a tomar forma. Com os dois pais mortos, a criança adotada e sua origem escondida de todos, sendo de conhecimento apenas de Anne e James, um segredo escandaloso ocultado e que nunca deve ser revelado. Os outros avós da criança, os pais de Edmund, não tem conhecimento de nada além do flerte que lhe fora relatado de seu filho com a mocinha Trenchard, sem herdeiros diretos vivos, sem motivos para ser feliz.
Vinte e cinco anos se passam, as famílias Trenchard e Bronckenhurst voltam a se deparar uma com a outra, James está mais bem sucedido em seus negócios e com isso consegue alguns convites para participar de eventos sociais nos salões de casas como as dos Bronckenhurst. E é nesse ponto, através da dó e empatia, que as coisas começam a mudar, segredos são desenterrados, nomes e honras podem ser comprometidos, intrigas do passado podem ressurgir e as coisas podem se complicar...
Não vou contar mais sobre a premissa, se você quiser descobrir o que aconteceu, terá de ler o livro...
[Minha Opinião]
Diferente da maioria dos romances de época que tenho lido atualmente, mas que me conquistou bastante, é assim que posso definir Belgravia. Uma história que foge do tradicional clichê das cenas quentes entre os mocinhos e suas adoráveis damas até o momento em que são aceitos e se casam, esse livro é diferente, ele traz em seu enredo um motivo para ruina e escândalo escondido a sete chaves. Que aborda a ganancia, a frieza, a disputa, a arrogância e a capacidade de inveja e crueldade do ser humano. É isso o que o leitor encontra em Belgravia. Bem como, famílias destruídas pela dor e pelo engano. Nos deparamos com seres humanos e os erros que estes comentem, com julgamentos prévios sem chances para serem explicados no momento que deveriam.
O autor trouxe uma proposta adorável e conseguiu desenvolver muito bem o que propos. A família Bronckenhurst tem um sobrinho, ganancioso e que conta com a herança antes de herda-la, que nunca se preocupou em trabalhar para merecê-la, tendo seu Pai como o principal fomentador desse jeito de ser, um homem que acha que a natureza foi cruel por ele ser o segundo filho e por isso não ter tido direito a herança que naquela época pertencia ao primeiro filho.
Bem, como disse, esse não é um romance de época qualquer, ele tem uma história muito diferente e muito gostosa de se desvendar. Confesso que desde o início fui desenvolvendo minhas teorias, o autor não faz muito mistério, isso faz com que a gente consiga desvendar facilmente os acontecimentos, mas o gostoso mesmo é ver como eles se revelam para os personagens.
Com um toque de intriga, já mencionado, algumas confusões, segredos, personagens queridos e outros odiados, segundas chances e recomeços, Belgravia é um livro para quem procura um romance de época mais focado no renascimento de uma família e a verdade que as vezes nosso ego não nos deixa enxergar.
Eu me apaixonei por esse enredo, por ele fugir dos tradicionais atuais romances de época, e por remeter a novelas. Enfim, recomendo muito esse livro para quem quer se aventurar em épocas mais remotas. O autor nos apresenta bem os detalhes e cenários, mas sem exagerar nas descrições o que é perfeito e nos transporta para a história.
Confesso que odiei alguns personagens, mas é normal, não é? – risos. Como foi o desfecho? Final feliz ou não? Ah, não conto! Descubra lendo...
Quanto a edição, está LINDA! Amei a capa, os detalhes nas páginas, os detalhes na mudança de cada ponto de vista (O livro é narrado por vários pontos de vistas e isso o deixou maravilhoso, acredite!), contando com as minhas adoradas páginas amareladas, tamanho de fonte adequado para leitura, uma boa revisão (encontrei alguns errinhos mas nada que se destaque ou atrapalhe a leitura). A escrita do autor flui com muita facilidade e faz com que você leia o livro rapidamente, você quer desvendar os fatos e isso vai leva-lo a ler sem parar.
Bom, é isso! Recomendo a leitura, é gostosa, um pouco real – no quesito do que o ser humano é capaz e de como podemos errar, as vezes – vale a pena conferir!
A Intrínseca, agradeço muito a oportunidade de poder ter apreciado está obra, a confiança de nos enviarem um exemplar para leitura e os mimos que com ele vieram, muito obrigada! Peço desculpas pela demora em postar a resenha, mas agradeço de verdade, por ter conhecido essa obra.
[Quotes]
O passado, como já foi dito tantas vezes, é um país estrangeiro no qual as coisas eram feitas de forma diferente. Isso pode ser verdade – de fato, evidentemente é verdade quando se trata de moral ou de costumes...
Havia momentos em que Anne Trenchard ficava irritada com os filhos. Eles sabiam muito pouco da vida, apesar do ar de superioridade. Tinham sido mimados desde a infância, estragados pelo pai, até que ambos tomaram a própria boa sorte como garantida e mal pensavam nela. Eles não sabiam nada sobre a jornada que seus pais haviam empreendido para atingir a posição atual, enquanto a mãe se lembrava de cada mínimo passo em terreno pedregoso.
Peregrine olhou para ele, mas não respondeu. Nunca gostara de seu irmão Stephen, nem mesmo quando eram crianças. Talvez fosse por seu saudável rosto rosado. Ou pelo fato de que ele chorava muito, demandando atenção infinita. Houve uma irmã depois dos meninos, mas lady Alice não tinha nem seis anos quando foi levada pela coqueluche. Como resultado, Stephen, que era apenas dois anos mais novo que o irmão, tornara-se o bebê da família, um papel que sua mãe acabou incentivando bastante.
Por que, por um erro de nascimento, Peregrine morava em um local tão esplêndido, enquanto ele tinha que se contentar com uma casa apertada e suja? Não era de admirar que apostasse, pensou Stephen. Quem não apostaria se a vida tivesse lhe dado um golpe tão amargo?
Até mais ver!
Resenhista: Ana Luz.
site: http://livrosetalgroup.blogspot.com.br/