Cami @leiturizar 08/10/2017Diferente! Não melhor e nem pior.O velho Sr. Pottisworth é uma figura memorável, sabe que Matt e Laura McCarthy estão só aguardando sua morte para se apossar da Casa Espanhola e com isso, finge que está doente e caduco afim de receber as falsas paparicações do casal, que não esperava que, com a morte do velho (calma gente, não é spoiler, está na sinopse, continue lendo por favor) estariam longe de herdar o casarão, pois ele a deixa de herança para uma parente distante.
Isabel após perder o marido, se vê obrigada a largar sua posição de primeiro violino na Orquestra Municipal e assumir as rédeas da casa que, passados alguns meses, descobre que terá que se desfazer também da sua vida em Londres e é nesse momento que se depara com uma casa no campo deixada como herança para si e então pega seus filhos, Kitty e Thierry e se mudam para lá.
"Eram esses os momentos que faziam tudo valer a pena, que lhe davam a impressão de que ela o recuperara. Que tudo no passado havia sido uma distorção."
Sabe aquela expressão que as pessoas usam: "Fulano vive no mundo da lua"? Então ela se encaixa perfeitamente para Isabel Delancey, que, ao invés de usarmos o termo original, pode ser facilmente substituído por: "no mundo da música".
Para começar, tenho que dizer que essa história é totalmente diferente dos livros amorzinhos já publicados da autora. Não tem nada e romance, pelo contrário, o livro fala claramente sobre a ganância, cobiça, traição e vingança, de modo que o romance em si fica para último plano. Talvez seja por isso o meu susto inicial.
"Ele a amava se ela dormia em cima do café da manhã porque tinha passado a noite em claro tentando aperfeiçoar os compassos finais de alguma sonata. Ele a amava mesmo quando, mais uma vez, a refeição que ela preparara ficava esturricada e sem gosto. Ele a amava quando passeavam de braços dados em Primrose Hill e ela tentava cantar para ele suas peças musicais favoritas, substituindo o baixo e a tuba por movimentos desfreados dos braços. Ele a amava."
Como Isabel sempre foi mais focada em sua música do que na família e o que o próprio marido fazia, se viu totalmente as cegas com a reforma que Matt se propõe a fazer e não percebeu o superfaturamento de que lhe era imposto.
Basicamente o livro gira em torno do velho casarão e do que pessoas ambiciosas são capazes de fazer para alcançar seus objetivos.
Os capítulos são variados de médio a longo e é como se estivéssemos em uma montanha-russa, a história vai crescendo, crescendo, subindo, subindo, para depois descer num baque só, dando uma rasteira no leitor. Conheci um lado totalmente ousado da autora da qual gostei muito. Jojo mais uma vez se mostrou uma ótima contadora de histórias onde encontramos personagens muito reais que podem ser facilmente comparados com pessoas que conhecemos.
"Por que você não conseguiu ser grato por estar comigo?, perguntou ela a Matt em silêncio. Por que eu não bastei para você?"
Um dos personagens na qual foi notório o crescimento é Byron Firth. Achei que o cara seria uma ameba o livro todo, mas fui surpreendida quando ela o desenvolveu. Gostei muito das proporções até onde ele chegar. Já Isabel foi um misto de amor e ódio.
Apesar do romance em si ser quase nulo, o livro tem muita consistência e quase não tive problemas com a escrita. Encontrei pouquíssimos erros e a capa está sensacional, de modo que todo o projeto gráfico faz jus a história.
Recomendo a obra para aqueles que gostam de se surpreender com outros lados do autor e que apreciam histórias sem muito mimimi.
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