Gisele @abducaoliteraria 25/07/2019ainda não compreendo o porquê nunca dei a atenção que este livro merecia. Alguns amigos já haviam lido e recomendado, mas por algum motivo eu não me senti convencida. Não existe surpresa melhor do que você iniciar uma história de forma despretensiosa, sem esperar muita coisa dela e acabar se surpreendendo. Foi exatamente o que aconteceu com O Último dos Magos.
Vamos começar falando da cereja do bolo: viagem no tempo. Já nas primeiras páginas dá para sentir o quanto a história será complexa, afinal mexer com o passado gera consequências. Esta é uma ladra talentosa, mas além disso ela também faz parte dos Mageus, uma linhagem de mágicos quase instinta, que vive à sombra da sociedade. Ela tem o dom de desacelerar o tempo, mas com a ajuda de artefatos mágicos ela é capaz de viajar através dele. É dessa forma que ela luta contra a Ordem, a organização responsável pela quase extinção dos Mageus. A Ordem também foi a criadora da Beira, uma espécie de barreira invisível que os encurralam em Nova York, e atravessá-la significa perder os seus poderes, parte de quem eles são.
Entre idas e vindas no tempo, Esta faz parte de um grupo que tenta reunir objetos poderosos, que podem ajudar no combate contra a Ordem. Entretanto, o artefato principal só foi visto uma única vez, em 1902, nas mãos de um mago poderoso. A tarefa a princípio parece clara, "Encontre o mago. Roube o livro. Salve o futuro.", mas ela se mostrará muito mais sinuosa no meio do caminho.
"(…) Os mentirosos são os melhores magos. E ele, por acaso, era excepcional".
Acho que o que mais me pegou de verdade dentro da história foram os personagens, meu grande ponto fraco. Para o meu deleite, me vi diante de diversos personagens bem apresentados, com potencial para desenvolvimento. Nenhum deles é confiável de verdade. Cada um tem a sua motivação individual, ao mesmo tempo que eles precisam trabalhar em equipe para conquistar seus objetivos, mas quem se sairá melhor no final é uma grande incógnita.
O sistema de magia também é bastante interessante, mas sinto que ele ainda não foi devidamente explorado. Cada Mageu possui um dom específico, ou como é chamado no livro, uma afinidade. Outro Mageu consegue sentir quando alguém por perto está utilizando magia através da afinidade, mas ele não consegue saber especificamente que tipo de dom é. Há até mesmo alguns mistérios sobre os dons de certos personagens e tentar adivinhá-los é muito instigante.
Além da já citada viagem no tempo, aqui você também encontrará artefatos mágicos, brigas entre gangues e muitos assaltos. O cenário da Nova York do início do século XX é muito obscuro, principalmente quando nós voltamos nossos olhos para a parte sombria da cidade, onde a maioria dos Mageus se refugiam.
"Vida e morte, dois lados da mesma moeda".
O livro possui quase 600 páginas, mas não parece. A escrita da autora flui muito naturalmente e eu me surpreendi com o quão rápido realizei a leitura. Talvez a minha única ressalva seja a respeito dos personagens serem jovens demais, porque com 17 anos é praticamente impossível ser tão experiente e foda, mas isso eu até consigo relevar (afinal a imaginação é minha, então eu dou a eles a idade que eu quiser). O final, além de ter explodido a minha cabeça, também deixou um incrível gancho para a continuação, que me deixou bastante ansiosa para conferí-la.
Essa é uma aventura que promete te surpreender em diversos momentos. Depois de finalizar o livro, me senti ainda mais indignada por ele não possuir o seu merecido hype por aqui. A leitura entrou para minha lista de favoritas do ano, então não cometa o mesmo erro que eu de ignorar essa recomendação: leia esse livro!
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