LetAcia.LutiA 09/07/2021
Em "Tudo aquilo que eu não disse" iremos passar por diferentes linhas temporais, onde em 1973 conheceremos Tina Craig e em 1939 a Chrissie Skinner. As histórias dessas duas mulheres irão se conectar apesar do tempo que existe entre elas.
Tina é jovem, educada e doce. Durante a semana trabalha em uma empresa datilografando e aos sábados faz trabalho voluntário em um brechó. Além disso é casada com Rick, porém vive um relacionamento completamente abusivo.
Rick é um homem repulsivo, alcoólatra, completamente violento, viciado em apostas e acaba gastando praticamente todo o salário da esposa. Por medo e por sentir que ainda o ama, Tina não consegue deixa-lo, mas está disposta a tentar.
Por um acaso, Tina acaba encontrando no bolso de um paletó uma antiga carta que por algum motivo nunca fora postada. Movida pela curiosidade ela acaba abrindo a carta e descobre que foi escrita por Billy para Chrissie, em 1939, e emocionada pelo enredo decide que Chrissie irá receber essa carta de um jeito ou de outro.
Chrissie era linda, gentil, caridosa, filha de um médico com uma parteira, trabalhava ajudando seus pais nos procedimentos e em o que mais fosse requisitada. Seus pais sempre foram muito rígidos e conservadores, principalmente seu pai, mal deixando a filha sair de casa. Em uma certa noite Chrissie consegue escapar e ir em uma festa com sua amiga, onde acaba conhecendo Billy.
Billy é um rapaz bonito que sempre atrai olhares por onde passa, vem de uma família humilde, educado. Eles vivem uma paixão avassaladora, mesmo que o pai de Chrissie o desaprove. Infelizmente a guerra inicia e Billy descobre que foi convocado na mesma época que Chrissie descobre estar grávida dele. Ele deixa uma carta para ela, carta essa que nunca encontrou seu destinatário e agora se encontra nas mãos de Tina, anos mais tarde.
Foi incrível ver as linhas temporais se conectando. A autora soube usar de uma sensibilidade incrível para abordar o relacionamento abusivo de Tina e Rick, que foi impossível ler as páginas e não me emocionar. A dor e a angústia de Tina são palpáveis, tudo o que eu queria era poder entrar no livro e protege-la.
Tirando a menção da segunda guerra que realmente houve, a narrativa não é baseada em fatos reais. Mas sabemos que casos como esse infelizmente acontece, e devemos incentivar cada vez mais e mais as mulheres a denunciar e criarem coragem para abandonarem esses relacionamentos.
Kathryn também soube contextualizar muito bem o impacto da 2ª Guerra Mundial na vida dos personagens, as regras morais da época e a constante tensão vivida pelos personagens antes da guerra.