Ponciá Vicêncio

Ponciá Vicêncio Conceição Evaristo




Resenhas -


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Alê 25/10/2023

"Ponciá Vicêncio, elo e herança de uma memória reencontrada pelos seus, não haveria de se perder jamais, se guardaria nas águas do rio"
Certa vez, assisti uma palestra da Conceição falando sobre as pessoas sempre cobrarem dela histórias felizes. Ela, decididamente, respondeu que ela escrevia sobre o que vivia e o que via, por isso as histórias que tocam tão profundamente no nosso interior.
Ponciá Vicêncio, como os outros livros de Conceição, retrata a vida das pessoas negras. O livro traz diversas temáticas importantes, como: a exploração dos negros na cidade e na zona rural, da indiferença da igreja e das pessoas da cidade com as pessoas em situação de rua, do analfabetismo, da prostituição e da força da mulher. O livro traz tudo isso e ainda evidencia a questão emocional da protagonista.
É uma obra muito fortte, assim como as outras de Conceição Evaristo que escreve sempre magnificamente.
O livro conta a história de Ponciá e de sua família, focando nela, em sua mãe e em seu irmão com partes intercaladas do ponto de vista de cada um. Uma narrativa bastante necessária e atual nos dias de hoje.
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queque 25/10/2023

Somos o ontem, o hoje e o amanhã
Quando comecei a leitura não sabia o que me esperava e encontrei o que eu mais precisava: humanidade. estamos perdidos dentro de nós mesmo a todos os instantes, quem somos? o que queremos ser? nossos laços, nossas histórias são a nossa base para a construção de quem somos: humanos que transbordam sentimentos e nem sempre sabem o que fazer - deixar transbordar ou esconder?
todos somos um pouco ponciá, um pouco seu irmão, sua mãe. não existem vilões ou mocinhos, apenas humanos trilhando os seus caminhos e no meio disso tentando entender quem somos.
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Stella F.. 16/10/2023

Uma herança misteriosa!
Ponciá Vicêncio
Conceição Evaristo - 2017 / 120 páginas - Pallas

“Em meu enlevo por parentes, há uma parenta da qual eu gosto particularmente. Essa é Ponciá Vicêncio. Entretanto, nem sempre gostei dela. Não foi amor à primeira vista. [..] Resolvi então ler a história da moça. Ler o que eu havia escrito. Veio-me à lembrança o doloroso processo de criação que enfrentei para contar a história de Ponciá. Às vezes, não poucas, o choro da personagem se confundia com o meu, no ato da escrita. Por isso, quando uma leitora ou um leitor vem me dizer do engasgo que sente, ao ler determinadas passagens do livro, apenas respondo que o engasgo é nosso.” (Falando de Ponciá Vicêncio, posição 56)

Ponciá nos é apresentada lembrando de sua infância, e ficamos logo sabendo de seu medo de arco-íris. Há uma lenda que diz que menina que passasse por baixo dele, viraria menino. Somos apresentados à sua família, pai, mãe e irmão. A mãe era bastante supersticiosa e o pai era mais aberto. Havia um mistério em torno de Ponciá e seu avô. O avô Vicêncio não tinha uma das mãos e vivia escondendo o braço para trás. E logo menina de colo sabe de uma herança que o avô deixou para ela. A menina custou a andar, parecia que não queria, mas um dia resolveu descer do colo e já saiu andando como se estivesse treinada, e com os trejeitos imitando o avô: braços escondindos nas costas e mão fechada como se fosse cotó. O pai de Ponciá sabia as letras, aprendeu na casa dos brancos, mas não sabia juntar as palavras. Ele era filho de escravos, e todos tinham o nome do dono: Vicêncio. Ponciá detestava o próprio nome. Desde criança gostaria de ter outro. Ia para a beira do rio gritar seu nome, e sentia que ele não fazia parte dela, não lhe pertencia. Sem um nome que a fizesse sentir nominada, ela permanecia vazia, se sentia um nada, não existia. Mas, mesmo assim, ajudava a mãe nos trabalhos manuais, a pegar o barro no rio e ajudar a mãe a fazer esculturas, panelas e potes. Ponciá era boa no trabalho com argila. Ponciá aprendeu a ler.

No presente, Ponciá está sempre alheia, lembrando do passado, com seu olhar vazio. Ela um dia decidiu sair de casa para tentar melhorar de vida, após a morte do pai, e não conseguiu, vive na pobreza e sente falta da mãe e irmão que largou para trás.

Conforme vamos avançando na leitura os demais personagens que antes era irmão e mãe e homem, vão sendo nomeados e sabemos que o irmão está pertinho dela e nunca se encontraram. Esse irmão trabalha em uma delegacia, e temos o personagem do soldado Nestor que o ensina a escrever e ele, assim como Ponciá retorna à sua terra para tentar saber de seus parentes, e encontra com a rezadeira, e ela diz que ele não será soldado e ri dele. Ele então retorna para a cidade, mas deixa um bilhete para essa mulher entregar à mãe ou irmã se elas retornarem pedindo notícias. A mãe também está no movimento de ir embora em busca dos filhos, sente um vazio sem eles. Mas a curandeira diz que ainda não é a hora e entrega o bilhete com o endereço do filho. Nesse meio tempo o irmão passeando com o colega da delegacia entra em uma exposição e vê trabalhos em barro e os identifica como sendo dos parentes, e lá está o nome da mãe, Maria Vicêncio, que pela primeira vez é nomeada na narrativa. Alguém a nomeou já que não sabe ler nem escrever. O filho, Luandi, também só é nomeado a partir de quando começa a ler e escrever. A mãe vai ao encontro do filho, e chegando na estação, o soldado Nestor a reconhece, lhe parece familiar, então ele sabe que esses encontros não são por acaso, aconteceu justo em um dia que estava de serviço na estação. Mãe e filho se reencontram e para ficarem felizes, só falta a irmã. O irmão está triste porque perdeu sua amada Beliza, uma prostituta que ele amava muito, apesar do amigo Nestor, achar que ele não devia se apegar a essa mulher.

Ponciá começa a ter comichões nas mãos e ausências cada vez maiores, e um dia resolve que precisa estar perto do rio, e o marido, seu homem, a segue. Chegando à estação de trem, há um soldado negro, o irmão, que está fazendo o seu primeiro trabalho, agora como soldado e não mais varredor da delegacia. E lá ele vê de longe alguém que se parece com ele, e com o avô e identifica sua irmã. Chama a mãe e o encontro é emocionante E ao final a herança do avô vai se cumprir. Ponciá está cada vez mais parecida com ele, e vai através do seu trabalho juntar passado e presente, história suas e dos ancestrais, realidade e fantasia.

“Descobria também que não bastava saber ler e assinar o nome. Da leitura era preciso tirar outra sabedoria. Era preciso autorizar o texto da própria vida, assim como era preciso ajudar a construir a história dos seus. E que era preciso continuar decifrando nos vestígios do tempo os sentidos de tudo que ficara para trás. E perceber que por baixo da assinatura do próprio punho, outras letras e marcas havia. [..] A vida era a mistura de todos e de tudo. Dos que foram, dos que estavam sendo e dos que viriam a ser.” (posição 1149)

Um livro excelente, instigante e muito bonito que fala de família, dos afetos, do tempo, do passado e futuro, fala da exploração desde tempos vindouros dos negros, escravos e da apropriação de terras pelos brancos. E o peso do nome Vicêncio usado pela família por várias gerações, demarcando para sempre o jugo dos brancos, mas não a subserviência, mas apenas a sobrevivência.

O posfácio de Maria José Somerlate Barbosa é muito explicativo da escrita e das escolhas da autora, e nos fala das características da narrativa e da autora que escreve como se fosse poesia e de maneira delicada sem passar panos quentes em questões tão prementes e atuais. Recomendo!



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Mgab.s 15/10/2023

Ler Conceição Evaristo é sempre um presente, cada leitura eu fico mais encantada pela escrita e mais difícil é parar de ler. E ler Ponciá Vivêncio não é diferente, uma história tão próxima e tão distante.
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Tatiana335 09/10/2023

Ancestralidade
Quantos não se veem nessa personagem! Incrível e real de muitas formas, pena que termina, queria ler mais!!!
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Kakau 09/10/2023

Bom
O livro é bom, a escrita te mantém nela e quem escreveu soube abordar bem alguns assuntos e tópicos que são tratados na história.
Temos uma boa visão do ponto de vista dos 3 personagens principais, assim conseguimos compreender melhor a história.
Foi uma boa leitura
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Carol 08/10/2023

"Os dias passavam, estava cansada, fraca para viver mas coragem para morrer também não tinha ainda."

Que história! Enquanto lia ia observando diversas questões sociais sendo apresentadas ali na escrita de Conceição, o próprio sobrenome da protagonista já é uma denúncia a "herança" da escravidão, e para além dessa são colocados assuntos super atuais infelizmente. Fiquei feliz pelo final, apesar de alguns fatos ... em alguns momentos também lembrei das obras do Itamar, o rio, a terra, o descaso da igreja, família enfim diversos assuntos.
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Nick.Camps 07/10/2023

Leitura obrigatória pro Enem
A história conta sobre Poncia Vicenzo, alternando entre seu presente e seu passado. Pode parecer uma história sobre uma família que é descendente de ex escravos e seu cotidiano depois disso, mas é muito mais profundo, talvez até espiritual.
Existem vários pontos fortes que te faz pensar no significado de cada reflexão.
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Vinicius 07/10/2023

A tocante história de Ponciá...
Carregando em sua escrita uma sensibilidade única, Conceição Evaristo consegue transmitir ao leitor todos os medos, dores e esperanças de Ponciá Vicêncio, personagem de seu livro de mesmo nome.

A história que contada em tempo desconhecido, mas de fácil identificação pela menção ao trabalho escravocrata vivenciado pelo pai, irmão e avô Vicêncio, nos mostra uma jovem nascida e criada na periferia que carrega consigo mesma uma sede de viver e de mudar sua realidade.

Ao longo da obra acompanhamos as andanças de Ponciá e de seu irmão, Luandi, pela cidade grande, o que causara desencontros e desesperanças vividos pelos irmãos Vicêncio.

A sensibilidade e a peculiaridade de Conceição Evaristo está na sua escrevivência, ao qual a autora diz trazer em sua literatura as muitas histórias ouvidas por ela de seus parentes dentro e fora de casa. E, talvez, é exatamente isso que faz das obras de Conceição se tornarem únicas, fazendo o leitor se aproximar tanto de seus personagens.

"Ponciá Vicêncio" faz exatamente isso, nos sensibiliza pela sua delicadeza, por ser uma história de muitas outras "Ponciás" existentes por aí, carregada pelas dificuldades de uma sociedade hierárquica e de preconceito estrutural, mas que carrega no fundo, a ingenuidade, a força de uma mulher negra em meio aos obstáculos perante a vida.
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Fabricio.Macedo 07/10/2023

Segunda leitura de Conceição Evaristo. Maravilhosa! Conceição e a leitura. Ponciá Vicêncio me pegou por ser uma memória. Lógico que bem mais que isso. Saber, conhecer, sentir a vida, a história de uma família negra e pobre, suas lutas cotidianas me instigaram a todos os dias avançar nessa leitura. O texto flui de maneira que se quiséssemos o terminariamos em um dia. Os eventos nos despertam esse interesse. Um texto muito interessante.
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CAcera3 01/10/2023

Um abraço literário
Ponciá Vicêncio conta a história de uma família que vive no profundo interior do Brasil onde suas perspectivas de vida são duramente limitadas. Nossa protagonista, que dá nome ao livro, cresce nesse lugar e em determinado momento tem desejos de buscar outros horizontes. Essa história de êxodo rural pode parecer corriqueira e banal, mas o que a autora faz aqui é nos contar histórias dolorosas através de uma escrita imensamente sensível.
Esse livro me lembrou uma leitura anterior que foi a de Torto arado, porém além dessa ter sido escrita e publicada antes do grande sucesso de Itamar Vieira Jr, aqui não temos uma narrativa épica como nesse outro livro. O ambiente é semelhante, bem como seus personagens, suas dores e até o tom místico. Porém Conceição Evaristo tem um jeito doce de contar, um ritmo manso que te envolve e traz a sensação de atravessar uma cortina que te leva para dentro de uma casa de barro com vista para o rio.
Apesar de curto, o livro não me deu vontade de lê-lo rapidamente, pois as palavras são tão bem escolhidas, tão sincronizadas que parecem te abraçar a cada linha que se lê, e eu enquanto leitora muitas vezes me vi estacionada nesse abraço literário, ora sorrindo, ora chorando e sempre torcendo por Ponciá e sua família.

?O humano não tem força para abreviar nada e quando insiste colhe o fruto verde, antes de amadurar. Tudo tem o seu tempo certo. Não vê a semente? A gente semeia e é preciso esquecer a vida guardada de debaixo da terra, até que um dia, no momento exato, independente do querer de quem espalhou a semente, ela arrebenta a terra desabrochando o viver. Nada melhor que o fruto maduro, colhido e comido no tempo exato, certo.?
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Lalu 30/09/2023

Ponciá Vicêncio
Um dos melhores livros q já li na vida, sem pensar duas vezes. O livro é perfeitamente pensado, arquitetado, e traz recortes cirúrgicos de uma realidade q ignoramos. São tantos os fatores abordados nesse livro, tantas críticas sociais. Racismo estrutural, e tudo q vem com ele, machismo, violência doméstica, resquícios escravocratas na sociedade atual, hierarquias sociais, desigualdades em todos os aspectos sociais e econômicos, etc. Tudo nesse livro me encantou, mas principalmente o cuidado com q foi escrito, a atenção dada à cada personagem, a visão de q ninguém é 100% bom ou mau, e sim humano. A escrita é envolvente e leve, e em muitos momentos se assemelha a uma poesia. Esse é o tipo de livro q eu recomendaria até pra minha sombra, e q pra mim toda e qualquer pessoa deveria ler. Simplesmente sensacional.
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Vanderson.Alves 22/09/2023

Poncia tem um lugar reservado no meu coração, como sua escritora, Conceição Evaristo. A história da família de Poncia é marcada por perdas e acontecimentos que fazem o que fazem com um ser humano como nossa personagem principal. A vida dura de um pobre nunca é fácil, principalmente se você não tem forças mentais para lutar. Esse livro me cativou e acredito que te cative também.
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Gabriela 21/09/2023

Uma leitura profunda
?Ponciá Vicêncio? é um romance de formação em que o nome da protagonista entitula o livro.

Ponciá é uma jovem mulher negra, nascida na roça, que decide ir para a cidade em busca de uma vida melhor. A narrativa se inicia com Ponciá criança, conta alguns acontecimentos de sua infância e sua relação misteriosa com seu avô. Quando Ponciá vai para a cidade, a história intercala presente e passado, as vivências da Ponciá adulta com as da Ponciá criança, tentando descobrir qual é a herança que seu avô deixou para ela.

É uma história sobre busca da própria identidade, sobre como a história dos antepassados de Ponciá atravessa sua vida presente. A relação com a terra de origem, com a família e com a arte são alguns temas importantes, assim como a solidão.

Me emocionei do início ao fim com a trajetória de Ponciá e, também, de sua família, indispensável para a narrativa. Uma mulher negra que, mesmo liberta, ainda colhe as dores de um passado escravocrata, mas que busca um futuro verdadeiramente livre.
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